Ceará negocia com Latam e Azul voos no Aeroporto de Aracati

Escrito por
Igor Pires igor.aer.ita@gmail.com
(Atualizado às 10:36)
Legenda: Aracati está sem voos comerciais atualmente.
Foto: Fabiane de Paula.

O Governo do Ceará está em tratativas com Latam e Azul para viabilizar voos comerciais para o Aeroporto de Aracati, no litoral leste do estado. A cidade é a porta de entrada para uma das praias mais visitadas do Ceará, Canoa Quebrada, além de destinos como Fortim e Icapuí. 

A articulação é conduzida pela Secretaria de Turismo (Setur), sob liderança de Eduardo Bismarck, que tem buscado devolver voos comerciais para a cidade, que está sem operações desde a saída da Azul Conecta em março de 2025.

“Aracati está sem voos, precisamos estruturar uma abertura de base e operação lá”, informou à Coluna.

O secretário defende que a rota mais estratégica para Aracati seria uma ligação direta com São Paulo, e não com Fortaleza. “Esse voo de curta distância, como Fortaleza–Aracati, não vinga. Tem que ser de longa distância e de média distância”, explicou. “De média distância, com Embraer, performa melhor”, completou.

O secretário se refere aos novos jatos E-2 da fabricante brasileira, que a Azul já possui e que a Latam passará a receber a partir do segundo semestre de 2026.

Segundo Bismarck, a Latam e a Azul já receberam os pedidos de implementação de voos e estão analisando as propostas. A Gol teria recusado proposta de implementar voos a Aracati.

Vale lembrar que a Azul operou desde antes da pandemia com ATRs no aeroporto Dragão do Mar, em voos triangulares entre Recife e Mossoró-RN.

Aracati recebeu na alta estação entre 2020 e 2021 voos sazonais, inicialmente com os Embraer E2, e depois voos semanais com o Airbus 320 Neo entre Campinas e Natal com escala em Mossoró.

Procurada, a Latam informou que sempre estuda oportunidades de ampliar sua malha e qualquer nova operação será comunicada oportunamente.

Subvenção para voos em Aracati

Bismarck foi questionado se caberia ao estado fazer subvenção (auxílio financeiro) específica para operação para “chacoalhar o aeroporto”, como têm feito outros destinos, como Parnaíba, e provavelmente, Campina Grande.

As operações em Parnaíba levaram um modelo muito semelhante à subvenção criada pelo estado para permitir voos entre Juazeiro do Norte e Fortaleza.

“Cabe sim, a depender da operação”, disse Bismarck.

A expectativa é que, com apoio financeiro, Aracati possa reintegrar o rol de cidades com voos comerciais relevantes do Nordeste brasileiro.

Concessão de aeroportos regionais

Como informado pelo Diário do Nordeste, o aeroporto de Aracati será concedido à iniciativa privada. A falta de voos comerciais e de receitas relevantes podem ser entraves ao despertar de interessados à concessão.

Em 2025, apenas 9 passageiros comerciais passaram pelo aeroporto, segundo números da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com as operações da Azul Conecta, que deixou o Ceará no 1º trimestre de 2025.

O fluxo de caixa esperado pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) nas operações do aeroporto de Aracati ao operador é da ordem de R$ 181 milhões de reais negativos em 30 anos, algo realmente desafiante para interessados.

Como o valor pode ser viabilizado, reduzindo-se o valor de concessão em grandes aeroportos nacionais, a estratégia pode ser vencedora.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor. 

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