Projeto de hidrogênio verde da White Martins no Pecém será 20 vezes maior que operação de Pernambuco

Segundo o presidente da White Martins e da Linde na América do Sul, Gilney Bastos, grupo já está trabalhando “à frente do Memorando de Entendimento”

Legenda: A unidade inaugurada em Maracanaú contou com investimento de R$ 70 milhões, gera 50 empregos diretos e ocupa uma área de 12 mil metros quadrados
Foto: Thiago Gadelha

Com Memorando de Entendimento (MoU) para produção de hidrogênio verde assinado desde 2021, a White Martins garante que a intenção "já saiu do papel" e revela que a planta a ser instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) vai representar a maior operação do grupo no País com o combustível verde.

"Nós estamos trabalhando à frente do memorando, não estamos só no papel, não", disse Gilney Bastos, presidente da White Martins e da Linde na América do Sul, durante inauguração da unidade de envase do grupo localizada em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza.

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A White Martins produz hidrogênio verde em Pernambuco e vai inaugurar, no próximo ano, mais uma planta em São Paulo. A operação de São Paulo deve ser cerca de cinco vezes maior que a de Pernambuco. "São Paulo será cinco vezes maior do que a operação de Pernambuco, mas aqui (no Ceará) vai ser vinte vezes maior ou para lá disso", disse Bastos.

A unidade em Maracanaú tem capacidade de envase de 600 cilindros por dia. No local, são envasados cilindros com oxigênio, nitrogênio, argônio, CO2, misturas e ar medicinal. É a mais moderna do Norte-Nordeste.

Legenda: "São Paulo será cinco vezes maior do que a operação de Pernambuco, mas aqui (no Ceará) vai ser vinte vezes maior ou para lá disso", diz Gilney Bastos, presidente da White Martins e da Linde na América do Sul
Foto: Thiago Gadelha

Uma parte desses gases é para uso industrial, mas o maior volume tem finalidade medicinal, abastecendo clientes como Unimed e Hapvida. Com a concretização do hidrogênio verde num futuro próximo, porém, a unidade de envase deve ter papel estratégico na garantia de infraestrutura do projeto.

"Tem toda relação (a unidade de envase com o desenvolvimento do hidrogênio verde). O que a gente vislumbra é que esses projetos vão sair e, quando sair um projeto, tem que construir toda uma infraestrutura. Para não ficar (prazo) curto. A gente vai poder envasar aqui e fazer a construção dos projetos que vão acontecer, seguramente", diz Bastos.

Influência da guerra

Apesar de ter saído do papel, o desenvolvimento do hidrogênio verde no Ceará esbarra, de certa forma, em um problema de ordem global: a guerra entre Rússia e Ucrânia.

"Eu acho que a guerra atrasou um pouco o desenvolvimento do hidrogênio verde, porque a Europa perdeu o gás natural da Rússia, então eles tiveram que correr para soluções imediatas para as pessoas não morrerem de frio", diz, acrescentando que essa solução inclui "voltar a queimar carvão e a reabertura de plantas nucleares que estavam desativadas", pontua Gilney Bastos.

Legenda: Capacidade de envase da unidade de Maracanaú é de 600 cilindros/dia
Foto: Thiago Gadelha

Como o hidrogênio verde a ser produzido no Ceará vai ser voltado para a exportação, esse cenário tem impacto. Por isso, portanto, não há ainda perspectiva de quando o projeto ficará pronto.

Gilney Bastos pondera, entretanto, que o início do ciclo eleitoral na Europa abre uma perspectiva positiva para a retomada da discussão acerca do combustível verde. "Qual candidato vai se eleger sem ter um projeto ambiental condizente? Então volta a falar um pouco disso".

Unidade de Maracanaú

A unidade inaugurada em Maracanaú contou com investimento de R$ 70 milhões, gera 50 empregos diretos e ocupa uma área de 12 mil metros quadrados, tendo capacidade de ampliar em 33% o envase atual de 600 cilindros/dia. "E, se preciso for, temos terreno para expandir", ressalta Gilney Bastos.

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