Transmissão de cargo fora do rito democrático expõe fim conturbado da gestão Sarto
Ato foi realizado sem público, sem discursos e o ex-prefeito deixou o Paço sem ser visto
O ato de transmissão de cargo entre José Sarto e Evandro Leitão, realizado no Paço Municipal na quarta-feira (1º), fugiu completamente ao rito esperado em momentos como este. Sem a presença de público, com acesso restrito e sem pronunciamentos, o evento, que deveria simbolizar a continuidade administrativa e o respeito à democracia, acabou reforçando o desgaste na relação entre os dois gestores e o fim conturbado da gestão Sarto.
A ausência de elementos fundamentais no ato – como discursos, participação popular e cobertura midiática – vai contra o que se espera de uma transição de governos. Em situações normais, a cerimônia serve como um gesto público de respeito às instituições e ao cidadão, com a entrega da faixa sendo o ápice simbólico. No entanto, o silêncio de Sarto e a restrição ao ato mostraram que os princípios democráticos que deveriam ser reforçados nesses momentos foram deixados de lado.
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A imprensa, inclusive, teve que solicitar imagens do ato às assessorias por não ter tido acesso direto.
Esse formato reservado da cerimônia é reflexo do distanciamento entre os dois líderes, que teve como ponto alto os embates durante a transição de governo. O principal episódio foi o conflito envolvendo o Instituto Dr. José Frota (IJF), quando a equipe de Evandro acusou a gestão Sarto de não repassar informações fundamentais sobre contratos e serviços, o que gerou atritos públicos e críticas de ambas as partes. A troca de farpas reforçou o desgaste na relação, já abalada desde a campanha eleitoral.
A frieza do evento também ilustra o final amargo da gestão Sarto. O ex-prefeito encerrou o mandato sem um balanço final ou gestos simbólicos que pudessem consolidar um legado. Sua decisão de não se dirigir à população no momento da transmissão de cargo mostrou uma decisão política que contrasta com o início de sua trajetória.