Reforma Tributária abre crise: municípios rompem com os estados

O Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda criou e instalou o Comitê Gestor do Imposto de Bens e Serviços sem dar lugar à representação dos municípios

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 04:50)
Legenda: Prefeitos de todo o aís reunidos na última Marcha Em Defesa dos Municípios (foto), em Brasília. A CNM rompeu com o Comsefaz,
Foto: Divulgação
Esta página é patrocinada por:

Atenção! Romperam relações a liderança política dos municípios brasileiros, representada pela sua Confederação Nacional de Municípios (CNM), e o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz). O CNM, liderado pelo seu presidente Paulo Ziulkoski, retirou-se do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (CGIBS), que, à revelia da CNM, criou e instalou o colegiado sem a participação de representante dos municípios. Tudo isto tem a ver com a Reforma Tributária, que virou Lei. 

Em nota ao público, distribuída ontem, sexta-feira, 1, Paulo Ziulkoski, afirma que a atitude do Comsefaz é “um ataque frontal à autonomia dos Entes Locais brasileiros e ao próprio pacto federativo”.  

A íntegra da nota é a seguinte: 

O movimento municipalista, liderado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), vem a público manifestar profunda indignação com os recentes acontecimentos envolvendo a instalação do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (CGIBS), estabelecido pela Emenda Constitucional 132/2023 e regulamentado pela Lei Complementar 214/2025. 

“Os Estados e o Distrito Federal, por meio do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (COMSEFAZ), tomaram atitude unilateral e arbitrária instalando - inclusive com a escolha de um presidente, nesta sexta-feira, 1º de agosto de 2025, sem a legítima e obrigatória representação dos Municípios, o CGIBS. Tal instalação representa não apenas uma violação flagrante da Constituição Federal, mas um ataque frontal à autonomia dos Entes Locais brasileiros e ao próprio pacto federativo

“É inadmissível que os Estados e o Distrito Federal, em clara demonstração autoritária e centralizadora, queiram usurpar aquilo que pertence aos Municípios por direito constitucional. O Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) é um tributo que será gerido conjuntamente por Estados, Distrito Federal e Municípios em regime de paridade obrigatória exigida pela nossa Constituição. Não aceitaremos, sob hipótese alguma, esse tipo de tratamento que discrimina os Municípios, retirando a sua vez e voz. Não nos consideramos entes menores no contexto federativo. Vamos lutar com a grandeza e convicção de que a vida das pessoas se desenvolve no território dos Municípios. Exigimos respeito e todas as medidas cabíveis serão tomadas para assegurar a normalidade constitucional diante desse grave ato de arbítrio antidemocrático

“A atitude dos Estados revela uma visão centralizadora e desleal, que busca deliberadamente excluir os Municípios do debate acerca do nosso próprio tributo, o tributo das nossas comunidades e cidadãos. Não podemos tolerar tamanho desrespeito, tampouco aceitar que decisões fundamentais sejam tomadas à revelia da plena participação dos representantes dos Municípios, atropelando as normas constitucionais e atacando diretamente a nossa autonomia política e financeira

“Diante dessa grave afronta institucional, a CNM declara publicamente a sua retirada formal do acordo de cooperação técnica estabelecido com os Estados e Distrito Federal, por não compactuar com ações que ferem diretamente os Municípios brasileiros. Esta é uma decisão de coerência, compromisso e respeito às garantias constitucionais dos Entes locais por ela representados. 

“Agora é hora de união e mobilização firme. Precisamos enfrentar juntos essa tentativa de nos diminuir e subjugar. É essencial que cada Município compreenda a gravidade dessa situação e manifeste clara e publicamente sua oposição a qualquer tentativa unilateral e autoritária dos Estados e do Distrito Federal. 

“Convocamos todos os gestores a se posicionarem fortemente contra essa grave violação, defendendo incansavelmente nossos direitos constitucionais, nossa dignidade institucional e a autonomia dos Municípios. Não é apenas uma questão de tributos, é uma questão de respeito, democracia e defesa do municipalismo