O Aeroporto Internacional de Fortaleza teve a pior alta estação desde o ano de 2010. Entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, foram registrados 1.029.827 passageiros pagos e não-pagos.
Entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, passaram pelo terminal da capital cearense 1.029.048 de viajantes. As informações não consideram o período da pandemia de Covid-19 (2020 e 2021). Os dados são da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Não o bastante, foi o pior janeiro em 15 anos. Foram 537.773 passageiros em janeiro de 2024, contra 504.605 em janeiro de 2010.
Incrivelmente, o mês de janeiro de 2024 foi bem pior que igual mês do ano passado, que marcou a saída da Gol de Fortaleza.
No Nordeste, o Aeroporto do Recife movimentou 934.694 passageiros, enquanto o Aeroporto de Salvador registrou 755.491 viajantes.
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Novamente, o mês foi muito ruim devido à Gol. Em 2023, a companhia fez 500 decolagens em Fortaleza; em 2024, foram 469 decolagens.
Em Salvador, a Gol fez 1.244 decolagens, e em Recife, 643.
A coluna procurou a Secretaria do Turismo do Ceará (Setur), mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
Fortaleza está com a pecha de cidade cara de se operar. Tudo isso porque é mais longe 20 minutos de Recife a partir de grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Com um janeiro desse, que contamina fevereiro, vai ser difícil de puxar 2024 para cima. O “poço” parece não ter fundo e 2023 pode ter sido apenas um fundo falso.
Bom para as companhias, ruim para os cearenses e turistas
Com menos assentos e voos lotados, os preços das passagens vão às alturas. O Pinto Martins continua uma mina de ouro para as companhias.
O índice de ocupação geral dos voos foi muito alto (86%). O índice garante às companhias operar com preços elevados e ter lucro é garantido.
Genuinamente, a única companhia que podemos celebrar incremento de operações é a Azul que cresceu 5,5% na oferta de assentos entre janeiro de 24 e de 23.
Mas e a Passaredo que cresceu 108%? É de se enaltecer o crescimento, e fizemos isso, quando celebramos o início dos voos para Mossoró, Campina Grande, Noronha e Juazeiro.
Globalmente, porém, esse incremento ocorreu para que a Latam retirasse operações de Fortaleza, para fins de manutenção de benefício fiscal.
Latam e Voepass são parceiras. Neste contexto, a Latam retira um Airbus 320 de 174 assentos e coloca um ATR 72 de 70 lugares. Consequentemente, o cearense paga mais caro no bilhete.
A Gol mais uma vez decresceu muito e a Latam mostrou que, por hora, o Ceará é só um instrumento para pagar quase nada de ICMS. Uma pena.
Para 2024, demos algumas notícias que podem fazer um ano mais fácil. Porém, tudo isso com a Gol em recuperação judicial e podendo perder aeronaves, quando queria crescer.
O Plano de Incentivos da Fraport ainda parece algo que vai computar muito pouco para 2024, isso porque o nível de operações previstas das companhias aéreas (dia 19/02) ainda está abaixo do baseline deles.
A Fraport inclusive viu seu outro aeroporto nacional, Porto Alegre, também ter um janeiro de 2024 pior que janeiro de 2023, decresceu 2,2%. O que fazer?
O internacional vai bem sim e devemos ganhar mais voos ao longo do ano.
Todas as cartas parecem estar sobre a mesa, há muito trabalho a ser feito: Governo, Fraport, Companhias Aéreas, trade turístico.
O Aeroporto de Fortaleza não tem números de uma grande cidade turística.