De empresas de construção civil a comércio atacadista: Ceará tem 53 negócios em recuperação judicial

Dados fazem parte do Monitor RGF da Recuperação Judicial no Brasil

Legenda: Pedidos de recuperação judicial no Ceará se concentraram em empresas de construção de rodovias
Foto: Diário do Nordeste

O Ceará tem 53 empresas em recuperação judicial, conforme dados mais atualizados (terceiro trimestre) do Monitor RGF da Recuperação Judicial no Brasil. O número representa três a mais na comparação com o segundo trimestre de 2023, quando eram 50 negócios nessa situação, e coloca o estado como o quinto maior do Nordeste em empresas passando por recuperação judicial.

O número de três empresas a mais decorre da entrada de quatro empresas em recuperação judicial e a saída de uma no terceiro trimestre.

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A maior quantidade de empresas em recuperação judicial no Ceará está no setor de construção de rodovias e ferrovias, conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae), com quatro negócios em recuperação judicial. Em seguida, aparece a fabricação de sucos concentrados de frutas, hortaliças e legumes, com três empresas no Estado passando por essa situação.

O comércio atacadista de alimentos possui três empresas em recuperação judicial, assim como o transporte rodoviário de cargas, exceto produtos perigosos e mudanças, intermunicipal, interestadual e internacional.

Nordeste

Os quatro maiores estados do Nordeste quando o assunto é número de empresas em recuperação judicial são Pernambuco (199 empresas); Bahia (147); Alagoas (71) e Rio Grande do Norte, com 62.

Veja a quantidade de empresas em Recuperação Judicial por estado do NE

  • Pernambuco: 199
  • Bahia: 147
  • Alagoas: 71
  • Rio Grande do Norte: 62
  • Ceará: 53
  • Sergipe: 34
  • Paraíba: 30
  • Maranhão: 12
  • Piauí: 8

'Saída estratégica'

O economista Ricardo Coimbra explica que quando uma empresa entra em recuperação judicial, há uma suspensão dos pagamentos e é iniciado um processo de renegociação de dívidas.

"Então isso pode ser uma saída estratégica para algumas empresas, para que elas possam fazer uma renegociação mais significativa do corpo das dívidas, tentar restruturar esses débitos no médio e longo prazo e ganhar potencialidade para recuperar o negócio", detalha.

Na avaliação dele, os números de recuperação judicial no Ceará e no País podem ser explicados basicamente pelos resquícios negativos da pandemia no caixa das empresas. "Durante a pandemia, muitas empresas tiveram crescimento significativo no endividamento. Algumas fecharam, outras permaneceram, porém, muito endividadas".

"Em pouco tempo, a Selic, que em 2020 estava em 2%, chegou a 13,75% ao ano. Isso levou a um número muito significativo de empresas com um comprometimento de caixa", pontua.

Ele arremata que é preciso olhar mais detalhadamente para os dados de recuperação judicial e fechamento de empresas antes de avaliar o que isso diz sobre a situação da economia.

Ele destaca que alguns setores são mais impactados e possuem dificuldade maior de contrair crédito com taxas e prazo mais interessantes, então localidades nas quais predomina esse perfil de negócio podem apresentar números mais elevados.

"Isso é reflexo de uma taxa de juros elevada e acaba refletindo nesse nível significativo de empresas endividadas. Muitas não conseguem sair dessa situação", diz Coimbra, arrematando que, diante disso, gestores de política econômica do País precisam pensar em mecanismos para ajudar esses negócios a estruturarem suas dívidas.

Brasil

Em todo o País, o monitor RGF contabiliza 3.872 empresas em recuperação judicial, sendo a maioria (262) do setor de incorporação de empreendimentos imobiliários. O número representa 49 negócios a mais que no segundo trimestre deste ano, quando 3.823 empresas se encontravam nessa situação.

No terceiro trimestre, 131 empresas entraram em recuperação judicial no Brasil e 79 saíram do processo (foram incorporadas ou encerradas sem pendências, faliram ou voltaram à operação normal).

De acordo com a consultoria RGF, responsável pelo monitor, das empresas que saíram do processo de recuperação judicial ao longo do terceiro trimestre deste ano, 54% voltaram a operar sem a supervisão judicial. Isso ocorre quando a empresa em recuperação está "cumprindo satisfatoriamente o plano" de recuperação.

 

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