Petrobras, Jean Paul Prates, esta coluna e a regulação offshore

Leitor do Diário do Nordeste, o presidente da Petrobras revela que sua empresa, ela mesma, prepara-se para investir em projetos de energia eólica no mar. Mas falta a regulação.

Legenda: Com expertise em águas profundas, a Petrobras prepara-se para gerar energia eólica dentro do mar
Foto: Agência Brasil

Para um jornalista que, há 64 anos, por vocação, se dedica ao trabalho de apurar e transmitir informações a seus leitores e teleouvintes, a atitude do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates – que ontem respondeu, informou e esclareceu a respeito de um comentário desta coluna sobre a inacreditável falta de regulação para a geração de energia eólica offshore (dentro do mar) – pode ser lida como uma certificação de qualidade do trabalho deste profissional. 

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No primeiro parágrafo de sua longa mensagem, Prates revela que é leitor diário desta coluna, e a ela transmitiu não apenas informações inéditas sobre a questão da falta da regulação offshore, mas o testemunho de quem governa a maior empresa estatal brasileira a respeito da longa e cordial relação profissional entre as duas partes – este colunista e o atual presidente da Petrobras, que foi senador e também secretário de Energia do Rio Grande do Norte, onde, antevendo o futuro que chegou, criou um fórum nordestino para o debate em torno das energias renováveis. 

Sob seu comando, o Rio Grande do Norte deu um salto gigantesco na geração de energia eólica e solar fotovoltaica, passando o Ceará, que foi o pioneiro na geração de energia pela força dos ventos.

Jean Paul Prates, que conhece de cor e salteado tudo o que se relaciona ao setor de energia do país, incluindo, naturalmente, a produzida pelos combustíveis fósseis, reconheceu, em sua mensagem, que o Brasil está mesmo atrasado nas providências relativas à regulação da geração de energia eólica offshore. 

Entre outras coisas, será a geração eólica offshore, por exemplo, que garantirá o Selo Verde aos projetos de geração do Hidrogênio no Hub do H2V do Pecém. Prates anunciou que a Petrobras, ela mesma, prepara-se para também investir em projetos de geração de energia no mar, entendendo que é dentro dele que o mundo já produz energia --vide a China e os países nórdicos.

Ratificando os comentários desta coluna, o presidente da Petrobras considerou que “é preocupante o atraso de que padecemos, como País, quanto à legislação de suporte e regulação destes segmentos”. 

Jean Paul Prates tem razão: é inconcebível que, a esta altura do campeonato do Hidrogênio Verde, o Brasil não tenha, ainda, uma Lei regulando a geração de energia no mar, algo que a Argentina, mergulhada em grave crise política, econômica e financeira, o Uruguai e o Chile já têm. 

Surge a pergunta: somos todos incompetentes ou é o estamento da política, com seus inconfessáveis interesses fisiológicos, que trava essa regulação, já elaborada pelo Ministério de Minas e Energia, que a mantém engavetada a serviço do lobby da indústria do gás, como denunciam à coluna empresários a favor da geração offshore? 

O engenheiro cearense José Carlos Braga, um consultor em energia, mandou à coluna algumas opiniões a respeito do tema. Ele escreveu:

“É evidente que o Ministério de Minas e Energia, os ‘políticos de peso’, a comunidade científica, a academia, os Faria Limer's (referência à rua de São Paulo onde se localiza a Bolsa de Valores B3) e as elites em geral já conhecem muito bem esses três corolários: 1) Combustíveis fósseis (petróleo, xisto, carvão etc) e usinas eletronucleares estão com os dias contados e serão extintos antes que suas reservas se esvaziem por uma questão de sobrevivência da biosfera – a vida na terra agoniza em velocidade assombrosa; 2) As energias renováveis, limpas, lideradas pelo H2V, já tomam o lugar na nova matriz energética mundial numa velocidade frenética; 3) O Brasil é a única geografia mundial que detém hoje as condições para ser o líder ambiental e energético do planeta, já neste momento.”

Braga acrescenta:

“Tudo isso está correndo sério risco de ser superado, neste país, pelos escusos interesses colonialistas, principalmente fomentados pelos que detêm o domínio das energias sujas poluentes, mas ainda altamente rentáveis, aliados aos países do Atlântico Norte e Oriente Médio, que não querem permitir que qualquer sítio do Hemisfério Sul ingresse no clube das nações ricas e prósperas.”

José Carlos Braga diz mais:

“Já está passando a hora de uma espécie de nova ‘Confederação do Equador’, em nível mundial, a ser liderada por nordestinos e brasileiros corajosos, fincando o pé naquilo que nos é de direito: mostrar, em menos de 50 anos, a verdadeira face de um Brasil transformador da miséria em riqueza para todos os seus cidadãos, sem distinção de região, raça, cor ou religião.

“Parafraseando John Rockefeller: ‘O melhor negócio do mundo daqui pra frente será H2V/Amônia bem administrados, e o segundo melhor será H2V/Amônia mal administrado.’"