O petista Ilário Marques, ex-prefeito de Quixadá, é o novo secretário de Direitos Humanos de Fortaleza, na gestão do prefeito José Sarto (PDT). A nomeação marca movimentos políticos tanto para a administração Sarto como também de olho na Eleição 2022.
O primeiro é a entrada do PT na gestão da Capital após os embates políticos ríspidos da campanha eleitoral de 2020 entre os dois partidos que mantém aliança em âmbito estadual.
O outro – e mais destacado para o momento - é o movimento do comando do grupo governista no sentido de atrair o PT para uma aliança de olho na Eleição 2022.
Ilário não é qualquer filiado ao PT. Ele integra o grupo político que detém o poder majoritário internamente no partido, ligado ao deputado federal José Guimarães. Já foi presidente estadual do partido, deputado e prefeito. Marques vinha, inclusive, ocupando um cargo executivo na gestão Camilo Santana (PT).
Também não é um cargo apenas para figurar na gestão. A pasta de Direitos Humanos administra bandeiras historicamente ligadas à esquerda como as políticas para minorias. Além disso é uma área cuja gestão municipal pretende atuar fortemente, principalmente, com um projeto de segurança alimentar e em um momento em que a população de rua cresce visivelmente.
A jogada estratégica, por tabela, obriga a ala mais crítica do PT na Capital a baixar as armas na Câmara Municipal, onde os vereadores petistas fazem oposição a Sarto.
Movimento eleitoral
Mais do que isso, sem dúvida nenhuma, a ida de Ilário à gestão municipal é uma peça importante no xadrez eleitoral de 2022 que se move no sentido de manter unida a base de apoio do governador Camilo Santana para a eleição.
Há muitos movimentos em andamento. O primeiro deles, já concretizado, foi acalmar os aliados que pretendem ser candidatos em outubro, exonerando os secretários - de Camilo e Sarto - que poderiam tirar proveitos dos cargos para desigualar a disputa por cadeiras no parlamento.
Em seguida, as vagas abertas estão começando a mostrar a articulação para contemplar novos nomes na estrutura administrativa, uma preparação de terreno para um debate posterior sobre o nome ungido pela ampla coligação.
Nomes especulados
Nos bastidores, o nome de Camilo Santana é dado como certo na disputa ao Senado. Já a cabeça de chapa para governador deve caber ao PDT. Os demais partidos da coligação disputariam a vice.
Lideranças do PT admitem uma aliança com o PDT, mas indicam restrições em relação a escola do nome que encabeçará a aliança. Chamar um petista de gabarito para sentar-se ao lado do prefeito de Fortaleza à mesa é um gesto que indica os pedetistas interessados na aliança.