Por falta d'água, Irrigação de Morada Nova está parando
Irrigantes apelaram ao Dnocs, que nada pode fazer: o açude Banabuiú, que abastece o perímetro, secou. E mais: 1) Economia brasileira produz boas notícias e expectativas; 2) Preço do petróleo em queda; 3) Na China, atividade industrial decepciona
Se não fosse pela novíssima carcinicultura, que está a utilizar a água salobra extraída do seu subsolo por meio de 600 pequenos poços de baixa profundidade para a criação de camarão, o Projeto de Irrigação de Morada Nova já teria sido declarado inviável.
Trata-se de um empreendimento muito bem projetado pelos técnicos do Dnocs com base em relatório de especialistas franceses que, na década de 60 do século passado, estudaram em profundidade todo o Vale do Jaguaribe.
Na prática, a inviabilidade do Morada Nova já é um fato – suas culturas tradicionais, desde a do arroz, extravagantemente absorvedora de água, até a do capim para alimentação dos rebanhos bovinos, já foram substituídas por outras por absoluta falta da matéria-prima, a água doce: o açude Arrojado Lisboa, popularmente chamado de Banabuiú, que abastecia o perímetro, secou e seguirá seco pelo resto deste 2022.
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Desesperadas, as centenas de irrigantes do Projeto de Irrigação de Morada Nova encaminharam em março passado à direção-geral do Dnocs um apelo no sentido de encontrar solução que lhes garanta o fornecimento da água indispensável à retomada de suas atividades agrícolas pela irrigação.
Apelo em vão: o Dnocs não lhes deu resposta, mesmo porque não há, pelo menos por enquanto, solução para o problema, que é a falta de água.
Resta, pois, a miraculosa atividade da criação de camarão, que se sustenta do lençol freático recarregado pelas chuvas da última estação, que elevaram em até 3 metros o nível de água sob o chão.
Os cearenses temos de louvar e agradecer a Deus pela excelente pluviometria da última temporada chuvosa. Ela recarregou os grandes açudes Orós e Castanhão e, também, todos os reservatórios que abastecem Fortaleza e sua Região Metropolitana.
Infelizmente, a má distribuição espacial das chuvas não permitiu a recarga de outras importantes barragens, como a do Banabuiú, que abastecia os canais principal e secundários do Projeto de Irrigação de Morada Nova.
E foi esse desacerto da natureza que levantou, agora, o véu da carência do Projeto de Irrigação de Morada Nova. Um especialista em recursos hídricos indica que houve falhas no relatório dos franceses.
Sem estudarem em profundidade as características do solo da região, sem levarem em conta sua vocação econômica e sua pluviometria, e provavelmente olhando apenas as curvas de maior intensidade das chuvas, os gauleses acreditaram que o empreendimento poderia produzir arroz, cultura para cuja produção é exigida água em abundância, um produto escasso no semiárido nordestino. Erraram e, agora, a natureza apresenta a fatura desse erro.
Assim, sem a água do açude Arrojado Lisboa, o Banabuiú, que hoje é só um grande reservatório vazio de tudo, até de esperança, o futuro próximo do Projeto de Irrigação de Morada Nova parece restringir-se à produção de camarão, uma vez que no seu subterrâneo há, em voluma suficiente, a água salobra de que gosta esse crustáceo para a sua reprodução.
Os irrigantes que investiram em projetos de produção de arroz, milho, feijão, capim e outras culturas estão, hoje, em situação desesperadora, porque o Dnocs ou o governo do Estado, por meio de seus organismos de recursos hídricos, acenou até agora com nenhuma providência prática.
Resumindo: o que foi um sonho nos anos 60 do Século XX virou agora um problema de difícil solução, a não ser que os especialistas definam uma alternativa que garanta o fornecimento de água ao Morada Nova.
ECONOMIA BRASILEIRA PRODUZ BOAS NOTÍCIAS E EXPECTATIVAS
São muito boas as notícias e as expectativas que produz a economia brasileira: desemprego em baixa – hoje na marca de 9,1%, bem menos do que os 12,3% de 2018; inflação em queda – o IPCA acumulado em 2022 está em 4,77%, enquanto o anualizado (de julho de 2021 a julho de 2022) está em 9,1% e com viés de baixa, segundo dados do IBGE, que registrou no mês passado deflação de 0,68%; e PIB em alta – a projeção dos economistas do Banco Itaú é de que o Produto Interno Bruto fechará 2022 na marca de 2,3%.
Em resumo, não são os astros, mas os números que conspiram a favor do Brasil neste ano de guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia (países que garantem 80% do abastecimento de fertilizantes para a ultra desenvolvida agricultura brasileira), de crise ambiental na Europa, onde o pouco que resta de floresta está pegando fogo, sem citar a ameaça crescente da China de invadir Taiwan, pondo em risco a paz na Ásia.
Um ligeiro passar de olhos por vários países de diferentes continentes revela que tem razão o ministro da Economia, Paulo Guedes, quando diz e repete que o Brasil, “está condenado a crescer pelos próximos 10 anos”. Ele se refere à saúde financeira dos estados e municípios, que pela primeira vez estão todos com suas contas no azul, graças à irrigação de recursos promovida pelo governo da União ao longo da pandemia.
Um exemplo das graves dificuldades que enfrenta a maioria dos países está ao Sul do Brasil – a Argentina, beirando a insolvência, enfrenta uma inflação que já chegou aos 70% e caminha para os 100% até o fim do ano, sem reservas suficientes para encarar as importações, taxando erradamente as exportações de seus produtos agrícolas e ainda enfrentando uma crise política que apartou o presidente Alberto Fernandez de sua vice Cristina Kirchner. Crise que resultou do populismo irresponsável.
Em outros países latino-americanos a crise só se agrava, e a culpa é da mesma matriz populista. Na Europa, a causa é a emergência energética causada pela dependência do gás e do petróleo russos, agravada pela crise ambiental. Os europeus não terão outra saída, que não aumentar as importações de alimentos produzidos no Brasil, providência que a China tomou há tempos.
A BOLSA E O DÓLAR
Ontem, a Bolsa de Valores, a B3, fechou o pregão, mais uma vez, em alta. Uma alta pequena, de 0,24%, mas suficiente para leva-la aos 113.031 pontos. Nos EUA, as bolsas também fecharam em alta, tirando proveito da redução das taxas de juros dos títulos do tesouro norte-americano com prazo de 10 anos, as quais recuaram 5,2 pontos para 2,79%.
Mas ontem as bolsas dos Estados Unidos e da Europa foram afetadas pela divulgação de dados da atividade econômica da China, que decepcionaram. Na segunda-feira, o governo chinês divulgou que a atividade industrial do país cresceu apenas 3,8% na base anual, quando se esperava um crescimento de 4,6%. As vendas do comércio varejista aumentaram 2,7%, frustrando as expectativas do mercado, que esperava uma alta de 5%. E a venda de imóveis recuaram 0,9%, ampliando a desconfiança, pois no mês anterior, de junho, também houve queda de 0,5%.
E o dólar fechou em alta de 0,35%, a R$ 5,09.
Na Ásia, onde já é noite, as bolsas de valores fecharam em altas que variaram de 0,1% em Hong Kong a 0,3% em Seul, na Coeia do Sul. A de Tóquio, no Japão, caiu 0,1%, tudo refletindo o sentimento de expectativa em relação à economia chinesa.
PETRÓLEO CAINDO
Hoje, o preço do petróleo está caindo de novo no mercado internacional.
O petróleo do tipo Brent, que é o importado pela Petrobras, está sendo negociado na Bolsa de Londres em queda de 1,20%, negociado a US$ 93,96 por barril.
O motivo é a notícia da baixa atividade industrial na China e a possibilidade de que seja retomado o acordo nuclear dos EUA e a Europa com o Irã, cujo petróleo passaria a abastecer o ocidente, aumentando, assim, a sua oferta.