Na reta final, veja como está a disputa entre lideranças do Nordeste pelos governos estaduais
Em pernambuco, há um cenário imprevisível para o segundo turno. Alagoas tem disputa entre Renan Calheiros, Arthur Lira e Collor
Na reta final da disputa eleitoral, as maiores lideranças do Nordeste se movimentam em busca de manter hegemonia ou derrotar adversários que estão no Poder. Em alguns casos, a polarização se desdobra nos Estados, mas há conflitos bem peculiares.
O caso mais evidente é a disputa na Bahia, onde o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), duela contra Jerônimo Rodrigues, do PT, em uma disputa que não envolve Jair Bolsonaro. O candidato do presidente, João Roma, está bem abaixo dos principais concorrentes nas pesquisas Ipec, recorte feito pela Coluna.
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Além disso, há um confronto entre Renan Calheiros (MDB) e Arthur Lira (PP) em Alagoas, com vantagem para o grupo do senador. No Maranhão, o ex-governador Flávio Dino lidera a corrida ao Senado e apoia, a governador, seu vice, que está aliado também à família Sarney.
Esta coluna detalha a situação dos caciques e principais lideranças do Nordeste na reta final das eleições.
Bahia tem disputa entre ACM Neto e Jerônimo
Na Bahia, maior estado da Região, o clima eleitoral está quente. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, lidera a corrida, de acordo com os dados da última pesquisa Ipec, com 47% das intenções de voto, mas viu sua vantagem cair 28 pontos em um mês.
Neto se envolveu em uma polêmica relativa à questão racial, ao se declarar pardo no registro de candidatura, assunto que repercutiu na campanha.
O concorrente principal dele é o petista Jerônimo Rodrigues, ex-secretário de educação do governador Rui Costa, que tem crescido nas pesquisas alavancado por Costa, pelo ex-presidente Lula e pelo senador Otto Alencar (PSD), que lidera a corrida ao Senado.
Na Bahia, o candidato de Bolsonaro é o ex-ministro João Roma, que pontua apenas 6% no último levantamento do Ipec. Esse espólio eleitoral está na mira tanto de Jerônimo como de ACM para uma possível disputa de segundo turno.
Pernambuco tem cenário embolado para segundo turno
Em Pernambuco há o cenário mais embolado do Nordeste em relação à disputa pelo governo do Estado. Marília Arraes, que deixou o PT e se filiou ao Solidariedade para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas, lidera a corrida com 33%, segundo o Ipec. Mesmo tendo sido preterida pela aliança PT/PSB, ela segue apoiando o ex-presidente Lula.
No segundo lugar, há um empate técnico entre quatro candidatos: Danilo Cabral (PSB), Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (União) e Anderson Ferreira (PL) estão empatados com 11% cada. Essa imprevisibilidade está esquentando o clima em Pernambuco.
Cabral é ligado ao governador Paulo Câmara (PSB) e tem apoio do prefeito de Recife, João Campos (PSB). Ele é o candidato da aliança dos socialistas com o PT, mas tem encontrado dificuldade de crescer nas pesquisas. O governo de Paulo Câmara sofre com a baixa aprovação popular e aliados consideram que isso afeta do desempenho do Candidato.
Raquel Lyra renunciou à prefeitura de Caruaru, um dos maiores municípios do Estado, para disputar o executivo estadual. Ela é filiada ao PSDB e integra uma chapa com o PRTB na disputa.
Também ex-gestor de um município representativo do interior pernambucano, Miguel Coelho, que administrou Petrolina, filiado ao União Brasil e filho do senador Fernando Bezerra Coelho, que foi líder do governo Bolsonaro no Senado. Ele tem apostado ainda na parceria com o ex-ministro da Educação, Mendonça Filho, que concorre a uma vaga de deputado federal.
Por fim, Anderson Ferreira, candidato do PL, foi prefeito de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. Ele carrega a bandeira do presidente Jair Bolsonaro na campanha. Um forte aliado é o ex-ministro de Bolsonaro, Gilson Machado.
Os dois, inclusive, têm recebido prestígio do Palácio do Planalto. Bolsonaro, desde a pré-campanha, já esteve 5 vezes no Estado Vizinho. Anderson, na conjuntura atual, também tem possibilidade de ir para o segundo turno. Já Gilson, candidato ao Senado, vê a concorrente do PT, Tereza Leitão, liderar a disputa, de acordo com o Ipec.
Disputa entre Renan Calheiros, Arthur Lira e Collor em Alagoas
O atual governador, Paulo Dantas (MDB), eleito indiretamente para o cargo pela Assembleia Legislativa, após a renúncia do então governador Renan Filho, concorre à reeleição e lidera a disputa na última pesquisa Ipec, com 30% das intenções de votos. Ele é aliado de Renan Calheiros e Renan Filho.
Na reta final da campanha, enfrenta turbulências após o pai dele, um ex-deputado do Estado, fazer acusações contra ele de suposta corrupção na Assembleia Legislativa do Estado.
Há, na disputa, dois fortes concorrentes. Um deles, que aparece com 20% das intenções de voto no mesmo levantamento, é Rodrigo Cunha (União), apoiado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, um dos caciques do PP e adversário político de Renan Calheiros.
Também tem chance real de ir ao segundo turno, o senador Fernando Collor, que aparece na pesquisa com os mesmo 20% de intenções de voto. Collor é aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, mas está tendo dificuldade de atrair o presidente ao palanque por conta da existência da candidatura de Cunha, ligado a Lira.
Collor chegou a dizer que o medo de “sofrer um impeachment”, em clara referência ao presidente da Câmara, faz com que o presidente não entre na campanha no Estado.
Aliado de Flávio Dino lidera corrida no Maranhão e está junto com família Sarney
No Maranhão, o atual governador Carlos Brandão (PSB) concorre à reeleição e lidera as intenções de voto com 41%, de acordo com a última pesquisa Ipec no Estado. Aliado do ex-governador Flávio Dino, de quem foi vice-governador por dois mandatos, Brandão atraiu, inclusive, o MDB, da família Sarney para sua aliança.
Dino, por sinal, adversário histórico da família, lidera a corrida ao Senado, no Estado. Roseana Sarney, filha do ex-presidente José Sarney, é candidata a deputada federal.
Também concorre ao governo, o senador Weverton Rocha (PDT). Também do campo da esquerda, ele é filiado ao partido de Ciro Gomes, mas tem defendido a proximidade histórica com o ex-presidente Lula. Tem chances de chegar ao segundo turno.
Mais à direita, está Lahesio Bonfim (PSC). Entretanto, ele tem evitado atrelar seu nome ao presidente Jair Bolsonaro. No Maranhão, em situação peculiar, o PL, partido do presidente, integra a coligação de Weverton, do PDT. Lahesio, citado por 16% dos eleitores, também tem possibilidades de ir ao segundo turno.
Outros estados
No Piauí, governado pelo PT, o líder da pesquisa Ipec é o médico Silvio Mendes (União), com 43% das intenções de voto. O maior fiador da sua candidatura é o ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP). À frente no último levantamento, ele pode desbancar os aliados de Welington Dias.
O segundo colocado é justamente do PT. Ex-secretário de Dias, Rafael Fonteles tem 29% das intenções de voto e tem chances reais de ir ao segundo turno contra o concorrente do União Brasil. No Piauí, a disputa reflete a polarização nacional.
Na Paraíba, o governador João Azevedo lidera a corrida à reeleição com 30% das intenções. O segundo colocado é Pedro Cunha Lima (PSDB), de família tradicional do Estado. Ele tem 20%.