Chegou a esperada quarta-feira, 2 de agosto, dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, começará, na opinião de 100% dos economistas, um ciclo de redução da taxa de juros Selic, que há um ano se mantém no patamar de 13,75%.
A única dúvida sobre a decisão do Copom é sobre o percentual dessa redução: 0,25%, que estaria mais adequada à atual diretoria do Banco Central, ou 0,50%, como esperam o governo e boa parte dos analistas do mercado.
Os nove integrantes do Copom – que compõem a diretoria do Banco Central – estão reunidos desde ontem sob forte pressão do governo, isto é, do presidente Lula, do seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e, também, das lideranças da indústria, do comércio, da agropecuária e até dos banqueiros, que também consideram muito elevadas as atuais taxas de juros da economia brasileira.
Da reunião estão participando os dois novos diretores do Banco Central, os economistas Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, e Ailton de Aquino, diretor de Fiscalização.
Assim, tendo em vista que ambos estão alinhados ao pensamento do governo, espera-se o seguinte: só haverá unanimidade se a decisão for pela redução de 0,50%.
Se a maioria dos diretores do BC decidir por uma queda de 0,25%, Galípolo e Aquino votarão contra.
O presidente do Banco Central, economista Roberto Campos Neto, cujo mandato terminará em dezembro de 2024, tem feito advertência sobre a resistência do núcleo da inflação do setor de serviços, que segue alto.
Outra preocupação de Campos Neto é quanto ao arcabouço fiscal, que, embora seja uma correta iniciativa para substituir o teto de gastos, ainda não foi aprovado pelo Congresso, estando de novo sob análise da Câmara dos Deputados, que deverá vetar algumas exceções incluídas na proposta pelo Senado Federal. Isto preocupa a autoridade monetária, que também olha com apreensão a pouca disposição do governo de reduzir seus gastos.
Ontem, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou seu primeiro dia de agosto em queda de 0,57%, aos 121.248 pontos. O dólar, por sua vez, subiu 1,27%, encerrando o dia cotado a R$ 4,789.
As perdas mais impactantes do pregão de ontem foram das ações da Vale, que recuaram 1,39%, e da Petrobras: as ordinárias caíram 2,10%, enquanto as preferenciais perderam1,64%.
Contribuíram para a queda dos papeis da Petrobras as notícias de que a empresa aumentaria os preços dos combustíveis.
Seu presidente, Jan Paul Prates, que se reuniu ontem, com sua diretoria, com o presidente Lula, negou a informação. Mas à noite saiu a notícia de que a Petrobrás aumentou em 4% o preço do querosene de aviação, o que, certamente, terá impacto no preço das passagens aéreas.
A Vale foi prejudicada por novas notícias da China, cuja economia, no pós-Covid, não se recupera com a força que se esperava, e isto implica no preço das commodities minerais, que caem.
Ontem, também caiu um pouco o preço do petróleo, e foi também por causa da economia chinesa, cujo governo promete um pacote de medidas para impulsioná-la via financiamento para a a compra da casa própria, de carros elétricos e de eletrodomésticos.
Amanhã, quinta-feira, 3, a Petrobras divulgará seu balanço do segundo trimestre deste ano.
Já se sabe que 45% do seu Lucro Líquido serão destinados à distribuição de dividendos. Quem tem ações da Petrobras ficará feliz.