Como a suspensão da exportação de frango causada pela gripe aviária pode afetar os preços no Ceará?
No Ceará, uma criação de subsistência com suspeita de Influenza Aviária em Salitre está sendo investigada desde o dia 6 de maio

A confirmação de focos de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves (que inclui Doença de Newcastle e Influenza Aviária), mais conhecida como gripe aviária, no Rio Grande do Sul fez pelo menos cinco países e a União Europeia suspenderem as importações de carne de frango brasileira. A decisão deve elevar a oferta dentro do Brasil e se traduzir em preços mais baixos no mercado interno, o que inclui o Ceará
De acordo com o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), Matheus Dias, com essa suspensão da compra da carne de frango do Brasil, em um curto prazo os preços devem cair. “Caso haja a contenção da situação, a oferta deve ser normalizada em um mês”.
Portanto, a queda de preços pode não durar muito.
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Se houver o oposto e mais focos forem confirmados, o mercado nacional pode sofrer uma inundação de carne de frango e os preços podem ficar em baixa por mais tempo, de acordo com Matheus.
“Por mais que o Ceará tenha uma produção mais voltada para o mercado regional, regiões mais afetadas (que antes enviariam para fora do Brasil) podem comercializar com outros estados, como o Ceará, a preços mais competitivos”.
Entretanto, o economista não acredita que a situação vai perdurar. “Acredito que isso não terá efeitos prolongados porque medidas fitossanitárias estão sendo adotadas, outras regiões estão aumentando a rigidez e assim, caso outros casos sejam confirmados, será possível conter rapidamente”, pontua.
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná são três dos maiores produtores de aves do Brasil. Até a tarde de ontem (19), dois focos haviam sido identificados em Montenegro (RS) e Sapucaia do Sul (RS). Em Montenegro, o problema foi encontrado em uma criação para fins comerciais. Já em Sapucaia, se tratam de animais silvestres.
Horas depois, à noite, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que dos seis casos que estavam sendo investigados no País, três deram negativos.
Além dos casos confirmados no Rio Grande do Sul, também houve registros em granjas comerciais de Ipaumirim (SC) e Aguiarnópolis (TO).
Criação de aves no Ceará é investigada
No Ceará, uma criação de subsistência em Salitre está sendo investigada desde o dia 6 de maio. Ao Diário do Nordeste, a Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri) informou que foi notificada sobre a mortalidade de aves no local. Uma equipe foi enviada e "a notificação foi considerada fundamentada".
Foi realizada uma coleta e o material foi enviado ao laboratório do Mapa, em São Paulo, "uma vez que existem outras doenças que podem ser confundidas com Influenza Aviária". O local foi interditado.
O analisa de mercado das Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, lembra ainda que, se a gripe aviária avançar pelo Ceará e pelo Brasil, o movimento será de elevação dos preços em decorrência da redução na oferta.
“Na próxima semana poderemos ver os reflexos disso. Os preços dos ovos já estão elevados”, enfatiza Girão.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará abateu 38,7 milhões de cabeças de frango em 2024.
Ainda não há impactos no Ceará
Ainda segundo a Adagri, caso seja confirmada a gripe aviária no Ceará, "será realizada a contenção do foco com aplicação de medidas sanitárias". "As granjas comerciais devem reforçar ainda mais as medidas de biosseguridade nos aviários, evitando a entrada da doença nas granjas", diz a Agência.
Para o presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), João Jorge Reis, a gripe aviária ainda não preocupa as granjas cearenses em relação a uma possível contaminação, considerando que o caso confirmado está no Rio Grande do Sul, portanto, longe do Ceará.
“Lá estão tomando todas as medidas para debelar o problema. Agora, se for confirmado (no Ceará), serão tomadas todas as medidas necessárias. A gripe aviária é muito séria e seria necessário todo o cuidado diante de um quadro real”, destaca o presidente da Aceav.
É seguro consumir ovos e frango originários de áreas com surto em animais?
De acordo com avaliação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), carnes e ovos podem ser consumidos com segurança, desde que preparados adequadamente. O consumo de carne e ovos crus ou mal cozidos de áreas com surtos de gripe aviária é de alto risco e deve ser evitado. Da mesma forma, animais doentes ou que morreram inesperadamente não devem ser consumidos.
Para preparar carne e ovos com segurança, a OMS recomenda seguir cinco orientações específicas:
- mantenha o ambiente limpo;
- separe alimentos crus dos cozidos;
- longo tempo de cozimento;
- manter alimentos em temperaturas seguras;
- utilizar água e matérias-primas seguras.
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