“As Olimpíadas mais diferentes de todos os tempos”. Na história, talvez esse termo remeta futuramente ao que acontecerá e tudo que antecede a realização de Tóquio 2020. Primeiros Jogos a serem adiados da história, a acontecerem durante uma pandemia, a contarem com uma série de restrições que o momento sanitário exige. Esses são apenas alguns dos pontos. Mas em 33 dias começam as disputas olímpicas que devem representar um marco na história do esporte. Sempre lembraremos dos Jogos realizados em 2021 e espero que por conta da resiliência, capacidade de superação que eles representam e case de sucesso de organização em meio às adversidades.
O fato é que a maioria da população japonesa (57%) segue contra a realização das Olimpíadas no período previsto, entre julho e agosto. A pesquisa mais recente divulgada no último mês pela Kyodo News, maior agência de notícias do Japão, aponta ainda que 87% dos entrevistados temem que o evento provoque um aumento dos casos de Covid no país.
Os organizadores seguem traçando estratégias para garantir a segurança sanitária, e esta semana uma nova versão do playbook - livro de regras e protocolos – foi divulgada. Entre as novidades estão penalidades bastante rígidas para quem não cumprir as determinações. Indo desde suspensão provisória até expulsão do País.
Em estado de emergência desde abril (grande controvérsia dos últimos meses foi caminhar com os prazos olímpicos nessa situação), Tóquio e outras cidades devem sair desse status a um mês do início das disputas, no próximo domingo, dia 20. No País, o número de casos e mortes por conta do coronavírus agora está em queda, mas a vacinação segue a passos vagarosos, tendo atingido índice menor que o Brasil, por incrível que pareça, já que o Japão é uma das grandes potências econômicas do mundo.
Dados do Our Word In Data apontam que menos de 16% da população recebeu ao menos uma dose e 6% está imunizada (com as duas doses). Na tentativa de superar o cenário adverso, a campanha tem sido acelerada nos últimos dias, quando têm sido aplicadas um milhão de doses diárias, superando, inclusive, a média do Brasil (que tem população maior). Em relação aos atletas, a expectativa da organização é que cerca de 80% estejam imunizados. Os brasileiros estarão nesse grupo.
Um dos grandes impactos da pandemia nas Olimpíadas será a ausência de torcedores estrangeiros. 600 mil ingressos para outros paídes já tinham sido vendidos até março, quando foi oficializada a restrição. Diretrizes definitivas sobre como será a permissão para o público local nas arenas, estádios e ginásios ainda devem ser divulgadas.
Um verdadeiro esquema de segurança vem sendo planejado para evitar a proliferação do coronavírus por causa dos Jogos. Entre as medidas está a testagem diária dos atletas. Caso o resultado seja positivo, a pessoa será transportada para um local onde cumprirá isolamento. O Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou que estes atletas não serão desclassificados e em alguns casos poderão até ter a medalha garantida. Por exemplo, em competições de longa duração, como o tênis, o atleta que chegar à final e testar positivo antes da última disputa, receberá a medalha de prata. Cada modalidade terá sua própria organização.
Entre restrições, regras, protocolos e determinações, já podemos iniciar a contagem regressiva para o maior evento esportivo do planeta. Encontro de povos e nações, que apesar de tudo que nos ronda, representa um respiro, uma expectativa positiva de que é possível superar e tentar manter planos e organizações. O que não será diferente? O sentido das Olimpíadas e o que ela representa para atletas, que buscam incessantemente este ápice na carreira, e para o público, que vê inspiração nos heróis esportivos.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.