O que explica uma perda gestacional tardia?
Especialista aponta causas possíveis, sintomas de alerta e reforça a importância do pré-natal
Nesta semana, a apresentadora Tati Machado e a atriz Micheli Machado comoveram as redes sociais ao revelarem a perda de seus bebês em fases avançadas da gestação.
Tati, grávida de 33 semanas, procurou atendimento médico ao notar que o bebê não se mexia. No hospital, foi constatada uma parada cardíaca, cuja causa ainda está sendo investigada.
Micheli, grávida de nove meses da segunda filha com o ator Robson Nunes, também enfrentou uma perda semelhante. Ela foi internada às pressas para uma cesariana de emergência, após os médicos confirmarem a ausência de batimentos cardíacos do bebê.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), perdas gestacionais tardias são aquelas que ocorrem após a 28ª semana de gestação. Estima-se que, globalmente, cerca de 2 milhões de fetos morrem a cada ano nesse período da gravidez.
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Causas possíveis: placenta, pressão alta e diabetes
O ginecologista e obstetra Daniel Diógenes, em entrevista à rádio Verdinha FM, explicou que a perda gestacional é mais comum nos primeiros três meses — quando ocorre o abortamento. A morte fetal tardia, embora menos frequente, pode estar relacionada a condições clínicas que poderiam ser identificadas com antecedência, em muitos casos.
“As causas mais comuns estão associadas à insuficiência placentária, frequentemente provocada por pressão alta, trombofilias ou diabetes gestacional não controlada. São quadros que podem evoluir silenciosamente e levar à parada cardíaca fetal. A falta de um pré-natal de qualidade também pode trazer prejuízos para o feto”, explica o especialista.
Gravidez semana a semana: cada fase importa
A notícia das perdas também expõe a vulnerabilidade que a gestação carrega. Entre o medo e a esperança, a gestante vive uma contagem cuidadosa, semana a semana. Segundo Diógenes, o risco zero não existe, nem mesmo no parto.
“Estar grávida é um momento delicado, que envolve riscos até o nascimento. Vale frisar que quando essa mulher tem um bom acompanhamento pré-natal, com realização de exames e ouvindo recomendações médicas, o risco de acontecer uma tragédia é menor, mas infelizmente ele não é zero. Sabemos que inclusive no parto, seja vaginal ou cesariana, podem ocorrer complicações graves para a mãe e para o feto”, ressalta.
Sinais de alerta: quando procurar ajuda
A atenção aos movimentos fetais é fundamental. A diminuição da atividade do bebê pode ser um dos primeiros sinais de alerta.
Outros sintomas que devem ser avaliados com urgência:
• Aumento repentino da pressão arterial;
• Dor de cabeça persistente;
• Cólicas intensas ou dor pélvica;
• Sangramentos;
• Perda de líquido.
“Qualquer sinal incomum precisa ser valorizado. O ideal é procurar o obstetra, fazer exames, ultrassonografias e verificar se está tudo bem com o bebê”, orienta o médico.
Obesidade na gestação: risco silencioso
Outro fator de risco que tem chamado atenção dos especialistas é a obesidade materna. Conforme Diógenes, muitas gestantes já iniciam a gravidez com sobrepeso, o que pode agravar o quadro ao longo dos meses.
“A paciente pode não sentir nada, mas estar com níveis elevados de glicose, colesterol alto e síndrome metabólica. Isso aumenta significativamente o risco de complicações”, alerta.
Apoio familiar e assistência médica são fundamentais
A experiência da maternidade é transformadora, mas também cheia de incertezas. O acompanhamento médico, aliado ao apoio familiar, forma a principal rede de proteção para a gestante.
• Qualquer sintoma fora do comum deve motivar uma busca imediata por atendimento médico;
• Mulheres com fatores de risco devem realizar consultas e exames com mais frequência;
• Familiares e parceiros devem estar atentos e envolvidos no processo.
A perda gestacional tardia é um tema sensível e doloroso, mas que precisa ser discutido com responsabilidade e empatia. Informar-se e estar atento aos sinais pode fazer a diferença.