Sem poder baixar preço do diesel, Bolsonaro demite ministro

O presidente da República tira o almirante Bento Albuquerque do Ministério de Minas e Energia e nomeia o economista Adolfo Sachsida, indicado por Paulo Guedes. Olho no eleitorado fiel.

Legenda: Na foto, o economista Adolfo Sachsida, novo ministro de Minas e Energia
Foto: Agência Brasil

Informa o Palácio do Planalto! Substituição no Ministério de Minas e Energia (MME): sai o almirante Bento Albuquerque, entra o economista Adolfo Sachsida, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, cujo titular, ministro Paulo Guedes, o indicou ao presidente Bolsonaro, que o nomeou.

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Bento Albuquerque deixa o MME na esteira de duras e severas críticas do presidente da República contra os recentes aumentos de preços dos combustíveis. “Petrobras, estamos em guerra”, disse o presidente Jair Bolsonaro ao tomar conhecimento, na semana passada, do lucro da Petrobras no primeiro trimestre deste ano, que bateu no inédito e incrível patamar de R$ 44,5 bilhões.

Revoltado contra a diretoria da Petrobras, Bolsonaro trocou duas vezes o presidente da empresa: primeiro, tirou o general Joaquim Silva e Luna e colocou lá Adriano Pires, que foi bem recebido pelo mercado. Mas foi revelado que ele tinha conflito de interesses, porque clientes de sua empresa de consultoria eram fornecedores da Petrobras. Ele recusou o convite.

Bolsonaro, então, indicou José Mauro Coelho, que tomou pose no dia 14 de abril, ou seja, há menos de um mês.

O que acontecerá, agora? No mínimo, haverá relacionamento diferente do ministério de Minas e Energia com a Petrobras. O novo ministro Adolfo Sachsida é homem de confiança do ministro Guedes e, também do presidente Bolsonaro. 

Como a Petrobras é uma empresa com ações na Bolsa de Valores, mas controlada pelo Estado, e como, até agora, a política de preços da empresa segue a paridade internacional, o mercado teme que, em curto prazo, sejam deterioradas de novo as relações do MME, ou seja, do governo com a Petrobras.
 
Há um aspecto político que deve ser ressaltado: o presidente Bolsonaro não pode interferir na política de preços da Petrobras. Assim, as medidas que ele vem tomando, culminando agora com a demissão do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e a nomeação de Sachsida para o seu lugar, tem foco no seu eleitorado, que inclui os caminhoneiros.

Sem poder interferir na gestão da Petrobras, a Bolsonaro só resta mostrar para o seu público fiel que está revoltado com os aumentos de preços dos combustíveis. Para mostrar essa revolta, a única coisa que lhe resta é a trocar os postos de comando da cadeia ligada de gestão da política de petróleo & gás.