Com orçamento pressionado, cearenses enfrentam maior inadimplência em aluguéis dos últimos 10 meses
De acordo com o IBGE, Ceará tem 706 mil residências alugadas
Uma das mais onerosas para as famílias cearenses, a despesa com a moradia parece estar sufocando cada vez mais o orçamento de quem vive de aluguel. De acordo com dados da plataforma Superlógica, a inadimplência do aluguel no Ceará chegou a 6,03% em agosto deste ano - maior taxa para o Estado nos últimos 10 meses.
Além disso, conforme o índice, também é o maior dado dos 13 estados pesquisados pela plataforma. A segunda maior taxa de inadimplência está no Maranhão (5,73%), e a terceira maior foi encontrada em Pernambuco (4,87%).
Em julho, a inadimplência dos aluguéis no Ceará estava em 5,5%. Para Manoel Gonçalves, diretor de negócios para imobiliárias da Superlógica, "a nova alta no Ceará mostra que a pressão sobre o orçamento das famílias ainda é significativa".
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"O índice segue elevado e acima da média nacional, o que exige atenção e reforça a necessidade de atenção contínua ao cenário econômico, especialmente diante das possíveis pressões inflacionárias e altas nos juros nos próximos meses", afirma Gonçalves.
Em geral, os aluguéis residenciais e comerciais são reajustados com base no Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que acumula alta de 2,82% nos últimos 12 meses até setembro.
Em Fortaleza, a inadimplência é de 5,93% - também a maior de todas as capitais analisadas. Na média nacional, inadimplência se manteve em 3,76% no mês de agosto, mesmo percentual de julho.
No Ceará, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de domicílios alugados é o maior desde 2016 (início da série histórica disponível), chegando a 706 mil em 2024.
O número de pessoas que moram em imóveis alugados também é o maior em sete anos, chegando a 1,9 milhão de habitantes no ano passado.
Renegociar é a melhor saída
A vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Ceará (Creci Ceará), Adriana Neves, avalia que a inadimplência nos aluguéis do Ceará é mais expressiva nos imóveis residenciais do que nos comerciais.
Em casos nos quais o locatário não consegue arcar com o aluguel, ela orienta que a melhor saída é conversar com o locador e tentar uma negociação. "O inquilino deve falar quando estiver com problema. Nesse momento, ele precisa buscar o proprietário, a imobiliária ou o corretor para negociar".
"A renegociação é muito importante. Na época da pandemia, foram negociados vários aluguéis e foi bom tanto para o proprietário como para o inquilino", lembra Adriana.
Aluguéis no Nordeste
Conforme a pesquisa da Superlógica, a região Nordeste apresenta uma taxa de inadimplência de 4,94% - a maior entre as regiões brasileiras.
Ainda no recorte para o Nordeste, o levantamento revela a inadimplência por tipo de imóvel. Nos apartamentos, o índice caiu de 3,22% em julho para 2,88% em agosto.
A inadimplência das casas alugadas no Nordeste também diminuiu de 6,39% para 6,30%, também acima da média nacional de 4,27%. Os imóveis comerciais registraram aumento na inadimplência, passando de 7,21% em julho para 7,98% em agosto, acima da média nacional de 5,20%, no período.
Faixas de valor do aluguel
No cenário nacional, a inadimplência em imóveis residenciais na faixa de aluguel acima de R$ 13.000 continua em alta, segundo a pesquisa, desde junho de 2024, com uma taxa de 7,02% em agosto.
Os imóveis residenciais na faixa de aluguel de até R$ 1.000 também registraram nova alta, saindo de 6,14% em julho para 6,32% em agosto, um aumento de 0,18 ponto percentual. A taxa de inadimplência de imóveis de R$ 2.000 a R$ 3.000 e de R$ 3.000 a R$ 5.000 foram semelhantes, sendo 2,36% e 2,34%, respectivamente.