Projeto de Irrigação de Morada Nova troca arroz por camarão

A carcinicultura, ao contrário da rizicultura, consome pouca água, dá lucro maior e atrai agricultores para uma atividade que só faz crescer no Ceará. Mais: Supermercado Pinheiro e Ótica Visão parceiros

Legenda: Antigos agricultores tornam-se carcinicultores e criam camarão em tanques no Projeto de Irrigação de Morada Nova
Foto: Honório Barbosa

Mais antigo Projeto de Irrigação do Ceará, datado dos anos 60 do Século XX, o Morada Nova – construído e ainda administrado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) – substituiu as culturas tradicionais, absorvedoras intensivas de água, como a do arroz, e é agora um espaço que cultiva o que os agrônomos denominam de “produtos mais nobres”, preferencialmente o camarão.

 Neste momento, nos lotes irrigados onde antes havia uma caríssima rizicultura prospera em alta velocidade a carcinicultura, mobilizando já 148 criadores que, até pouco tempo atrás, trabalhavam na agricultura. Eles já instalaram o equivalente a 822 hectares em tanques de terra, uma área que se expande semanalmente. 

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Vice-presidente da Associação dos Produtores de Camarão do Ceará (APCC), professor do IFCE e, também, carcinicultor em Morada Nova, Ítalo Rocha não esconde seu otimismo. Ele conta que a pluviometria deste ano “eve a benção de Deus”, pois recarregou extraordinariamente o lenço freático de toda a área do projeto. 

Em algumas áreas do subsolo, essa recarga chegou aos 3 metros, “e por isto mesmo muitos produtores estão ampliando sua área de viveiros, algo impossível de ser feito durante a quadra chuvosa”. 

O professor ítalo Rocha criou um novo modelo de comporta pré-moldado, de concreto, que, além de reduzir custos, “pode funcionar durante 100 anos sem manutenção”. 

Os viveiros (tanques) têm comportas de madeira de 2,5 m de altura por 1,20 m de largura. A comporta serve para esvaziar o viveiro, na época em que se faz a troca de água, e, também, para manter o represamento.
   
A área dos viveiros varia de dois a oito hectares por criador. Detalhe: 80% desses noviços carcinicultores são filhos de tradicionais agricultores do Projeto de Irrigação de Morada Nova. 

Lá, a produtividade dos viveiros de camarão é de 3,5 toneladas por hectare/ciclo (o ciclo do camarão – desde o povoamento dos tanques até a despesca — é de 100 dias).

“É a nova geração do campo descobrindo as virtudes desse novo negócio”, comenta o agrônomo Zuza de Oliveira, um requisitado consultor em agropecuária, acrescentando uma vantagem comparativa: “O camarão usa pouca água, que fica represada no tanque, sendo renovada quando isso se faz necessário.”
Outra vantagem citada por Zuza de Oliveira é a existência de água no subsolo da geografia do Morada Nova: 

“Essa água é salobra, do jeito que o camarão gosta, e já existem lá cerca de 600 poços de pouca profundidade que garantem a água para os viveiros”, lembra ele.

Por que os antigos irrigantes do Morada Nova decidiram trocar as culturas antigas pela carcinicultura? Resposta simples: porque, além de ter custos bem mais baixos, a criação de camarão é muito mais rentável. Ponto. 

Eles estão a copiar o exemplo dos agricultores de outros municípios do Vale do Jaguaribe, como Jaguaruana, que, transformados hoje em carcinicultores, criam e vendem, à vista, todo o camarão que produzem. 

Há, porém, um gargalo – o licenciamento ambiental – para cuja solução trabalha com afinco a Associação dos Produtores de Camarãodo Ceará (APCC) junto à Superintendência Estadual do Meio Ambiente, cujos técnicos veem com bons olhos a atividade, que continua crescendo no Ceará.

A propósito: a exportação do camarão brasileiro para os países da Comunidade Europeia, que estava proibida, já recebeu sinal verde. A Camarão BR, entidade que congrega os maiores carcinicultura do país, presidida pelo cearense Cristiano Maia, já mantém contato com o Ministério da Agricultura, que emitirá as instruções de como serão retomadas as vendas para os europeus.

INSTITUTO BOM VIZINHO E OÓTICA VISÃO FZEM PARCERIA

Braço social do grupo Supermercado Pinheiro, o Instituto Bom Vizinho de Cultura e Responsabilidade Social, em parceria com a rede de lojas Óticas Visão, fez a entrega de 43 óculos para os alunos atendidos pela instituição. 

De acordo com a administração do Instituto, esta foi a segunda entrega de óculos, iniciativa que visa a prevenção da miopia e do astigmatismo entre os alunos.

Luna Vitória, de 13 anos, foi uma das alunas que ganharam óculos, após realização prévia de exame de acuidade visual. “É a primeira vez que uso óculos. Antes, eu tinha muita dificuldade para ler na escola. Agradeço demais por agora estar enxergando bem”, disse ela.

O Instituto Bom Vizinho é o braço social do grupo Supermercado Pinheiro. Fundado em 2019, atende atualmente cerca de 100 famílias da comunidade Paupina. 

O Instituto está instalado, num imóvel próximo ao Centro de Distribuição da rede, na BR-116, em Fortaleza.

Aulas de música, inglês, reforço escolar, informática, cultivo de horta e atendimentos psicológico e jurídico são oferecidos aos alunos em uma infraestrutura com quatro salas de aula, laboratórios, cantina e horta orgânica - com objetivo de prepará-los para além do mercado do trabalho, oferecendo desenvolvimento educacional e cultural, por meio do trabalho de voluntários e apoiadores.