No agro machista, mulheres assumem o protagonismo no Ceará
Pecnordeste mostrou que tem crescido a participação feminina nas atividades da agropecuária cearense. E muitas já são fazendeiras.

Da 28ª Pecnordeste, que se encerrou sábado, 7, com o Encontro das Mulheres do Agro, ficaram várias certezas, uma das quais é a de que cresce na velocidade do xaxado a presença feminina nas atividades da agropecuária. Muitas dessas produtoras rurais são donas de fazenda, administrando o próprio negócio e dirigindo os trabalhos de homens e mulheres e até, literalmente, montando a cavalo para tanger bois.
A força, a leveza, a beleza e o fascínio das mulheres do agro do Ceará pela atividade que escolheram puderam ser vistos e aplaudidos no encerramento da Pecnordeste: o imenso auditório da Pecnordeste – na verdade, um quadrilátero com um palco no centro – tinha, totalmente ocupadas por mulheres, 1.500 cadeira, mas ao seu redor, enchendo toda a praça da Feira dos Municípios, havia outro tanto em pé.
O que poderia causar desconforto às que não estavam sentadas serviu-lhes de combustível para, durante uma hora, ouvir e aplaudir um dos seus ídolos – Waldonys, sanfoneiro, cantor, poeta, aviador, piloto de acrobacias aéreas, paraquedista e membro honorário da Esquadrilha da Fumaça da FAB. Ele, sua sanfona e sua afinadíssima banda deram o brilho que completou a festa.
Waldonys executou e cantou canções de grandes mestres da música nordestina, como Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Dominguinhos, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Flávio Leandro, Zé Ramalho, Fagner, Cecéu e Antônio Barros. Entre uma música, ele recitava um texto de sua autoria de exaltação ao amor e à presença da mulher na vida humana.
Antes de Waldonys subir ao palco, houve homenagens às mulheres produtoras rurais cearense, que ganharam do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), Amílcar Silveira, palavras de carinho, agradecimento e reconhecimento pelo que elas hoje representam para o agro do Ceará.
Esta coluna conversou com Rita Grangeiro, que produz coco e feijão verdes em sua Fazenda Grangeiro, em Paracuru. Ela disse que, na sua propriedade, “são as mulheres produtoras rurais que dão aquele toque mais sensível ao que produzem, e é por isto que nosso coco e nosso feijão são os preferidos do consumidor”.
Ela destacou que convive, diariamente, com homens e mulheres em sua fazenda, “e posso dizer que tanto eles quanto elas executam muito bem suas tarefas, mantendo um clima de total cordialidade nas suas relações pessoais e profissionais”.
Por sua, Candice Rangel – que é pecuarista no Cariri, onde tem a gestão de uma fazenda cujo rebanho é constituído por 3 mil cabeças de gado de corte da raça Nelore – disse que a agropecuária cearense tem progredido nos últimos 10 anos graças à participação da mulher “como peão, como produtora e como gestora de negócios”.
Candice afirmou que “esse avanço feminino em um ambiente majoritariamente machista é resultado do permanente treinamento proporcionado pelos técnicos do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) aos colaboradores das fazendas de produção”. Na sua opinião, é essa constante qualificação técnica do naipe feminino que tem incrementado a participação da mulher em todas as atividades da agropecuária do Ceará.
O Encontro das Mulheres do Agro prosseguiu durante toda a tarde de sábado, com palestras técnicas sobre vários temas ligados aos diferentes ramos da agropecuária.
"Todo essa programação tem um só objetivo: qualificar, ainda mais, as mulheres produtoras rurais para as variadas atividades da vida no campo", como disse Rita Grangeiro.
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