Tarifaço, Plano Diretor e eleição: Legislativo deve ter semestre agitado no Ceará

Em meio ao clima quente por conta da antecipação do debate eleitoral, Câmara Municipal e Assembleia têm pauta com projetos estratégicos

Escrito por
Inácio Aguiar Inacio.aguiar@svm.com.br
Legenda: Plenário da Assembleia Legislativa deve ser palco de disputas acaloradas neste semestre
Foto: Dario Gabriel/Alece

O segundo semestre deve começar quente no Legislativo cearense, com a economia local e as nuances políticas no centro do debate. Nesta terça-feira (5), a repercussão do aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros deve ser um dos alvos da Assembleia Legislativa do Ceará, onde a base aliada ao governador Elmano de Freitas (PT) articula a votação de um manifesto em defesa da economia local e do trabalhador cearense. 

A iniciativa busca gerar movimentos de reação ao chamado tarifaço, que pode atingir em cheio setores exportadores estratégicos para o estado, como agronegócio e calçados. O argumento é direto: o aumento das tarifas ameaça postos de trabalho no Ceará e impõe um revés à indústria exportadora nordestina. 

O primeiro debate do semestre vai opor aliados e opositores do governo do Estado. O foco deve ser a polarização Lula x Bolsonaro, tão presente nos debates do primeiro semestre.  

Pautas estratégicas no radar 

Além dos embates pré-eleitorais, as duas principais casas legislativas do Ceará,  Assembleia Legislativa e Câmara municipal de Fortaleza, terão agendas de temas importantes, que merecem a atenção do público na Capital e no Interior. 

Assembleia Legislativa

Orçamento do Estado para 2026

Será o último ano da gestão de Elmano de Freitas, que deve buscar a reeleição. A peça orçamentária servirá como termômetro da política fiscal do governo para o ano decisivo com investimentos em segurança, saúde e projetos estruturantes. 

Medidas de socorro às empresas exportadoras 

O tema surge como resposta direta ao cenário externo adverso. A tendência é que a Casa vote medidas com foco em preservar empregos e manter a competitividade das empresas cearenses no mercado global. Os projetos devem ser propostos pelo governo do Estado após acordo com o governo federal. 

Câmara Municipal de Fortaleza 

Orçamento Municipal de 2026  

A peça será a primeira já elaborada pela nova gestão de Evandro Leitão (PDT), eleito em 2024. A proposta orçamentária indicará as prioridades do prefeito recém-empossado e deverá revelar encaminhamentos da máquina pública municipal após o primeiro ano de muitos cortes e readequações anunciados pelo prefeito. 

Plano Diretor Participativo 

O Executivo promete entregar até novembro a proposta de atualização do Plano Diretor, desatualizado desde 2019. O texto deverá definir os rumos do crescimento urbano de Fortaleza e deverá ser alvo de disputas entre os parlamentares, após discussão entre grupos empresariais, movimentos sociais e técnicos da área urbanística. Não é garantida, mas há possibilidade de a Casa votar o projeto ainda neste ano. 

Prévia de 2026 no tabuleiro 

As movimentações legislativas não ocorrem em um vácuo. Tanto na Câmara quanto na Assembleia, o semestre será atravessado por articulações pré-eleitorais.  

No plano estadual, aliados de Elmano já trabalham pela consolidação de seu projeto de continuidade. Na oposição, PL, União Brasil, Novo e setores ligados ao ex-ministro Ciro Gomes tentam reatar um acordo de união para a disputa de 2026, mas que sofreu um abalo recentemente com declarações do deputado federal André Fernandes. 

Em Fortaleza, a nova gestão municipal terá de mostrar resultados em áreas delicadas como a Saúde, após o próprio prefeito Evandro ter anunciado uma série de medidas para tentar resolver, por exemplo, o problema da falta de medicamentos nos postos de saúde. 

A oposição, por sua vez, deverá levar ao debate público pautas que podem desgastar o prefeito e o grupo governista, de olho nas composições para 2026.