PT inicia um ciclo de hegemonia administrativa que mostra força, mas traz elevado grau de cobrança

A frente de Prefeitura, Estado e Governo Federal, o Partido terá que transformar a liderança em resultados objetivos para a população

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(Atualizado às 15:48)
Legenda: A vitória de Elmano em 2022 e a de Evandro neste ano deram um novo patamar ao PT no Estado
Foto: Agência DN

Com a posse de Evandro Leitão na Prefeitura de Fortaleza, o PT consolida uma hegemonia política no Ceará. O partido, sob a liderança nacional do presidente Lula, comanda agora a Capital, o Governo do Estado, sob Elmano de Freitas, e conta com a forte influência do ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador e principal articulador do grupo. Essa confluência de forças é um marco do poder petista, mas também representa um aumento exponencial das responsabilidades diante da população. 

O simbolismo dessa hegemonia está na força política acumulada pelo PT, que construiu, ao longo das últimas décadas, uma base sólida no Estado, contando com a ajuda e proximidade com o grupo político local comandado pelos Ferreira Gomes, que veio a romper em 2022.  

A liderança de Camilo Santana foi fundamental para consolidar essa posição, mas o acúmulo de poder traz efeitos colaterais consigo. Camilo, em missão no plano nacional, terá de equilibrar sua atuação em Brasília com o apoio às gestões dos aliados e precisa contar, naturalmente, com o êxito de ambos. 

Fortaleza no centro do debate

Fortaleza, agora sob o comando de um aliado estratégico, será o epicentro desse novo ciclo. A cidade, com problemas complexos, funcionará como uma vitrine para o projeto político do grupo.  

No entanto, os desafios são grandes: a saúde pública, em crise profunda, demanda soluções imediatas; a segurança pública, um dos pontos mais sensíveis, exige integração entre forças e políticas sociais para enfrentar o aumento da criminalidade; e a gestão urbana, com gargalos históricos de mobilidade, coleta de lixo e saneamento, precisa de resultados rápidos para atender às expectativas. 

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Essa concentração de poder também eleva o grau de cobrança. A população, especialmente a parcela mais vulnerável, espera que o alinhamento entre as três esferas de governo se traduza em melhorias concretas em serviços essenciais, isso inclusive foi o slogan da campanha de Elmano e Evandro.

Qualquer falha ou lentidão na resposta a essas demandas será explorada com vigor pela oposição, que buscará rearticular sua base com base nos eventuais desgastes do grupo governista. 

Por fim, Fortaleza, que elegeu o único petista prefeito de Capital no País, pode ser a vitrine nacional para o grupo político.  

Cabe ao grupo liderado por Camilo Santana, Elmano de Freitas e Evandro Leitão demonstrar que o comando de Fortaleza e do Estado vai além do simbolismo político e entrega resultados reais.  

A força do PT no Ceará é incontestável, mas a história política brasileira ensina que o verdadeiro desafio de um grupo no poder é transformar promessas em ações e força em legitimidade. O primeiro passo já foi dado; o caminho, no entanto, será longo e desafiador.