Consignado CLT pode não ser tão vantajoso; entenda quando vale a pena usar

Diário do Nordeste fez simulações para empréstimo na nova modalidade. Taxas apresentadas pelas financeiras variam entre 2,99% e 4,99% ao mês

Escrito por
Ingrid Coelho ingrid.coelho@svm.com.br
Legenda: O consignado para CLT pode ser um aliado ou um vilão, a depender da finalidade do recurso e da organização financeira do contratante
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Gradativamente as instituições financeiras começam a ofertar o crédito consignado para trabalhadores do setor privado. Bancos como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Inter, por exemplo, já propõem o empréstimo com desconto em folha que pode ser contraído até mesmo por quem está com o nome sujo. 

Atraente pela promessa de taxas mais baixas se comparadas a outras linhas de crédito tradicionais, o consignado para CLT pode ser um aliado ou um vilão, a depender da finalidade do recurso e da organização financeira do contratante. Mas quando vale a pena usar a ferramenta?

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Conforme simulação feita pelo Diário do Nordeste no aplicativo da Carteira de Trabalho, as taxas de juros variam entre 2,99% ao mês e 4,99% ao mês. A simulação foi feita para um empréstimo de R$ 10 mil, a serem pagos em 12 parcelas.

As propostas foram enviadas por cinco instituições financeiras. Apenas duas instituições apresentaram propostas que atendiam ao valor de R$ 10 mil. Outras três propuseram um valor menor.

Veja as propostas das instituições:

  • Banco Agibank

Valor do empréstimo a ser concedido: R$ 5.986,37
Taxa: 2,99% a.m.

  • Caixa Econômica Federal

Valor do empréstimo a ser concedido: R$ 10.263,56
Taxa: 3,15% a.m.

  • Pan Financeira*

Valor do empréstimo a ser concedido: R$ 10.947,26
Taxa: 3,17% a.m.

  • Banco Inter

Valor do empréstimo a ser concedido: R$ 9.146,09
Taxa: 4,07% a.m.

  • Banco Mercantil

Valor do empréstimo a ser concedido: R$ 9.195,96
Taxa: 4,99% a.m.

*Pan Financeira ofereceu para pagamento em 24 vezes

Uma dívida para pagar outra

Se o trabalhador deseja contrair o dinheiro para pagar uma dívida sobre a qual estejam incidindo juros maiores, o consignado CLT, que desconta as parcelas diretamente na folha de pagamento do trabalhador, pode ser um acerto.

"Caso o trabalhador tenha uma dívida com juros mais elevados, como cartão de crédito ou cheque especial, por exemplo, pode compensar, já que a taxa de juros do novo consignado é mais baixa", detalha o economista e presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará, Wandenmberg Almeida.

De acordo com relatório do Banco Central divulgado em março, as taxas de juros do cheque especial praticadas pelas instituições variam entre 0,78% ao mês e 8,37% ao mês. Já as taxas do rotativo do cartão de crédito variam entre 4,36% ao mês e 22,07% ao mês.

Organização financeira é primordial

O presidente do Corecon-CE ressalta, porém, que o trabalhador não deve comprometer mais do que 35% da sua receita com o empréstimo. "Isso pode ajudar a quitar dívidas maiores, com juros mais elevados, então é importante o trabalhador verificar quais são as dívidas que podem ser somadas e substituídas por um único empréstimo com juros mais baixos".

Apesar do ponto positivo, é preciso estar atento ao orçamento para não faltar recurso para outras despesas. O trabalhador precisa lembrar, portanto, que o seu salário será, de certa forma, menor enquanto ele estiver comprometido com as parcelas do empréstimo.

Assim, Almeida reitera que o trabalhador, antes de tomar uma decisão, deve listar todos os gastos fixos e variáveis, e as receitas. "É importante pensar bem sobre o intuito desse empréstimo, para que não seja apenas mais uma dívida, que seja um valor que atenda à necessidade e que a parcela, no decorrer dos meses, não deixe o orçamento mais apertado".

"É importante também fazer pesquisa de ofertas, comparar as taxas, identificar as instituições que estão ofertando a reputação dessas instituições", arremata o presidente do Corecon-CE.

Quem pode pegar o empréstimo?

  • O consignado CLT pode ser contraído por trabalhadores com vínculos ativos das seguintes categorias:
  • Empregado com carteira assinada, incluindo o empregado do MEI (Microempreendedor Individual);
  • Empregado rural, exceto de pequeno prazo;
  • Empregado doméstico;
  • Diretores não empregados com direito ao FGTS.

Como funciona?

O trabalhador, desde o último dia 21 de março, já consegue realizar as simulações no aplicativo da Carteira de Trabalho. Na página, o interessado preenche quanto pretende tomar de empréstimo e em quantas vezes pretende pagar. As instituições financeiras têm até 24 horas para enviar as propostas de empréstimo.

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