O bom momento do audiovisual cearense vivido ao longo de 2024, pode-se afirmar, foi prenunciado pelo Cine Ceará de 2023, edição histórica do festival que teve recorde de exibição de longas-metragens cearenses.
O dado não apenas ressalta a importância histórica do festival, mas também convida a analisar os números da edição deste ano — a 34ª consecutiva da história do evento. Antes de lançar este olhar, vale destacar os contextos anteriores da produção audiovisual no evento e em geral.
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2024 tem sido marcado por conquistas inéditas para o cinema no Estado. Além da celebração simbólica do centenário da produção feita aqui, o período foi de repercussão nacional e mundial de longas cearenses, bem como de, também, recordes de lançamentos comerciais de filmes no formato.
Até aqui, novembro, foram sete os longas-metragens do Ceará que estrearam comercialmente nas salas de cinema de todo o País. Desse total, três foram exibidos no 33º Cine Ceará: “Mais Pesado é o Céu”, de Petrus Cariry; “Estranho Caminho”, de Guto Parente; e “Quando Eu Me Encontrar”, de Amanda Pontes e Michelline Helena.
Os dois primeiros foram apresentados no festival em exibições especiais no evento, enquanto o último compôs a seleção da mostra Olhar do Ceará. Indo além da edição do ano passado, vale lembrar, até, que "A Filha do Palhaço", de Pedro Diógenes — outra estreia cearense de 2024 —, também passou pelo festival, mas em 2022.
É a edição do ano passado do Cine Ceará, porém, que se destaca ao ter sido marcada por uma participação cearense recorde, em especial, no que se refere aos longas-metragens.
O total de obras do formato feitas aqui e exibidas em diferentes mostras do festival chegou a 12 no ano passado. Além dos três longas já citados, também foram selecionadas para o 33º Cine Ceará as seguintes produções:
“A luta de Nzinga”, de Eduardo Cunha Souza; “Amilton Melo - ídolo de todos”, de Ciro Câmara e Vinicius Augusto Bozzo; “Nirez eterno”, de Aderbal Nogueira e Glauber Paiva; “Os maluvidos”, de Josenildo Nascimento e Gislandia Barros; “Represa”, de Diego Hoefel; “Todas as vidas de Telma”, de Adriana Botelho; “Um pedaço do mundo”, de Tarcísio Rocha Filho, Victor Costa Lopes e Wislan Esmeraldo; “Memórias da Chuva”, de Wolney Oliveira; e “O filho único do meu pai”, de Dado Fernandes
A maior parte desses filmes — oito deles — foi então selecionada para a mostra Olhar do Ceará, dedicada a produções do Estado:. Ela, que chegou a ser não competitiva e não acolher longas, foi se fortalecendo como importante vitrine para filmes cearenses a cada ano.
Em 2024, porém, a produção de longas cearenses anunciada para o festival, pelo menos até o momento, será acentuadamente menor em comparação ao recorde do ano passado. Dos 12 longas do Estado exibidos em 2023, o número diminuiu para quatro neste ano. Três deles são da Olhar do Ceará e um participa como exibição especial:
Em resposta à demanda da coluna acerca da diminuição do número de longas cearenses, a diretora de programação do Cine Ceará Margarita Hernández aponta uma "safra menor" da produção nacional como um dos contextos que ajuda a entender o dado.
"Efetivamente teve uma safra menor de longas cearenses inscritos tanto na mostra de longas ibero-americanos como no Olhar do Ceará, mas em geral teve uma safra menor de filmes brasileiros este ano que se explica devido a que sua 'gestação', que é no mínimo de 2 a 3 anos (uma vez captado o dinheiro), coincide com um período de estiagem cinematográfica no Brasil"
Apesar do movimento de queda em relação aos longas, vale ressaltar que o Ceará segue bem representado em geral no festival deste ano: além dos quatro longas elencados, são 20 curtas compondo a Olhar do Ceará — que neste ano ocupa o Cineteatro São Luiz — e mais dois — "Tiramisú", de Leônidas Oliveira, e "Fenda", de Lis Paim — selecionados para a Mostra Brasileira.