Conselho transmitido pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Ricardo Cavalcante, aos pequenos produtores de lacticínios que se reuniram ontem, terça-feira, 11, na Fiec para ouvir palestras técnicas sobre como melhorar a qualidade dos queijos produzidos aqui, entre os quais o Muçarela, o do Reino e o de Minas:
“Organizem-se numa cooperativa de produção e, por meio dela, agreguem valor ao que vocês hoje produzem”.
Ricardo Cavalcante falou ao final da palestra do professor mineiro Múcio Furtado, doutor em Ciências de Alimentos pela Universidade de Michigan (EUA), que, durante 60 minutos, ministrou uma aula sobre as doenças que atacam a produção de queijos, principalmente nas pequenas queijarias, cujos donos desconhecem as mais novas tecnologias.
De acordo com o presidente da Fiec, o Ceará já dispõe de matéria prima de primeira qualidade – o leite – para a produção de queijos.
Alguns pequenos lacticínios já agregam valor ao que produzem, mas isto é pouco porque, “aqui perto, do outro lado do Atlântico, está o mercado africano ávido por alimentos de qualidade, e o queijo é um deles”, disse Ricardo Cavalcante, acrescentando:
“Uma indústria grande, média ou pequena só alcança o sucesso se utilizar a ponta tecnológica, agregando valor ao que produz. Para isto, há uma clara, barata e acessível solução: o cooperativismo”.
Ouvido com muita atenção pelos quase 50 laticinistas presentes ao evento promovido pelo Sindlacticínios, Ricardo Cavalcante disse que o Ceará tem matéria prima suficiente e mercado consumidor interno e externo disponível. E lhes assegurou que recorrer ao cooperativismo, “será a melhor saída para as suas angústias e problemas”.
Para facilitar as coisas, o presidente da Fiec garantiu o apoio da instituição e de seu Observatório da Indústria, que tem condições de, em curto espaço de tempo, elaborar e executar os projetos necessários à consecução do empreendimento.
Se houver sucesso, e as chances são de quase 100%, o Observatório da Indústria terá a sua merecida taxa de êxito; se o sucesso não vier, também não virá essa taxa, o que seria uma grande surpresa diante do já provado potencial de acerto da plataforma de dados da Fiec.
Ricardo Cavalcante disse que o Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiec também está disponível para viabilizar o acesso dos laticinistas cearense ao mercado externo, para o que, antes de tudo, as empresas interessadas – ou sua cooperativa – deverão estar equipadas com a melhor tecnologia para a produção de queijos.
Antecedendo a palavra de Ricardo Cavalcante, o PHD em Ciências de Alimentos, Múcio Furtado, falou sobre “as doenças do queijo”, citando a salmoura suja como uma das grandes vilãs. Também citou as “bactérias psicrotráficas”, que causam as manchas no queijo, algumas escuras, outras de coloração rosa.
De acordo com o professor Múcio, a produção do queijo tem nuances que precisam de ser observadas. Por exemplo: os Estados Unidos privilegiam a produção; a França e a Itália concedem privilégio ao produto, e aí está a grande diferença, algo que só é percebida na degustação dos queijos.
O presidente do Sindicato da Indústria de Lacticínios do Ceará, José Antunes Mota, que promoveu o evento de ontem na Fiec e que é o dono da Cambi, uma das boas marcas de lacticínios do Ceará, agradeceu as palavras do presidente da Fiec, e concordou com sua ideia da criação de uma cooperativa para unir pequenos produtores cearenses de queijo e para viabilizar o sonho de exportação do produto para o mercado externo, principalmente o da África.
José Antunes apelou, outra vez, às autoridades sanitárias do governo do estado e da representação local do Ministério da Agricultura no sentido de ampliarem e tornarem mais dura a fiscalização em torno de produtos lácteos procedentes de outros estados, principalmente do Pará, que chegam aqui sem qualquer certificação de controle de qualidade.