Otimismo toma conta dos debates sobre Hidrogênio Verde na Fiec

Professor da UFRJ e presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio Verde (ABH2), Paulo Emílio de Miranda diz na Fiec que o Brasil, "inclusive o Ceará", extrairá hidrogênio natural e renovável.

Legenda: Duna Uribe, diretora Comercial da CIPP S/A, apresentou no I Fórum Internacional de Hidrogênio Verde o potencial do Complexo Industrial e Portuário do Pecém para o Hub do H2V
Foto: Divulgação/CIPP S/A

Há muito otimismo animando todos os que estão envolvidos no projeto de instalação de um Hub de Hidrogênio Verde no Ceará. 

Aqui está um exemplo: nesta quarta-feira, 24, na abertura do I Fórum Internacional do Hidrogênio Verde, o presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), Paulo Emílio de Miranda, que é professor da UFRJ, disse que, num futuro não muito distante, o Brasil – “inclusive o Ceará” – extrairá hidrogênio natural e renovável.

Mas ele esqueceu de dar detalhes de como e quando isso acontecerá, deixando frustradas as cerca de 300 pessoas, a maioria empresários e executivos, que encheram o auditório da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), promotora do evento, que se prolongará até amanhã de forma presencial e virtual (estão inscritas 1.300 pessoas, algumas residentes em 15 países).

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Com injeção de otimismo na veia, o professor Miranda disse que as perspectivas do Hidrogênio Verde no Brasil e no mundo “é a melhor possível”, citando a redução dos custos de produção – pelo avanço das tecnologias – como fator primordial para a viabilização do Hub do H2V do Pecém, no Ceará. 

A partir da eletrólise da água e utilizando energias renováveis, como a eólica offshore (gerada dentro do mar) e a solar fotovoltaica, o Hidrogênio Verde será, efetivamente, a energia do Século 21, e tudo se dará em muito pouco tempo.

Antes de falar o professor Paulo Emílio Miranda, discursou o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, na opinião de quem “produzir Hidrogênio Verde não é uma opção, mas um imperativo”. 

Em seguida, falou o secretário do Desenvolvimento Econômico do Governo do Ceará, Maia Júnior, que ressaltou o espírito pioneiro e de protagonismo que, na área das energias renováveis, o Ceará mantém desde os anos 1970. “Fomos os primeiros a instalar a primeira usina comercial gerado de energia eólica”, lembrou ele.
 
O reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cândido Albuquerque, por sua vez, assegurou que, no que depender de sua academia, o Ceará tem todas as condições técnicas, tecnológicas e científicas para produzir Hidrogênio Verde. O reitor acrescentou que o esforço da UFC está lincado ao do Governo do Estado e ao da Fiec no sentido de transformar o Ceará numa referência mundial na produção do H2V.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, falando do seu gabinete de trabalho, em Brasília, destacou que o H2V “terá papel importante na descarbonização do planeta”, ressaltando que a região Nordeste tem vantagens comparativas em relação a várias partes do mundo. O ministro recordou que o Ceará é o pioneiro nas ações de geração de energias renováveis.

Por fim, o governador Camilo Santana, também pelo modo virtual, transmitiu sua mensagem de saudação aos participantes do I Seminário Internacional do Hidrogênio Verde, revelando que já assinou 12 Memorandos de Entendimento com igual número de grandes empresas mundiais interessadas em investir no Ceará na produção do H2V, devendo, nos próximos dias, assinar mais cinco desses documentos.

Depois dos discursos de saudação, realizou-se o primeiro painel técnico, do qual participaram o engenheiro Jurandir Picanço, coordenador do Comitê Técnico de Energia da Adece;  a secretária executiva de Indústria da Sedet, Roseane Medeiros; a diretora comercial da CIPP S/A, que administra o completo do Pecém e a ZPE do Ceará, Duna ribe; e o professor Fernando Nunes, da UFC.

Primeira a falar, Roseane Medeiros expôs todas as potencialidades de que dispõe o Ceará para investimentos privados, citando o Hub Aéreo, o Hub de telecomunicação (com 16 cabos submarinos conectando-se em Fortaleza) e o próximo Hub do H2v.

Jurandir Picanço falou em seguida e fez questão de acentuar a drástica redução dos custos de geração das energias renováveis: “Os custos da energia solar caíram 63% de 2014 para cá; os da energia eólica, 42%”, revelou. E prognosticou: 
“Em 2050, o Brasil terá os mais baixos custos de geração de Hidrogênio Verde no mundo”.
 
Dona Uribe, que representa o Porto de Roterdã na diretoria da CIPP S/A, transmitiu informações relevantes para os investidores que participam do seminário. Ela disse que a área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém é de 19 mil hectares. A esse complexo, Roterdã “aportou sua expertise, que está sendo e será importante para o Hub do Hidrogênio Verde.

Ela informou que daquela área do CIPP, 6.182 hectares pertencem à ZPE do Ceará, nos quais deverão ser construídas as indústrias que produzirão o H2V.

Concluindo o painel, o professor Fernando Nunes anunciou que a Universidade Federal do Ceará está tomando as providências para a instalação de um Centro de Pesquisa em H2V. E disse que a UFC já dispõe de um parque tecnológico e de 271 laboratórios para pesquisas, incluindo as relativas à produção do Hidrogênio Verde.