Sucesso da Netflix, Leandro Hassum conhece a própria audiência, sabe o que faz rir e não hesita ao usar essas informações para cada novo lançamento ao qual se propõe junto da plataforma de streaming. Agora, em 'B.O', série brasileira de comédia policial lançada na última quarta (6) e a primeira dele na plataforma, ele surge em novo personagem e formato, mas com a essência já conhecida do trabalho de anos.
Como Suzano, novo delegado em uma delegacia no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, o ator e humorista incorpora o personagem que encontra um ambiente diferente de trabalho antes distante ou até mesmo inexistente diante da vida pacata que levava.
"Eu sempre fui apaixonado por séries, né? Senti a vontade também de fazer uma série para maratonar que eu estivesse fazendo", explicou Hassum durante entrevista para falar sobre o novo trabalho, citanto a parceria de anos com a Netflix e a relação simbiótica criada com a plataforma.
Justamente pela intimidade de Hassum com o formato, o espectador deve perceber as referências às séries policiais no roteiro e na direção do novo material. É quase impossível não conectar a série brasileira a 'Brooklyn Nine-Nine', por exemplo, sucesso de Andy Samberg que utiliza exatamente o humor em um ambiente tão sisudo como uma delegacia.
Segundo Leandro Hassum, a inspiração para a história de Suzano foi distinta, o que também não impediu de que essas referências fossem adicionadas à história na fase pós-criação.
"A coisa se passa na delegacia, mas em momento algum a gente faz essa série de comédia. A nossa que é como se fala uma 'série policial', porque ela se passa num ambiente de uma delegacia. Acho que poderia ser qualquer repartição pública. A gente lida mais com a burocracia do sistema", aponta o ator e humorista.
A criação de 'B.O', inclusive, ele explica, foi bem diferente de simplesmente se inspirar nas já icônicas desse formato. Hassum revelou, também na mesma entrevista, que a história surgiu como uma simples reflexão para depois ganhar corpo.
"Foi durante o período de isolamento que a gente estava aqui. Vi um cara que foi preso, ele estava fugindo e foi preso por acaso. Um cara viu ele saindo para colocar o lixo para fora, alguém viu e falou assim: 'olha, o cara que vocês estão procurando está aqui'. Era uma cidade do interior do Rio de Janeiro. Daí falei: 'nossa, imagina se um prende um cara por acaso na cidade do interior e vira um herói nacional?', contou o artista.
E assim começa a história de Suzano. Capturando um bandido foragido ligado à máfia dos caça-níqueis, ele é transferido da cidade fictícia de Campo Manso para a capital carioca e precisa lidar com todas as confusões presentes diariamente em uma delegacia de cidade grande.
O elenco escolhido para a série também adiciona um tempero no humor da história quase que esdrúxula do delegado Suzano. Luciana Paes interpreta a inspetora Mantovani, assim como Jefferson Schroeder vive o escrivão Estevão, Babu Carreira segue como a investigadora Inaê Guerra, Taumaturgo Ferreira está no papel de Alcebiades Pardal e Digão Ribeiro surge como o personagem Rabecão.
No texto, a série brinca com cada um dos personagens, fazendo com que eles completem a história de formas diferentes e utilizando o humor de formas distintas para fazer rir o espectador que seguir na série.
O perigo talvez esteja nas comparações que podem surgir. Se para quem escreve com olhar análitico 'B.O' demonstra semelhança com outras produções já consagradas, tudo isso não deve passar despercebido a quem assiste. Ainda assim, o talento entre os artistas envolvidos, a presença do humor brasileiro e o sucesso de Hassum no streaming, já consagrado na Netflix, parecem os ingredientes perfeitos para manter a série por um bom tempo entre o top 10 principal da plataforma.