Cineclube no Cariri será aberto hoje com nome em homenagem ao Cego Aderaldo

Reconhecido pelo talento para música e poesia, ele rodava o sertão projetando filmes, mesmo sem poder enxergá-los

Legenda: Cego Aderaldo costumava narrar, ao som da viola ou da rabeca, a história a que o povo estava assistindo
Foto: Divulgação/Secult-CE

Aderaldo Ferreira de Araújo nasceu em 1878, no Crato. Quando completou 18 anos, ficou cego. A perda de um sentido nunca o impediu de trabalhar com o que mais amava: as artes.

Cego Aderaldo, como ficou conhecido, tocava viola e fazia repentes. Foi esse talento que o tornou famoso. Mas os mais atentos à biografia do artista sabem da sua paixão pelo cinema.

Rosemberg Cariry conta essa história em detalhes:

"Sua trajetória como 'cinemeiro', acompanhado de um velho projetor Pathé-Baby e de sua companhia de crianças, tornou-se lendária. Os filmes eram vistos e memorizados pelas crianças (seus filhos de criação), que lhe contavam a história vista nas fitas, com os tempos de duração de cada cena. Dessa forma, quando o filme era projetado para o público, Cego Aderaldo podia narrar, ao som da viola ou da rabeca, a história a que o povo estava assistindo", escreve Cariry.

O nome do artista foi escolhido para denominar um novo cineclube do Cariri. Nesta quinta-feira, às 18h, no Pequeno Palco do Centro Cultural do Cariri, será realizada a primeira exibição. O responsável pelo projeto é Elvis Pinheiro, um mediador de cinema, assim como Cego Aderaldo também foi.

"Entre os filmes que ele passava, estava 'Paixão de Cristo'. E era uma mediação impressionante. Eram filmes mudos, não tinham som, só tinha o que era contado pelas crianças. Estou orgulhoso de fazer parte dessa homenagem. E ainda mais no mês de junho, quando completo 21 anos de mediação de cinema" afirma Pinheiro.

Veja também

Há um documentário sobre Cego Aderaldo, de 2011, dirigido por Rosemberg Cariry, que será exibido no dia 27 de junho, última quinta-feira deste mês, inclusive com a presença do diretor. Mas, para hoje, na primeira sessão, a escolha é outra. 

"Greta", do diretor Armando Praça, que tem Marco Nanini interpretando o protagonista Pedro, um enfermeiro de 70 anos, gay, que, para viver e amar, enfrenta o preconceito da sexualidade e do etarismo. 

Serviço

Inauguração do Cineclube Cego Aderaldo
Hoje, às 18h, no Centro Cultural do Cariri (Crato)
Entrada gratuita
Antes da sessão, será servido um caldo aos participantes.

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