Remake de Elas por Elas: Maria Clara Spinelli descarta rótulo de 'atriz trans' e explica personagem

Atriz foi uma das presentes em coletiva de lançamento da novela, com estreia marcada para 25 de setembro

Legenda: Sete protagonistas ganham destaque no remake de 'Elas por Elas', exibida originalmente em 1982
Foto: Globo/João Cotta

O remake de 'Elas por Elas', baseado em novela original da Rede Globo de 1982, só estreia dia 25 de setembro na faixa das 18h, mas as dúvidas sobre a adaptação, as novas versões das protagonistas e o encantamento pelas sete protagonistas femininas já circulam pela internet há semanas. Nesta segunda (4), o elenco da novela, incluindo atores, escritores e diretores, se reuniram para discutir os detalhes da trama que está por vir.

Maria Clara Spinelli intrepretará Renée e em meio à entrevista foi uma das mais questionadas. A atriz, que é transgênero, encara a primeira protagonista da carreira de 20 anos e representará, também, um marco na TV: a primeira mulher transgênero nas telinhas brasileiras.

Veja o trailer:

Para a atriz, entretanto, o rótulo de "atriz trans" não deve ser utilizado, enquanto o destaque deve se direcionar à trajetória dela ao longo da carreira, que é o que, de fato, "requer destaque". "Como atriz eu acho que a gente devia rever esse conceito de atriz trans. Quando você junta dois adjetivos, você cria um terceiro e vira outra coisa. Deixo de ser atriz e viro atriz trans, e isso acaba me diminuindo diante das outras atrizes. É mais político quando a gente coloca a transgeneridade como uma característica minha, mas não algo que me defina. Sou tantas coisas, isso não me define profissionalmente", explicou, cuidadosamente, quando questionada sobre o assunto.

Quando precisa pensar sobre o tema, Maria Clara explica que tenta enxergar o protagonismo na novela por outra vertente. Segundo a atriz, o trabalho que tem feito se sobressaiu, de alguma forma, para se tornar destaque no remake tão aguardado. "Então, eu me considero uma atriz. Eu penso em fazer bem o meu trabalho, da melhor maneira que eu posso, como a coisa mais importante. Para mim, é o meu trabalho", finalizou sobre o tema. 

Mulheres em destaque

Na novela, criada por Cassiano Gabus Mendes, e, agora, adaptada por Thereza Falcão e Alessandro Marson, Renée (Maria Clara Spinelli) é casada com Wagner, madrasta de Tony (Richard Abelha) e de Vic (Bia Santana), além de irmã de Érica (Monique Alfradique). Trabalhadora, ela precisará reinventar a própria vida quando for abandonada pelo marido. 

Sobre a personagem, Maria Clara elogiou o trabalho feito na novela original e deu destaque para o que tem sido trabalhado na trama reinventada. "A novela não fala só sobre isso, mas também fala, que é a de pessoas transgêneros em meio às narrativas das novelas. Nós estamos colocando a Renée entre personagens maravilhosas e diversas, e isso enriquece tanto todas elas como a prória. A Renée está inserida na sociedade junto dessas outras mulheres", expôs a artista.

As mulheres por ela citadas são as demais protagonistas de 'Elas por Elas': Lara (Deborah Secco), Carol (Karine Teles), Taís (Késia), Helena (Isabel Teixeira), Natália (Mariana Santos) e Adriana (Thalita Carauta), todas amigas, que se reencontram após 25 anos na trama. Renée é uma delas, com dilemas próprios e uma história em paralelo além da grande trama. 

"Ela é uma mãe, uma amiga, uma chefe de família, não é marginalizada nessa história. Ela foi uma mulher amada em seio familiar ao longo da vida e isso, claro, transforma a narrativa da pessoa trans em uma novela. Ela não é uma vítima, ela é mais uma mulher incrível em 'Elas por Elas'", reforçou a atriz.

A força das personagens femininas na novela, inclusive, foi bastante ressaltada ao longo da coletiva, tanto pelas atrizes como pelos escritores, que carregam consigo a responsabilidade de adaptar um clássico das telenovelas. 

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Para Alexandre Marson, um dos encarregados do texto da trama, a história fará jus a quem acompanha a faixa de horário na TV. "O público de novela, especificamente de novela das seis é muito feminino. Ter uma história com sete mulheres, com diversas formações e personalidades de vida, uma gama muito forte de diferenças, e é aí que está o grande espírito dessa novela", opinou o escritor.

Além disso, ele enxerga o cerne da trama como outro grande trunfo. "É uma novela que fala sobre amizade. Acho que é um tema muito caro para todo mundo, muito empático. Quando você é mais jovem, você vê uma história dessa de reencontro e pensa o que acontecerá no futuro. Quando é mais velho, lembra das memórias das antigas amizades. Era um plot muito bom nos anos 80 e continua sendo bom hoje", finalizou. 



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