O que os pré-candidatos da direita precisam ficar atentos no embate entre PDT e PT no Ceará

Há um ponto positivo e outro negativo a ser observado na sucessão de Fortaleza a quem está de fora da briga

Legenda: Capitão Wagner é um dos pré-candidatos do campo de direita e centro direita na Capital
Foto: Thiago Gadelha

A atual briga interna dentro do Partido Democrático Trabalhista (PDT) tem reflexos dentro e fora do Partido. A consequência mais visível é o racha com o PT e os desentendimentos entre aliados do prefeito José Sarto e do governador Elmano de Freitas. Entretanto, lideranças do campo da direita e centro direita têm que estar atentas ao momento que impacta a toda a política cearense. 

A disputa pela Prefeitura de Fortaleza é o ponto de observação mais importante aos agentes políticos no momento, não só por ser este o maior município do Estado e o maior PIB do Nordeste, mas por se tratar de uma oportunidade para tentar quebrar a hegemonia de PT e PDT que são os maiores partidos do Estado e ocupam, respectivamente, o governo do Estado e a Prefeitura da Capital. 

No meio do entrevero entre ex-aliados, lideranças como Capitão Wagner, do União Brasil, André Fernandes e Carmelo Neto, do PL, e Eduardo Girão, do Novo, nomes citados como pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza para o próximo ano, têm uma oportunidade de crescimento de visibilidade e de fortalecimento de suas narrativas eleitoras por conta de um momento conturbado em que adversário que antes estavam juntos trocam farpas e acusações entre si. 

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Boa parte das críticas que aliados de Sarto estão fazendo ao governo petista de Elmano de Freitas e as respostas dos petistas aos aliados do prefeito reforçam as narrativas da oposição à direita. Esse conjunto de críticas envolve dados relativos à violência, desemprego, desenvolvimento econômico e temas ligados ao formato de governo de coalizão.  

Essas narrativas vêm sendo batidas pelas lideranças da direita há alguns anos no Ceará, ao passo em que os governos de esquerda e centro esquerda crescem e fortalecem suas bases no Estado. 

O rompimento entre PT e PDT, os dois maiores partidos deste grande condomínio político no Ceará, pode significar para os outros grupos políticos, mais oportunidades de chegarem ao poder nas eleições municipais. 

Porém, há também pontos negativos a estas correntes que estão fora do embate e devem ser foco de atenção para as equipes de campanha do próximo ano. O rompimento entre as lideranças do mesmo campo político tem concentrado praticamente todos os holofotes da imprensa e do debate público no Estado. 

As fortes declarações de lado a lado, a disputa por obras públicas como no caso da Ponte dos Ingleses, na Praia de Iracema, e até a concorrência pela geração de emprego no Ceará e em Fortaleza são provas dos embates entre petistas e pedetistas que ocupam boa parte dos noticiários. 

Essa constatação exige que o campo de direita se movimente no sentido de ampliar as pautas na esfera pública, sob pena de os ex-aliados gerarem uma polarização semelhante ao que aconteceu em âmbito nacional com Lula e Jair Bolsonaro, nas eleições gerais do ano passado. 

O acirramento do embate entre aliados dos dois lados interditou o debate sobre os temas mais importantes para o País e dificultou o trabalho de candidatos de centro, caso de Ciro Gomes e Simone Tebet, por exemplo, de furar a bolha, mesmo com uma narrativa verossímil de alternativa à polarização. 

Um embate direto entre PT e PDT no Ceará pode acabar causando um fenômeno semelhante para as eleições de Fortaleza em 2024. De toda forma, o cenário aponta para a necessidade, de todos os lados, de antecipar estratégias que poderiam estar guardadas para 2024