Maternidade real existe?
O termo ganhou as redes sociais com conteúdos mostrando o lado sem filtro de ser mãe
Acompanhando tantas abordagens nesse mundo digital, parei em um questionamento interessante: até que ponto a experiência do outro é válida para a minha realidade? Estamos na temporada das retrospectivas, onde a trend do "como vou ser triste em 2024 se eu..." reforça a nossa busca por reconhecimento.
Na rotina da mulher mãe, a sobrecarga de tarefas nos faz ter a impressão de que não estamos dando conta. Encontrar equilíbrio tem sido uma tarefa difícil. A modernidade oferece recursos e habilidades que podem mudar o nosso roteiro. Validar as nossas próprias conquistas é ainda mais relevante.
Veja também
É comum encontrar mulheres mães que se sentem culpadas por não conseguirem atender a todas as demandas impostas pela sociedade e por elas mesmas. Difícil não fazer parte dessa lista quando você coloca suas necessidades em comparação com a responsabilidade de criar um filho. Eu vejo duas estruturas distintas, que precisam ser validadas.
Famosas como Thaila Ayala compartilham suas frustrações, dificuldades e aprendizados com a maternidade. Em alguns relatos, a mãe do Francisco e da Tereza apareceu bastante vulnerável. No Instagram, ela chorou ao comentar as dificuldades da amamentação. Carregando o roteiro das inseguranças de ser mãe, a artista criou o videocast Mil e Uma Tretas, onde ela aborda a maternidade real em um bate papo descontraído.
Autocuidado
Entre viver nossos dilemas e acompanhar os movimentos da sociedade, que espaço nos resta? Se tudo é tão roteirizado e existe um padrão para viver cada tipo de experiência, no mínimo, posso ser levada a problematizar uma situação simples da vida.
Tenho tentado ser mais generosa com as minhas ações e reações diárias. É tão comum parar para ouvir e compreender o outro, porque será que é difícil fazer isso por você mesma? Precisamos prestigiar e dar mais valor para toda essa construção que chamamos de vida. Talvez, o real seja inalcançável a partir da validação que você tanto procura.
Lembrei de um trecho do livro “Uma Mente Livre: Como se Direcionar ao que Realmente Importa”, do Dr. Steven C. Hayes, onde ele reflete histórias de quem você é e quem são os outros em relação a você. Nelas, reparamos no que temos de especial, e esperamos que isso nos conceda um lugar. Quando nos apegamos, passamos a defender essas histórias como se a nossa vida dependesse delas, o que gera alienação, não conexão verdadeira.
Jogar luz sobre as nossas sombras é um exercício necessário para viver a maternidade com liberdade. Escutei um dia desses que o amor-próprio cura muitas dores invisíveis, essa fala faz muito sentido para mim e talvez transforme algo em você.