Transnordestina desiste de Suape e põe todo foco em Pecém

Além da ferrovia ligando o polo agrícola do Sul do Piauí ao porto cearense, a empresa do Grupo CSN, de Benjamin Steinibruck, terá um centro para receber e distribuir mercadorias e um TMUT no Pecém

Legenda: As obras da Ferrovia Transnordestina foram iniciadas em 2006 e estão longe de ser concluídas
Foto: Antônio Vicelmo / Diário do Nordeste

Lembram-se da Ferrovia Transnordestina, a estrada de ferro que ligará as fontes de produção de soja, milho e algodão do Piauí e as de gesso do pernambucano município de Araripina aos portos do Pecém, no Ceará, e de Suape, em Pernambuco? 

Pois saibam que a Transnordestina Logística, empresa que tem a concessão da União para a implantação e operação do empreendimento, decidiu na semana passada devolver ao poder concedente – o Governo Federal – o trecho pernambucano que levaria a ferrovia até Suape. 

Quem o revelou foi o jornal Valor Econômico, adiantando que a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional, do empresário Benjamin Steinbruck, controladora da Transnordestina) optou por executar, apenas, o trecho que ligará o Piauí até o porto cearense de Pecém, mas no prazo de sete anos. Repita-se: sete anos.

Veja também

Já faz 12 anos que a obra foi iniciada.

Para tirar Suape do caminho dos seus trilhos, a Transnordestina Logística celebrou com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) um aditivo contratual. 

Consequência do aditivo, a Ferrovia Transnordestina reduzirá sua extensão, que era de 1.700 Km, para 1.200 km. Ou seja, ela sairá de Elizeu Martins, no Piauí, e chegará Pecém, passando por Salgueiro (PE), extinguindo o segundo trecho de 500 Km entre Salgueiro e Suape. 

De acordo com o Valor, a direção da Transnordestina Logística concluiu que seria inviável, do ponto de vista econômico e financeiro, a construção e a operação do ramal pernambucano da ferrovia. Isto a levou a acertar com a ANTT o aditivo que permitirá o destravamento das obras, iniciadas em 2006. 

Trata-se de um projeto que, desde o seu início, enfrentou problemas. Por exemplo: desde 2017, está proibido o repasse de recursos públicos para o projeto da Transnordestina, de acordo com decisão tomada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Essa proibição, todavia, está sendo suspensa como consequência do aditivo.

Mas já estão concluídos 55% da obra. 

De acordo, ainda, com o Valor, a Transnordestina finalizará este 2022 com a construção e a conclusão de 815 km, dos quais 215 km somente neste ano corrente. 

Bem, esta coluna pode informar que a decisão da CSN teve péssima repercussão em Pernambuco, mas está consolidando a intenção do Grupo CSN, liderado por Benjamin Steinbruck ,de privilegiar o trecho de Elizeu Martins a Pecém, o que é muito bom para a economia do Ceará.

No porto cearense, a CSN tem planos de implantar não apenas um grande, moderno e sofisticado Centro de Recebimento e Distribuição de cargas sólidas e líquidas, para o que tem projeto de construção, inclusive, de um Terminal de Múltiplo Uso (TMUT) no porto do Pecém, em parceria com a CIPP S/A, a empresa que administra o seu Complexo Industrial e Portuário, da qual é sócia, com 30% do seu capital, a Autoridade do Porto de Roterdã.

Será em Pecém que a Transnordestina pretende centralizar suas operações de logística. O prazo de sete anos para a conclusão da obra de construção da ferrovia está adequado aos de início de operação dos primeiros projetos de geração de energia eólica offshore (dentro do mar cearense) que fornecerão energia limpa às grandes indústrias de produção de Hidrogênio Verde que se instalarão no futuro Hub do H2V de Pecém.

A cearense Construtora Marquise está executando as obras de implantação da Ferrovia Transnordestina no Ceará. Os trabalhos avançam obedientes ao cronograma estabelecido pela empresa contratante, que, por sua vez, se subordina ao calendário e aos valores das liberações dos recursos financeiros, o que é feito pela empresa controladora – a CSN. 

A Transnordestina tem tudo a ver com a ZPE do Ceará, com a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e com os futuros projetos de produção do H2V, pois seus trens deverão transportar para destinos nacionais o Hidrogênio Verde que será produzido no Ceará.

Resumindo: com a Transnordestina, o futuro da economia cearense é ainda mais promissor.