Venda da Enel Ceará na reta final. Equatorial e CPFL brigam por ela

Valor de mercado da Enel Distribuição Ceará era, no ano passado, de R$ 8,5 bilhões, o mesmo valor da Receita Líquida da empresa em 2022.

Legenda: Enel Distribuição Ceará tinha, em 2022, valor de mercado de R$ 8,5 bilhões.
Foto: Fabiane de Paula / SVM

Uma fonte desta coluna ligada ao setor elétrico nacional disse ontem, terça-feira, 1º de agosto, à coluna que o processo de venda da Enel Distribuição Ceará – empresa controlada pela gigante italiana Enel que tem o monopólio da distribuição de energia na geografia cearense – “entrou na reta final”. 

A informação foi confirmada por uma fonte da própria Enel, que adiantou que o processo está sob análise do setor de fusões e aquisições do grupo italiano. 

Estão disputando a Enel Ceará duas portentosas empresas: a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), controlada pela multinacional chinesa State Grid, que é estatal, e a Equatorial Energia, uma holding que atua na transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica em vários estados brasileiros.

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O valor de mercado da Enel, segundo apurou a coluna, é estimado em R$ 8,5 bilhões. O contrato da Enel Distribuição Ceará com o Governo do Estado vencerá em 2028.

Consultores em energia ouvidos pela coluna explicaram que o grupo controlador da Enel Ceará quer desfazer-se do negócio cearense para centrar seus investimentos em áreas mais rentáveis, com os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro e, ainda, em projetos de energias renováveis.

Ontem, surgiram informações de que a Equatorial – que em setembro do ano passado comprou a Enel Distribuição Goiás por R$ 1,7 bilhão – havia vencido a disputa com a CPFL, o que não se confirmou. Quando a análise da controladora for concluída, o grupo Enel publicará um Fato Relevante anunciando o nome da vencedora.

No exercício de 2022, a Enel Ceará alcançou uma receita bruta de 12,2 bilhões, um pouco maior do que o registrado no ano anterior, que foi de R$ 12,1 bilhões.
 
A receita líquida de 2022 bateu em R$ 8,5 bilhões, maior do que a de 2021, que foi de R$ 8,1 bilhões.

O número de clientes da Enel Ceará alcançou, no ano passado, 4,2 milhões, dos quais 2,3 milhões se referem a consumidores residenciais convencionais e 1,0 milhão a consumidores residenciais de baixa renda. 

Na área da indústria, segundo o balanço da Enel Ceará referente ao ano de 2022, a empresa tinha em 31 de dezembro do ano passado 5.823 clientes; na área comercial, 182,0 mil clientes; na área, 539,6 mil clientes.

Neste ano, a Enel inaugurou no Ceará duas novas subestações – uma em Itapipoca, na Praia da Baleia, outra em Porteiras, na qual foram investidos R$ 27 milhões. 
 
No próximo mês de setembro, serão inauguradas as subestações de Guaraciaba do Norte, no Noroeste do estado, e Itaperi, na Região Metropolitana de Fortaleza. 

Nos últimos quatro anos, a Enel Distribuição Ceará investiu na área de sua atuação R$ 4,3 bilhões. 

No ano passado, foram construídas e inauguradas as subestações de Pindoretama, Pacatuba, Itarema e Paracuru, com o que seus investimentos alcançaram R$ 1,5 bilhão em 2022.

A venda da Enel Distribuição Ceará vem sendo acompanhada com atenção, também, pelo governo do Estado, que se preocupa com a oferta de energia elétrica, com sua transmissão e distribuição.

Os projetos de geração de energias renováveis – destacadamente a solar fotovoltaica e a eólica onshore (em terra firme) – encaram problemas da falta de linhas de transmissão, e este é um gargalo que cresce à medida em que também cresce o número desses projetos, parte dos quais se localiza em áreas distantes das subestações e das Linhas de Transmissão (LTs).  

A Enel Distribuição enfrenta problemas de caixa, e este não é algo desconhecido do mercado porque ele também existe em distribuidoras de outros estados. Empresas industriais, principalmente da construção civil, e estabelecimentos da agropecuária têm reclamado da demora da Enel em fazer novas ligações ou em atender a casos de interrupção do fornecimento de energia. 

A venda da empresa, que agora se encaminha para a reta final, deverá trazer um alívio para os diferentes da economia estadual, mesmo porque a Equatorial e a CPFL são companhias altamente capitalizadas e com expertise na área.