Encerrada ontem com a quebra de recorde de público – mais de seis mil pessoas por dia, visitando os estandes e participando dos cursos técnicos – e recorde de expositores e patrocinadores, a Pecnordeste 2022 foi um marco para a agropecuária cearense, que, nos últimos anos, tem crescido fortemente na fruticultura, na pecuária de leite, na floricultura, na cotonicultura, na carcinicultura, na apicultura e na meliponicultura e, ainda, consolidado suas atividades na avicultura e na horticultura, sendo que nesta os exemplos estão a concentrar-se na Serra da Ibiapaba.
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Para começar, a presença da governadora Izolda Cela na solenidade de abertura do evento (o último governador a fazê-lo foi Lúcio Alcântara, há 20 anos) foi entendida como o reconhecimento oficial da importância que a economia rural alcançou no Ceará.
E mais: a chefe do governo estadual, que compareceu acompanhado do seu secretário do Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, prometeu contribuir, e celeremente, para afastar os gargalos da burocracia estatal que ainda retardam os projetos da agropecuária, incluindo os da criação de camarão, uma atividade que, neste estado, na região do Jaguaribe, avança no ritmo do frevo e envolve 1.305 produtores, que trocaram a agricultura pela carcinicultura.
Ao contrário da indústria, que conta com um cardápio variado de incentivos fiscais, a agropecuária praticamente progride graças aos investimentos privados. É assim aqui, no Mato Grosso ou na Bahia. O Brasil tem hoje a mais avançada agropecuária do mundo, e o que ela produz em grãos, fibras e proteínas é consumido internamente e, também, no estrangeiro – as exportações do agro brasileiro destinam-se a mais de100 países, garantindo o superávit da balança comercial.
O Ceará está incluído nesse esforço produtor e exportador. A Agrícola Famosa, com fazenda de produção em Icapuí, no Leste do Ceará, é a maior produtora e exportadora mundial de melão e melancia, ocupando uma área de 8 mil hectares e dando emprego direto e formal a 8 mil pessoas.
O Ceará já exporta plantas e flores ornamentais, mel de abelha, óleos especiais produzidos pela Agropaulo em Jaguaruana, fios de algodão, tecido índigo, castanha de caju, lagosta, cera de carnaúba e muitos produtos extraídos do solo cearense. Resumindo: o agro cearense avança graças à melhor tecnologia que chegou e segue chegando por causa dos investimentos que fez e continua a fazer a iniciativa privada.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, ainda celebrando o êxito da Pecnordeste-2022, mantém os pés no chão do bom senso e, num aceno cordial às autoridades do governo Izolda Cela, declara-se aberto ao entendimento que leve ao melhor e mais rápido desenvolvimento da agropecuária estadual.
Silveira reconhece o apoio do secretário do Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, e do seu secretário Executivo do Agronegócio, Sílvio Carlos Ribeiro, e comenta que as poucas divergências existentes entre as partes estão convergindo para a busca das melhores alternativas de solução.
Mas o presidente da Faec aproveita para repetir a crítica de que, hoje, o governo do Estado mantém uma divisão no agro, pois em vez de juntar o setor numa só secretaria de Agricultura, sustenta dois entes públicos – a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (DAS), voltada para a agricultura familiar, e a Secretaria Executiva do Agronegócio, dirigida para a agropecuária empresarial.
“Essa divisão não é sensata. O agro no Ceará deve estar sob o abrigo de uma única Secretaria de Agricultura, e este é o apelo que nós, da Faec, estamos fazendo a todos os pré-candidatos ao governo do Estado nas eleições deste ano”, diz Amílcar Silveira.
Ontem, no encerramento da Pecnordeste-2022, compareceram os maiores empresários do setor, entre os quais Luiz Girão, Bruno Girão e David Girão, da Betânia Lácteos; Carlos Prado e Tom Prado, da Itaueira Agropecuária; Everardo Telles, da Agropaulo; Everardo Vasconcelos e Mardem Vasconcelos, da Tijuca Alimentos; José Antunes Mota, da Lacticínios Cambi; Gilson Gondim, produtor e exportador de flores e plantas ornamentais; Raimundo Delfino Filho e Delfino Neto, da Santana Têxtiles, que cultiva algodão na Chapada do Apodi; Edson Brok, da Nordeste Vegetais, que produz e exporta banana também na Chapada do Apodi; e Candice Rangel Trajano, maior criadora de gado Nelore do Ceará, além dos presidentes de todos os sindicatos rurais do Estado.
José Antunes Mota, presidente do Sindlacticínios, disse à coluna que “muitas empresas que não tiveram estande na Pecnordeste deste ano arrependeram-se, e agora já fizeram reserva de espaço para o evento de 2023, que terá mais do que o dobro da área deste ano”.
CARIRI CENTER FAZ PARCERIA COM ENERGIA 4.0
Um das grandes redes de supermercados da região Sul do Ceará, a Cariri Center celebrou contrato com a joint venture cearense Energia 4.0 (uma junção das empresas Soma Energia e H3 Solar) que lhe garantirá a energia necessária para o abastecimento de suas lojas, com economia.
Por meio da adoção da autoprodução de energia, compra de energia no mercado livre e eficiência energética, modelo oferecido pela Energia 4.0, a Cariri Center terá uma economia de cerca de R$ 1 milhão por ano.
A rede, que atua há oito anos no mercado caririense, tem oito lojas, quatro em Juazeiro do Norte, uma no Crato e outra em Missão Velha.
A partir de agora, todas terão como principal fonte de eletricidade uma energia limpa, que será gerada, gradativamente, nas próprias lojas, por meio da instalação de conjuntos de placas fotovoltaicas.
A iniciativa, aliada à migração para o mercado livre e à eficiência energética, trará uma economia de 30% na conta anual de energia da empresa.