Sinais trocados do União Brasil nacional alimentam incertezas no Ceará para 2026

Partido fecha parceria com o PSB em Pernambuco, mas expulsa ministro que resistiu a deixar o governo Lula em setembro.

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
(Atualizado às 11:40)
Legenda: No Ceará, o partido tem lideranças que fazem oposição a Elmano, caso de Roberto Cláudio e Capitão Wagner, mas também ala governista
Foto: Divulgação/União Brasil

As incertezas sobre o papel do União Brasil na eleição de 2026 se intensificaram nos últimos dias, após dois movimentos contraditórios da cúpula nacional da sigla. De um lado, o presidente Antônio Rueda selou uma aliança no campo da centro-esquerda em Pernambuco, ao declarar apoio ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), pré-candidato ao governo estadual. De outro, a mesma direção expulsou o ministro do Turismo, Celso Sabino, por permanecer no governo Lula, contrariando a orientação oficial de rompimento.  

Os dois gestos lançam luz sobre a instabilidade interna da federação União Brasil–PP e reverberam diretamente no Ceará, onde o partido permanece dividido entre aliados e opositores do governador Elmano de Freitas (PT). Detalhe: por enquanto, até o Progressistas é aliado do governismo local. 

Em Pernambuco, venceu o interesse local 

O caso de Pernambuco mostra como a condução pragmática da direção nacional pode se sobrepor ao discurso de oposição ao projeto de poder nacional liderado por Lula. Ao apoiar João Campos, declarado aliado do presidente da República, Rueda criou um precedente que pode abrir margem para entendimentos com a base governista em outros estados, inclusive no Ceará.  

A composição ali é clara: Miguel Coelho, do União, quer uma vaga ao Senado na chapa majoritária, o que envolve também o Progressistas, parceiro de federação. O gesto amplia a margem de negociação local, mas tensiona o discurso oficial da legenda, que ainda tenta se afirmar como oposição nacional. 

Veja também

Em Brasília, segue o racha interno 

Na contramão, a expulsão de Celso Sabino jogou a luz sobre outro aspecto do racha interno. Embora tenha descumprido a diretriz do partido ao permanecer no governo federal, Sabino teve apoio da maioria da bancada na Câmara.  

Ao todo, 46 dos 59 deputados federais do União Brasil assinaram carta em sua defesa, evidenciando o distanciamento entre a direção e sua base parlamentar. O episódio reforça a impressão de que, na prática, o partido está longe de um consenso sobre sua posição diante do governo Lula, o que deve influenciar diretamente a montagem de palanques nos estados, incluindo o Ceará. 

Impasse persiste no Ceará

Por aqui, o reflexo mais imediato é a manutenção do impasse: o União Brasil cearense segue sem um alinhamento claro para 2026. A sigla abriga figuras próximas ao governador Elmano, mas também parlamentares e lideranças regionais que atuam em oposição ao Palácio da Abolição.  

A federação com o PP, que tende a ser mantida, amplia esse dilema. Juntas, as duas legendas terão o maior fundo partidário e o maior tempo de rádio e TV, fazendo com que a posição que adotarem tenha peso decisivo na corrida eleitoral local. 

O problema é que, com os sinais trocados de cima, ninguém sabe, ainda, para que lado essa balança vai pender.