Em nota transmitida a esta coluna, a Cia. de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP S/A) posicionou-se sobre a informação – divulgada por esta coluna ontem, quarta-feira, 3, segundo a qual os 1,6 GW que seriam gerados pela Usina Termelétrica do consórcio Portocém no Complexo do Pecém serão produzidos, agora, em Barcarena, no Pará, e no Terminas Gás Sul, em Santana Catarina.
A curta nota da CIPP é a seguinte: “O projeto da Portocem não terá mais continuidade como foi concebido inicialmente, porém a empresa mantém o pré-contrato com a ZPE Ceará, buscando outra configuração viável nos próximos leilões de energia.”
Ontem, confirmando informação aqui divulgada no dia 12 de dezembro passado, a norte-americana New Fortress Energy (NFE) anunciou que, por meio de acordo, assumirá as obrigações e a receita do contrato de reserva de capacidade de 1,6 GW da Usina Termelétrica Portocém, subsidiária da também norte-americana Ceiba Energy, em troca de ações preferenciais conversíveis da NFE.
Esta informação foi divulgada na tarde de ontem, 3, pelo site da EPBR, uma agência de notícias especializada em assuntos de energia, petróleo e gás.
Assim, tudo o que a UTE Portocém pretendia gerar no Complexo Industrial e Portuário do Pecém será transferido para os terminais de GNL (Gás Natural Liquefeito) que a New Fortress Energy possui no Brasil e que estão localizados em Barcarena, no Pará, e no Terminal Gás Sul (TGS), em Santa Catarina.
Ambos devem entrar em operação nas próximas semanas.
De acordo com a EPBR, o contrato com duração de quinze anos prevê o pagamento de US$ 280 milhões por ano à NFE, e foi vencido pela UTE Portocém no 1º Leilão de Reserva de Capacidade de Potência, realizado em dezembro de 2021 pela Aneel.
A conclusão da transação está sujeita à aprovação da agência reguladora, diz a EPBR.
Ainda de acordo com o site da EPBR, a NFE espera que a transação seja concluída no próximo mês de março, com os fluxos de caixa do projeto previstos para começar, no máximo, em julho de 2026.
“Estamos extremamente satisfeitos por expandir nossos negócios no Brasil e consolidar a NFE como fornecedora líder de energia limpa e confiável para uma das economias de crescimento mais rápido do mundo”, disse Wes Edens, CEO da New Fortress Energy.
O projeto da Usina Termelétrica Portocém, movida a gás, representaria um investimento de R$ 4,7 bilhões no Complexo do Pecém. Mas ele foi inviabilizado desde o momento em que a Shell – que forneceria o gás natural para a usina – anunciou sua retirada do negócio.
A Ceiba Energy, líder do consórcio Portocém, tentou várias saídas para a viabilização do empreendimento e a última que restou foi a transferência para a New Fortress da responsabilidade de gerar, até 2026, 1,6 MW de energia, conforme determina o leilão de 2021.
Com instalações industriais prontas e em operação nos seus terminais de gás natural no Pará e em Santa Catarina, a New Fortress Energy não terá dificuldade para cumprir o prazo estabelecido pelo leilão.
Neste momento, está sem operar – por falta de gás natural – a usina termelétrica da Eneva, uma gigante do setor de energia, que está instalada no Complexo do Pecém. No último dia 28 de dezembro, a Petrobras suspendeu o fornecimento de gás à UTE da Eneva, que, simplesmente, paralisou suas atividades.
Uma política de gás natural, para ter sucesso, depende de demanda. Sem a Portocém e sem a Eneva, a demanda cearense fica restrita ao esforço da Cegás, que agora trabalha na motivação de grandes empresas de transporte rodoviário do Ceará no sentido de que substituam o óleo diesel consumido por sua frota de caminhões pelo gás natural que ela fornece.
Esse gás natural da Cegás já abastece a frota de táxis de Fortaleza.