“O judô que me escolheu.” Desbravar caminhos em um ambiente que era amplamente dominado por homens. Do início nada fácil à conquista de títulos importantes, o caminho foi de desafios para a cearense Yasmim Lima, que leva longe o nome do Estado no judô. Aos 25 anos, a atleta sonha com a primeira participação olímpica. À coluna ela deu mais detalhes sobre o início da carreira e as dificuldades pelo caminho:
Bicampeonato brasileiro (2018,2019), título na primeira competição internacional disputada, que foi o Open Pan-americano (2018)... Yasmim já tem uma carreira vitoriosa. A cearense compete desde os 15 anos na categoria meio-leve (até 52 kg) e apesar da disputa interna por continuar representando o Brasil nessa divisão, pretende seguir firme na classe.
No Grand Slam de Tbilisi, na Geórgia, realizado no último final de semana, a cearense acabou eliminada nas oitavas de final para a atleta húngara, Reka Pupp, que está entre as melhores do mundo. Outras mulheres trouxeram bons resultados na disputa: Mayra Aguiar (78kg) e Ketleyn Quadros (63kg) conquistaram prata e Rafaela Silva (57kg) e Tamires Crude (63kg), bronze.
Essa foi a última competição antes do início da classificação para Paris 2024, que começa na próxima etapa, na Mongólia, entre 24 e 26 de junho.
Para os brasileiros, a “corrida olímpica” tem início na etapa seguinte, entre 8 e 10 de julho, em Budapeste, por escolha da confederação, que avaliou as dificuldades logísticas para se fazer presente.
Yasmim faz parte de um seleto grupo que integra a renovação da modalidade promovida pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Mudar é uma necessidade que precisa ser acelerada, após o pior resultado em Olimpíadas, desde Atenas 2004, em Tóquio 2020, quando o País conquistou dois bronzes, com Mayra Aguiar e Daniel Cargnin.
Também em entrevista à coluna, Marcelo Theotonio , gerente de Alto Rendimento da CBJ, deu mais detalhes em relação ao momento atual do judô brasileiro:
“Sobre o processo de renovação das equipes olímpicas. Ele já vem sendo estruturado em parceria com as equipes de transição e a equipe olímpica, desde a Rio 2016, visando o planejamento pra Tóquio e Paris. Esse programa já trouxe bons frutos pra nós, como a medalha do Daniel, em Tóquio, que fez parte desse programa. Na última seletiva olímpica, nós renovamos próximo de 70% de toda a equipe visando Paris.”
Marcelo destaca a importância do momento de troca entre os atletas de diferentes gerações. Essa mescla de experiências pode ser decisiva para superar o resultado dos últimos Jogos, que o gerente atribui a alguns fatores, como: aumento de competitividade no cenário internacional, desvalorização da moeda local, que gera desequilíbrio, principalmente, no orçamento dos investimentos e a posição geográfica, que, segundo ele, seria limitante, pois tem que se buscar na Europa e Ásia um tipo de treinamento mais qualificado.
Yasmim espera continuar trilhando o caminho, que pode levar até Paris, em 2024 e para continuar fazendo parte da seleção e conquistar resultados ainda maiores, ela promete empenho máximo:
A judoca, natural de Fortaleza, não esquece as origens, inclusive, incentiva o surgimento de novos cearense que possam enveredar pela modalidade. Ela iniciou um projeto social para crianças e adolescentes da comunidade do Reino Encantado, no Álvaro Weyne, onde cresceu e deu os primeiros passos no esporte. E apesar de já morar no Rio de Janeiro há cerca de quatro anos, tenta se fazer presente:
“Adoro ir lá compartilhar o que eu aprendi com eles e mostrar um pouco da minha realidade e que eles podem sonhar e realizar o que quiserem. O mais legal quando eu vou lá é ver aqueles mesmos rostinhos, porque é muito difícil eles se manterem lá.”
Mulher, cearense, representante da típica força nordestina, Yasmim traça grandes metas para continuar levando o nome do Estado Destaca o orgulho de representar o Estado:
Ser referência e inspirar talentos é missão para esse esporte que forma além dos tatames. O Judô é a modalidade que mais deu medalhas olímpicas ao Brasil (4 ouros, 3 pratas e 17 bronzes) e outra importante competição, o Mundial, acontece no 2º semestre, de 6 a 13 de outubro, no Uzbequistão. A disputa será termômetro para esse novo momento pelo qual passa o judô brasileiro.