Após a polêmica envolvendo o reajuste de 25% nas contas de energia dos cearenses – e o peso ainda maior para o agronegócio, cujo aumento vai passar de 32% – temas até mais graves envolvendo a companhia responsável pelo fornecimento de energia elétrica no Ceará vieram à tona no mundo político. Agora, cresce a pressão de um grupo de parlamentares na Assembleia Legislativa para retomar a ideia de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os problemas na prestação de serviço da Enel.
Em 2020, o deputado estadual Delegado Cavalcante (PTB) apresentou um pedido de criação de uma CPI por conta da “má prestação dos serviços de fornecimento de energia pela Enel”. O pedido chegou a ter 19 assinaturas, número suficiente para a abertura, mas a sugestão entrou em uma fila de pedidos.
Agora, um grupo de deputados, entre eles o autor do requerimento, tenta retomar as assinaturas para abrir uma investigação, tendo em vista que 8 parlamentares, à época, retiraram o aval. Não está descartada também a apresentação de um novo pedido de CPI.
A justificativa trazia dados contundentes sobre a qualidade dos serviços da companhia: mais de 11 mil reclamações dos consumidores em 2019 e mais de 5 mil em 2020, um ano de pandemia em que as pessoas foram obrigadas a reduzir a circulação.
Agora, o deputado reforça: só do início do ano até o dia 4 de abril, mais 2 mil reclamações contra a companhia.
“Essa empresa tem prestação de serviço péssima, com lucro exorbitante e vem maltratando o consumidor cearense”.
Nos bastidores, os deputados fazem duras críticas aos serviços de energia ofertados aos cearenses. Cada dia que passa cresce a pressão para medidas mais duras contra a empresa, controlada por acionistas italianos.
Presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos da Assembleia, o deputado Jeová Mota (PDT) considera grave a situação que envolve a prestação do serviço de eletricidade ao consumidor cearense. “São muitas reclamações que a gente recebe aqui, sem uma providência efetiva da enel. É hora de a Assembleia Legislativa levar esse tema a sério e resolver essa situação”.
Histórico de CPIs
O interesse em instalar uma CPI da Enel não é exclusivo dos deputados estaduais cearenses. Em 2019, a Assembleia Legislativa de Goiás montou uma comissão investigativa que constatou irregularidades na prestação do serviço e pediu, até mesmo, o encerramento do contrato de concessão naquele Estado.
Como os pedidos da CPI não avançaram e encontram-se ainda entre Ministério Público e Justiça locais, a Câmara Municipal de Goiânia abriu uma nova CPI semelhante, em 2020.
Em diversos municípios, no Ceará e fora dele, o volume de reclamações contra os serviços prestados já levou parlamentares ao limite. Cidades como São Paulo, São Bernardo e Diadema, em São Paulo, e Maricá, no Rio de Janeiro, tomaram providências semelhantes.
Até o ano passado, vereadores do município do Crato, no Cariri cearense, sugeriram que deputados estaduais instalassem uma comissão para tratar do assunto. Sem a providência, em fevereiro deste ano, a Câmara Municipal resolveu discutir uma CPI própria.
Problemas recorrentes relatados
Quedas frequentes no fornecimento de energia
Contas duplicadas aos consumidores sem resolução
Cobranças abusivas
Cortes de fornecimento sem inadimplência
Cortes de consumidores com necessidades especiais
Cobrança de taxa de iluminação pública sem o devido contrato com as prefeituras
Demora na ligação de novos pontos de energia
Prejuízos a empresas que necessitam do serviço constante