Em pleno dia santificado, o Conselho de Administração da Petrobras, reunido extraordinariamente ontem, quinta-feira, 16, decidiu que a diretoria executiva da empresa tem liberdade para deliberar sobre aumento dos combustíveis.
E foi o que ela fez na manhã desta sexta-feira: a partir de amanhã, sábado, 18, o preço de venda de gasolina da estatal para as distribuidoras saltará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro.
Desde o dia 11 de março o preço da gasolina não era majorado.
O preço do óleo diesel, por sua vez, passará de R$ 4,91 para R$ 5,61.
Em nota ao mercado, a Petrobras explica:
“Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,81, em média, para R$ 2,96 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,15 por litro”.
Com relação ao diesel, a nota da empresa esclarece:
“A parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 4,42, em média, para R$ 5,05. Uma variação de R$ 0,63 por litro.”
Os postos de gasolina, com o faro apurado dos seus donos, trataram, desde ontem, de subir os preços dos produtos que vendem.
Amanhã, ao primeiro minuto do dia, readequarão esses preços à nova realidade, o que quer dizer que os preços subirão um pouco mais. Ou seja, o que fizeram ontem foi apenas um “approach”. O preço definitivo surgirá quando o relógio marcar zero hora e o calendário registrar 18 de junho.
Este novo aumento já repercute na área política. O presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, aliado do presidente Bolsonaro, ameaça abrir uma CPI para apurar as razões de tantos aumentos de preços dos combustíveis no Brasil.
Será providência desnecessária: é só acompanhar o que aconteceu com o preço internacional do petróleo imediatamente depois que se iniciou a guerra na Ucrânia, h´quase quatro meses.
E não foi só o petróleo que aumentou e vem aumentando. Todas as commodities minerais (como o minério de ferro) e agrícolas (como o trigo) dispararam, causando a explosão da inflação no mundo todo.
No caso da Petrobras, o que pode estar acontecendo é uma calibragem maior na elevação do preço dos combustíveis. Como se trata de uma empresa de capital aberto, com ações negociadas nas bolsas, tendo de prestar contas aos seus acionistas (e o governo da União é o controlador da empresa, portanto o maior beneficiário de sua política de dividendos), a Petrobras esteja vendo mais o lado econômico de sua atividade do que o lado social.
O presidente Bolsonaro, que já trocou três vezes seu ministro de Minas e Energia, está agora substituindo, também pela terceira vez, o presidente da Petrobras, cujas gestões registraram, no primeiro trimestre deste 2022, um lucro que o chefe do governo chamou de "estupro" (foram R$ 44,5 bilhões de lucro só entre janeiro e março deste ano).
Como a política está polarizada e tudo tem a ver com a eleição presidencial deste ano, o novo aumento da gasolina e do óleo diesel é o combustível que faltava para atiçar ainda mais essa polarização.
A inflação deste mês de junho está sendo tonificada