Pecnordeste: é aconselhável ir devagar com o andor
Faec pensa em mudar para PecBrasil o nome de sua grande feira agropecuária. Poderá ser tiro no pé ou golpe de mestre

Tirso Meireles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo, participou pela primeira vez da Pecnordeste. Falando a esta coluna no sábado, no momento em que começava o Encontro das Mulheres do Agro – com 1.500 mulheres sentadas e outro tanto em pé ao redor do imenso auditório quadrilátero montado na Praça da Feira dos Municípios da maior feira indoor da agropecuária brasileira – Meireles não deixou por menos: “Eu nunca vi isto numa feira do agro”, disse ele, impressionado com tudo, “principalmente com a grandiosidade deste evento”. Ao seu lado, Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), promotora do evento, aproveitou o embalo para anunciar ao ilustre visitante:
“Em 2026, em vez de PecNordeste, teremos a PecBrasil, com a presença de produtores rurais de todo o país”.
Embora o santo da Pecnordeste não seja de barro, o bom senso aconselha que valerá a pena tomar cuidado com o andor no qual ele está fincado. De uma muito simples e pequena exposição que, há quatro anos, atraiu perto de 5 mil pessoas, a Pecnordeste, nos últimos 3 anos, transformou-se no maior acontecimento da agropecuária do Ceará e da região nordestina. Na verdade, ela é hoje a maior feira indoor (em ambiente fechado) do agro brasileiro. A última, realizada na semana passada, foi visitada por 100 mil pessoas.
A marca Pecnordeste, registrada em nome do Sistema Faec/Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, capítulo Ceará) vale, hoje, uma fortuna. Seu prestígio e sua fama têm atraído algumas das maiores empresas nacionais e estrangeiras, fabricantes de equipamentos e máquinas para os vários ramos da agropecuária – a Caterpillar, a Komatsu e a Cemag são três desses expositores.
A Pecnordeste já é um evento de porte nacional. Assim batizada no seu início há 28 anos e rebatizada desde quando Amílcar Silveira assumiu o comando da Faec e a turbinou com o apoio do Sebrae, da Fiec, do Governo do Ceará e do BNB, a Pecnordeste tornou-se grande pelo seu conteúdo, ao qual aderiram empresas e empresários daqui, dali e d’alhures.
A multinacional Komatsu, por exemplo, não mostraria seus tratores na Pecnordeste se essa feira fosse um evento amador, sem expressão e sem repercussão. Quem, na semana passada, de 5 a 7 deste mês de junho, viu a Pecnordeste com 30 mil visitantes por dia a frequentar seus estandes e até seus estábulos (houve um concurso leiteiro, com vacas 100 campeãs, cujo resultado – 5 mil litros de leite transformados em leite em pó – foi entregue pelo presidente da Faec à primeira-dama do Estado, D. Lia de Freitas) renovou e consolidou sua certeza de que o agro cearense é protagonista de um dos maiores acontecimentos do agro brasileiro.
Assim, trocar a marca Pecnordeste pela PecBrasil talvez seja um tiro no próprio pé. Mas – segundo disse à coluna um especialista em marketing – poderá ser um passo correto na direção de um alvo que, quem sabe, pode estar já mobilizando outras mentes brilhantes do agro em estados do próprio Nordeste.
O evento da Faec já decolou e, mais do que isto, alcançou altura e velocidade de cruzeiro – e tanto é verdade que as empresas expositoras deste ano de 2025 já manifestaram a intenção de expor de novo na Pecnordeste – ou PecBrasil? – de 2026. Isto é fruto da grande importância que o evento ganhou em nível regional e nacional.
CENTRO DE EVENTOS DO CEARÁ: VIRTUDES E DEFEITOS
Durante a Pecnordeste expuseram-se algumas virtudes e defeitos do grande Centro de Eventos que Cid Gomes e seu governo deram ao Ceará e à sua capital Fortaleza. Ele é maravilhoso sob todos os pontos de vista e cumpre os objetivos para os quais foi construído.
Porém, passado tanto tempo desde sua inauguração, ele mostra hoje alguns defeitos oriundos de falha de gestão. Por exemplo, durante a Pecnordeste faltaram toalhas de papel nos banheiros, onde alguns lavatórios e alguns sanitários não funcionaram por falta de manutenção, como disse um funcionários da Sectretaria de Turismo, administrador do equipamento.
Há problema, também, do lado de fora do Centro de Eventos: taxistas adulteram os taxímetros para explorar, principalmente, os turistas. Um deles, pernambucano de Recife, pagou no sábado, 7, R$ 25 pelo percurso entre o Centro de Eventos e o Shopping Iguatemi.
Sugestão: negociar o preço antes de entrar no táxi. Este colunista – por experiência própria – pode revelar que uma viagem de Uber, partindo do Centro de Eventos até um determinado ponto da Aldeota, custou R$ 15; a mesma viagem, em táxi, custou R$ 35. Incrível: no Centro de Eventos e aop seu redor, não havia fiscais da AMC. Nem do Detran. Nem da Polícia Rodoviária Estadual.
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