Qual o papel do governador Elmano de Freitas nas eleições de 2024?

Em entrevista ao PontoPoder, o petista listou as diretrizes que devem orientar sua atuação nas articulações para o pleito municipal

Legenda: Elmano de Freitas, governador do Ceará
Foto: Ismael Soares

Como o governador Elmano de Freitas (PT) vai se portar diante da queda de braço interna no PT de Fortaleza para as eleições de 2024 é uma das questões que permeia diferentes análises e debates políticos às vésperas de um ano eleitoral. Para além da relação dele com os pré-candidatos do partido, o governador demonstra ter ciência de outros fatores envolvidos nessa articulação, que vão muito além da escolha de um nome. 

Em entrevista ao PontoPoder, nesta quarta-feira (20), ao ser questionado sobre o próprio papel nesse cenário, Elmano listou diretrizes que devem nortear sua atuação como liderança política, não só nas questões que dizem respeito à Capital, como também nas acomodações políticas dos outros 183 municípios cearenses.

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"Governador de muitos partidos"

Não espanta que Elmano inicie a avaliação a partir da base partidária. No domingo (17), uma das marcas do ato de filiação do presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, ao PT foi a presença de nove partidos aliados no palanque. No primeiro ano de governo, Elmano viu a base aumentar, com a soma de opositores na campanha de 2022, como PSD e PSB.

Administrar e acomodar os interesses de aliados é uma costura que passa pelas disputas de todos os 184 municípios.

"Nós somos um governo com muitos partidos aliados. Eu aprendi que nenhum aliado gosta de estar junto com outro partido em que só o outro partido cresce. Então, a primeira coisa é a compreensão de que eu sou governador de muitos partidos. Eu não sou um governo filiado ao PT, eu sou um militante do Partido dos Trabalhadores, mas eu sou governador de mais de dez partidos aliados. E todos esses dez partidos querem crescer. Então nós temos que, com muita tranquilidade, serenidade, dialogar com todos. Nós vamos ter conversas com o PT, nós temos que ter conversa com o MDB, com o PP, com Republicanos, com PSB, com PSD, com o PDT. (...) Tem situações locais que são mais forte do que as relações dos partidos", ressalta Elmano.

Confira a entrevista completa:

"Conflitos não contaminam o governo"

Nessa queda de braço entre aliados no âmbito estadual, o governador defende que se busque construir "o máximo de entendimento" e de respeito entre os adversários. "O nível de uma disputa pode ser um nível elevado, nível de proposta, um nível de apresentação de história de cada candidato e, às vezes, o nível está a um patamar inaceitável. (...) Não dá para ser assim. Há de ter um mínimo de comportamento no relacionamento, mesmo com adversário", pontua.

Outro desafio é deixar claro aos aliados e postulantes a prefeituras, segundo Elmano, de que os conflitos não interferem na relação com a gestão estadual. "A minha missão, primeiro, como governador, é que os conflitos que acontecem na eleição municipal não contaminam o governo. Então, essa é a minha primeira preocupação", destaca.

"O governador tem o mesmo voto que tem outro filiado"

E, claro, há toda a singularidade da eleição na Capital, especialmente com a disputa interna no partido do governador. Para Elmano, a decisão de adiar as definições para 2024 foi "acertada", fazendo o partido "ganhar tempo".

Nesse ínterim, a aposta do governador é garantir o diálogo com os diferentes pré-candidatos e pré-candidatas e poder se posicionar, quando for chamado, com "o mesmo voto que tem outro filiado"

"Eu mesmo devo ter ainda, hoje ou amanhã, uma conversa com a minha companheira Luizianne Lins. Como tenho tido conversa com Evandro (Leitão), como tenho tido conversa com o Guilherme (Sampaio), como vou ter uma conversa marcada com a Larissa (Gaspar), como tenho conversado com Artur Bruno... Para mim, o que importa é que a gente possa tentar, até março, construir um entendimento da candidatura que unifique o PT e que unifique os aliados que poderão estar com o PT. (...) A gente fica discutindo a aliança, o nome do PT, mas o PSD também tem nome para candidatura a prefeito de Fortaleza, o MDB pode ter nome para a Prefeitura de Fortaleza. Os dois partidos tem todo direito de querer ter o nome do prefeito de Fortaleza. Então a primeira medida é ouvir os partidos". 

Esse diálogo, segundo Elmano, também serve para construir o programa de ações que a aliança pretende apresentar ao eleitorado. Daí partirá o nome que vai encabeçar a chapa.

"Aliança tem que ser com base naquilo que um candidato, uma candidata, se propõe a fazer em quatro anos: 'Olha, se eu for eleito ou eleita, eu quero fazer isso aqui como prefeito ou como prefeito'. Vocês concordam? Nós concordamos com essas medidas. Se nós concordamos, realmente, nós somos aliados. (...) Tem gente que acha que a melhor solução é privatizar o hospital, é privatizar escola e entregar para setor privado. Nós achamos que não, que nós temos que aumentar o número de creche pública, aumentar o número de escola pública. Então são visões diferentes. Nós temos que sentar. (...) Vale para Fortaleza, para Maracanaú, para Caucaia... Esse tem que ser o método para todas as nossas cidades, onde nós queremos efetivamente candidatura compromissada com propostas que melhorem a vida do povo", disse Elmano.