90 anos da morte do político que realmente mudou a vida de um povo

Para chegar perto do homem público Padre Cícero, Trump ainda precisa comer muito fast food, se sobreviver à dieta rica em sódio e gordura

Legenda: No momento em que o ex-presidente é reconduzido à disputa e passada uma semana do atentado que sofreu, qual outro assunto teria mais espaço no jornalismo Disney brasileiro?
Foto: Shutterstock/Arquivo

Se os conservadores do Brasil realmente se levassem a sério e fossem mais estudiosos da nossa história e literatura, debruçar-se-iam sobre a trajetória do político que comprovadamente mudou a vida do povo sem nunca ter ameaçado a propriedade privada, a máxima das máximas de quem está no campo direito do espectro político.

Mas preferem incensar o Donald Trump à distância de milhares de quilômetros porque sequer visto conseguem tirar com tranquilidade, tamanho o desprezo que o Hemisfério Norte exala pelos poros para com os latino-americanos — a julgar pelo que disse o próprio confirmado candidato do Partido Republicano. Fomos chamados de bandidos.

Mas é de se entender, afinal, no momento em que o ex-presidente é reconduzido à disputa e passada uma semana do atentado que sofreu, qual outro assunto teria mais espaço no jornalismo Disney brasileiro? Cobrimos até casamento de príncipes do Reino Unido!

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Por coincidência, isso acontece justamente nesta semana em que se celebram os 90 anos da morte de Cícero Romão Batista. Agora, enquanto jornalista sediado no miolo do Sertão, cabe perguntar: quem mais fez pela paz e pelo povo, o Padre Cícero ou o Trump?

É ridículo o excesso de cobertura sobre ex-presidente e o apagamento que fazem em relação ao Servo de Deus Cícero Romão Batista. Sim, porque, apesar de toda a oposição e crítica históricas, o Vaticano já o alçou a essa categoria, e a beatificação vem aí.

É questão de tempo. E de justiça. Se Juazeiro do Norte é hoje um polo de educação, industrial, comercial e de serviços, uma cidade crescendo a ritmo chinês (talvez o correto seria dizer indiano), tudo isso aconteceu porque esta pólis começou como um centro de fé e trabalho.

Para quem não sabe, este era o lema do Padim: 

"Em cada casa um oratório, em cada quintal uma oficina".

Neste julho, mais uma vez a cidade está lotada. Muitos romeiros chegaram a pé, enfrentando mais de 500km. Para gente que não transita à padaria da esquina com as próprias pernas, deve ser muito difícil entender isso. Ah, mas o caminho de Santiago de Compostela é tão chique… 

A bajulação e o servilismo das redações envergonham, mas não vencem. Contra oração e trabalho, não há quem possa.

E o Cícero Romão Batista, nascido no Sertão, é um vitorioso.

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