Testamos a Hi Fly na rota Lisboa–Fortaleza: confira a experiência a bordo do Airbus A330-200
Testamos o serviço da Hi Fly entre Lisboa e Fortaleza, companhia que está operando voos contratada pela TAP Air Portugal. Uma aeronave do mesmo modelo das utilizadas pela TAP, o Airbus A330-200, é usada na rota. O avião possui cores branca e azul-escura.
Os voos com a aeronave da Hi Fly, matrícula 9H-ALC, começaram a ser operados em Fortaleza desde o 1º de junho último e devem continuar até 31 de agosto.
É importante dizer que a Hi Fly não é estranha em voos ao Nordeste. Anualmente, a companhia faz voos charter (fora da malha) para várias cidades, como Fortaleza, Natal, Recife e Maceió, sobretudo em períodos de Natal e Ano Novo.
Em dezembro passado, houve um voo triangular entre Maceió, Fortaleza e Beja, em Portugal. Dessa maneira, a Hi Fly opera segundo padrões de segurança europeus, também porque a TAP, a contratante, como dito acima, possui critérios importantes que devem ser cumpridos para terceirizar seus voos.
Imagine que, em 2025, a TAP foi eleita a companhia aérea mais segura da Europa. Para vários leitores que me perguntaram, portanto, não entendo que segurança deva ser uma preocupação.
Ademais, o Airbus A330 continua sendo uma das aeronaves mais seguras do mundo.
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Como foi a minha experiência
Segunda vez embarcando para Fortaleza em Lisboa e segunda vez que precisamos embarcar em posição remota, através de ônibus. Bem menos confortável (o aeroporto de Lisboa precisa urgentemente de mais posições de embarque com ponte de embarque).
Acredito que isso se dê porque o avião que voa a Fortaleza é a menor aeronave A330, com capacidade próxima de 260 assentos. O A330-900, que faz voos a Recife, por exemplo, possui cerca de 300 assentos e deve ter prioridade para vir aos poucos portões de embarque.
No embarque, os comissários foram muito simpáticos. Eram todos atenciosos, nada de pessoas sisudas. Distribuíram pequenos chocolates aos passageiros com a aeronave em solo. Estávamos, minha esposa e eu, na fileira 31, lado direito da aeronave. A Hi Fly ofereceu o mesmo kit amenities da TAP: travesseiro e manta.
Era possível perceber muitos passageiros estrangeiros a bordo: portugueses, espanhóis, franceses. O voo estava muito cheio, certamente beirando 90% de ocupação.
O avião está equipado com classe business, premium economy e econômica, mesma configuração dos voos TAP. Decolamos próximo às 18h00, hora de Lisboa, e a jornada até Fortaleza teria duração aproximada de 7 horas.
O comandante a bordo era brasileiro e informou que o tempo em rota deveria ser muito tranquilo, mas orientou que sempre estivéssemos com cintos afivelados para nos mantermos seguros.
Vi que, ao meu lado, um comissário tentava reclinar à força o assento 31F para uma passageira que se queixava do não funcionamento correto deste. Apesar disso, o interior do avião parecia bem conservado.
Logo após a decolagem, para o jantar, havia duas opções: massa ao molho de espinafre ou carne bovina com arroz. Fui na primeira opção. O jantar foi bem razoável, apesar da pouca quantidade de carne.
As telas individuais de cada assento não funcionavam, mas havia acesso a sistema de entretenimento (com os símbolos da TAP), com várias opções de filmes e séries através de Wi-Fi no celular.
Para jantar, um sanduíche de atum que não estava gostoso e era acompanhado por um doce chamado salame de chocolate. Não comi o doce a bordo, apenas em Fortaleza, e devo dizer que era bom.
Provavelmente cruzamos a ZCIT, Zona de Convergência Intertropical, quando atravessamos nuvens carregadas. Tivemos aviso de atar cintos, mas o A330 foi bastante estável na travessia, balançou bem pouco.
Foi um voo muito tranquilo e chegamos por volta das 21h, hora de Fortaleza.
Ponto negativo
Ao fim do voo, umas duas horas antes de chegarmos a Fortaleza, as luzes da cabine foram ligadas e uma espécie de ceia foi servida, o sanduíche de atum. Algo que não foi bom é que, após as luzes da cabine serem ligadas, não foram mais desligadas até uns 20 segundos antes do toque na pista.
Exatamente, com a escuridão da noite lá fora, passamos duas horas com a luz mais intensa da cabine incomodando os olhos. Interceptamos, inclusive, o eixo da pista (aproximação final) com as luzes totalmente acesas, tendo sido apagadas em parte bem próxima do toque.
Nas dezenas de voos que faço, minha impressão é de que as luzes são inteiramente ligadas em momentos de serviço de bordo, dentre outros; porém, são convenientemente desligadas “para o conforto dos passageiros”, algo que não ocorreu no retorno de Lisboa com a Hi Fly – TAP.
Pedi aos comissários que as luzes pudessem ser apagadas ou reduzidas após o jantar, porém informaram que não seria possível. Ainda, a redução das luzes, ou até a ausência de luz interna, privilegia a melhor percepção visual para os passageiros após o pouso.
Em caso de evacuação da aeronave, os olhos não podem estar “encadeados” pela iluminação interna, para que se enxergue, da melhor forma possível, o que ocorre no exterior da aeronave.
Perguntei à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) sobre as regras que balizam a iluminação noturna das cabines de passageiros.
Conforme o órgão, "o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) n.º 91 estabelece os requisitos de operação de equipamentos como luzes em aeronaves civis. No entanto, especificações sobre a utilização desses equipamentos em voo seriam melhor respondidas pela própria companhia que operou o voo ou pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), uma vez que procedimentos específicos em tráfego aéreo são uma seara específica dos órgãos de controle desse segmento. Também pode ser necessário atentar às regras de tráfego aéreo especificadas pelo país de origem da companhia aérea, uma vez que se trata de uma empresa internacional.”
Após receber a resposta, perguntei à TAP sobre as razões para as luzes internas terem permanecido acesas por quase duas horas e na hora do pouso, porém, até a publicação desta coluna, não recebemos resposta. O espaço segue aberto.
Hi Fly em Fortaleza
Quando do anúncio do início da operação terceirizada com a Hi Fly em maio, a TAP nos informou que “até o fim do ano, a TAP não pode adquirir mais aviões. Em certas situações e por questões operacionais, precisam efetuar algumas alterações nas nossas rotas".
"Neste caso de Lisboa–Fortaleza, optamos por não reduzir nenhuma frequência, e sim utilizar a Hi Fly para operar alguns voos no período de junho, julho a agosto. Um transporte aéreo certificado e reconhecido internacionalmente e que a TAP escolheu por ser semelhante à oferta que disponibilizamos para os nossos clientes", disse.
Ademais, há um card de informações no bolsão de cada assento sobre as operações da Hi Fly a serviço da TAP. Várias perguntas que recebi de leitores podem ser respondidas abaixo.
Quais são os padrões de qualidade e segurança da Hi Fly?
Todas as companhias aéreas parceiras da TAP Air Portugal operam em conformidade com as regulamentações da IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos) e estão dentro dos padrões de segurança e qualidade da TAP.
Quais são os meus direitos de passageiro?
Neste voo, os seus direitos são os mesmos que teria num voo operado pela TAP.
Qual é o idioma da tripulação?
A tripulação fala inglês, português e espanhol e alguns elementos falam outras línguas.
Como é a cabine deste avião?
A configuração das cabines é semelhante à da frota da TAP.
Como são as refeições e o restante serviço a bordo?
A bordo deste voo, os serviços de refeição, bebidas e outros produtos são os mesmos que os oferecidos pela TAP nesta rota.
Que opções de entretenimento a bordo e Wi-Fi estão disponíveis?
O entretenimento a bordo oferecido pela Hi Fly é diferente do da TAP. Pode utilizar os seus dispositivos móveis para ver filmes, séries, ouvir música, ler revistas ou acompanhar o voo no mapa.
Para aceder a estas opções de entretenimento, ligue-se à rede Wi-Fi STREAM4U, siga as instruções e utilize o código QR que se encontra nas costas do assento à sua frente.
O avião não tem serviço de internet a bordo.
Existem tomadas elétricas e USB nos assentos, que permitem carregar os seus dispositivos durante o voo.
Vou acumular milhas nesse voo?
Sim, se adicionou o seu Número de Cliente TAP Milhas&Go à sua reserva, vai acumular as milhas correspondentes a esta viagem.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.