Ceará negocia com Latam e Azul voos no Aeroporto de Aracati
O Governo do Ceará está em tratativas com Latam e Azul para viabilizar voos comerciais para o Aeroporto de Aracati, no litoral leste do estado. A cidade é a porta de entrada para uma das praias mais visitadas do Ceará, Canoa Quebrada, além de destinos como Fortim e Icapuí.
A articulação é conduzida pela Secretaria de Turismo (Setur), sob liderança de Eduardo Bismarck, que tem buscado devolver voos comerciais para a cidade, que está sem operações desde a saída da Azul Conecta em março de 2025.
“Aracati está sem voos, precisamos estruturar uma abertura de base e operação lá”, informou à Coluna.
O secretário defende que a rota mais estratégica para Aracati seria uma ligação direta com São Paulo, e não com Fortaleza. “Esse voo de curta distância, como Fortaleza–Aracati, não vinga. Tem que ser de longa distância e de média distância”, explicou. “De média distância, com Embraer, performa melhor”, completou.
O secretário se refere aos novos jatos E-2 da fabricante brasileira, que a Azul já possui e que a Latam passará a receber a partir do segundo semestre de 2026.
Segundo Bismarck, a Latam e a Azul já receberam os pedidos de implementação de voos e estão analisando as propostas. A Gol teria recusado proposta de implementar voos a Aracati.
Vale lembrar que a Azul operou desde antes da pandemia com ATRs no aeroporto Dragão do Mar, em voos triangulares entre Recife e Mossoró-RN.
Aracati recebeu na alta estação entre 2020 e 2021 voos sazonais, inicialmente com os Embraer E2, e depois voos semanais com o Airbus 320 Neo entre Campinas e Natal com escala em Mossoró.
Procurada, a Latam informou que sempre estuda oportunidades de ampliar sua malha e qualquer nova operação será comunicada oportunamente.
Subvenção para voos em Aracati
Bismarck foi questionado se caberia ao estado fazer subvenção (auxílio financeiro) específica para operação para “chacoalhar o aeroporto”, como têm feito outros destinos, como Parnaíba, e provavelmente, Campina Grande.
As operações em Parnaíba levaram um modelo muito semelhante à subvenção criada pelo estado para permitir voos entre Juazeiro do Norte e Fortaleza.
“Cabe sim, a depender da operação”, disse Bismarck.
A expectativa é que, com apoio financeiro, Aracati possa reintegrar o rol de cidades com voos comerciais relevantes do Nordeste brasileiro.
Concessão de aeroportos regionais
Como informado pelo Diário do Nordeste, o aeroporto de Aracati será concedido à iniciativa privada. A falta de voos comerciais e de receitas relevantes podem ser entraves ao despertar de interessados à concessão.
Em 2025, apenas 9 passageiros comerciais passaram pelo aeroporto, segundo números da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com as operações da Azul Conecta, que deixou o Ceará no 1º trimestre de 2025.
O fluxo de caixa esperado pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) nas operações do aeroporto de Aracati ao operador é da ordem de R$ 181 milhões de reais negativos em 30 anos, algo realmente desafiante para interessados.
Como o valor pode ser viabilizado, reduzindo-se o valor de concessão em grandes aeroportos nacionais, a estratégia pode ser vencedora.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.