Em passagem pelo Ceará, Lula frustrou aliados ao evitar sinalizações eleitorais

Presidente cravou o Estado como território estratégico, mas não fez acenos eleitorais concretos.

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
Legenda: Lula evitou referências à disputa estadual de 2026
Foto: Kid Júnior

Em sua última passagem pelo Ceará, na última quarta-feira (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a imagem do Ceará como destino de grandes investimentos, exaltou feitos do governo, mas evitou dar sinalizações claras sobre as disputas eleitorais de 2026 no Estado, frustrando as lideranças locais, que só pensam na sucessão. 

Durante o discurso em Horizonte, Lula, que já esteve no Ceará 10 vezes em seu terceiro mandato, destacou o volume de aportes recentes, mencionando a instalação do data center da ByteDance, no Complexo do Pecém, estimado em R$ 200 bilhões, e a produção de veículos elétricos pela General Motors no Polo Automotivo, como trunfos do Estado. 

Para o Palácio do Planalto, a combinação entre indústria, tecnologia e energias renováveis projeta o Ceará como polo estratégico nacional.

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Na política, entretanto, onde está a maior ansiedade das lideranças locais, as sinalizações praticamente não existiram, por parte do presidente.  

Liderando um arco de aliança robusto no Estado, o PT e o governador Elmano de Freitas têm desafios importantes, antes mesmo do embate nas urnas. 

O principal gargalo é acomodar os aliados na chapa majoritária, em companhia a Elmano, candidato à reeleição ao governo do Estado. Há, pelo menos, sete nomes em busca de uma vaga na disputa pelo Senado.  

PT, PSB, PSD, MDB, Republicanos e até União Brasil, que mesmo formalmente na oposição negocia com o governo por meio de algumas lideranças, estão na lista de partidos em busca de espaço na chapa. 

Sem acenos eleitorais 

Apesar dos elogios ao Estado, Lula evitou referências ao cenário estadual de 2026. O presidente concentrou o recado político na necessidade de “votar em quem defenda justiça tributária”, vinculando o debate à agenda econômica nacional. 

“Quando chegar o ano que vem que vocês vão votar, pense nisso. Veja que deputado ou governador você vai eleger”, disse, em resumo, o presidente. 

Embate pode ir parar no Palácio do Planalto 

As negociações da chapa governista no Ceará podem ir parar em Brasília, na mesa de Lula. Naturalmente, a condução do processo é local, mas a presença de nomes com proximidade ao presidente, como o caso de José Guimarães, líder do presidente na Câmara dos Deputados, pode levar as definições ao Palácio.

Isso, no entanto, é assunto para o ano que vem. 

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