A vida de um cantor de forró e sertanejo não acontece apenas nos palcos, mas também no mundo digital. As disputas para conseguir uma boa posição em playlists editorais de apps é algo visível nas redes sociais. O forró eletrônico vem atraindo e ocasionando a criação de um mercado que cresce anualmente: a distribuição digital. Nesta quinta-feira (30), uma empresa internacional, em parceria com um selo musical cearense, se apresentaram ao mercado fonográfico.
As distribuidoras digitais são empresas que fazem o intermédio entre o artista e as plataformas de streaming, como YouTube, Deezer e Spotify. Junto aos aplicativos, elas possibilitam a arrecadação de direitos autorais e royalties. A maioria delas disponibilizam ferramentas de marketing, que permitem a inclusão das músicas em playlists especiais, além da criação de páginas de pré-save.
A crescente do forró, entre os anos 2020 e 2021, fez a Alternative Distribution Alliance (ADA) — divisão de distribuição de música da Warner Music Group — olhar para o Nordeste com mais força. Em parceria com a distribuidora digital Potência Music, tendo à frente nomes como Rod Bala na direção artística, eles já somam no casting nomes como Aldair Playboy, Eric Land, Taty Girl e até MárciaFellipe — que deixou a Universal Music para ter conteúdo distribuído pelo novo selo.
Rod Bala e o Ceará são referencias de forró para o Brasil. Foi um caminho natural trabalharmos juntos esse ano. [...] Trabalhamos todos os ritmos no Brasil, do evangélico ao forró. No Nordeste, estamos focados no forró. A nossa ideia nessa união é que possamos entregar uma solução completa para os artistas.
A vida digital dos cantores fica mais fácil quando se tem um trabalho localizado. Atualmente, boa parte das distribuidoras digitais são atreladas a grandes gravadoras existentes em São Paulo e Rio de Janeiro. Por mais que videoconferências encurtem distâncias, nada melhor do que um olho no olho presencial para atender necessidades.
Com uma distribuidora digital em Fortaleza, polo cultural e berço de grandes bandas forró, é possível apostar na revelação de novos nomes no gênero. Muitos cantores "estouraram" na pandemia por meio de aplicativos como o TikTok. O que é ouvido de quem está iniciando uma carreira musical é que poucas são as produtoras que entendem como colocar uma música dentro de um app. É nesse momento que entra o trabalho da distribuidora digital.
É curioso avaliar o atual de cenário de profissionalização do forró conhecendo o mercado musical no Nordeste do início dos anos 2000. Pirateiros e gravadores de áudios de festas distribuíam gratuitamente álbuns. As bandas não lutavam contra, pois ficaram fortalecidas devido ao "serviço" de divulgação.
Naquela época, a forma encontrada para não ir contra os "bons resultados" de divulgação acontecia por meio da distribuição de CDs promocionais encabeçados pelas próprias produtoras das bandas.
É notório que o forró acabou saindo na frente de outros ritmos e hoje é case para outros gêneros musicais no quesito distribuição digital.