Na Chapada do Araripe, acontece uma revolução agrícola
Produtores mato-grossenses já adquiriram mais de 20 mil hectares na região, onde já cultivam soja e mandioca e onde cultivarão algodão dentro de 3 anos.

Há uma revolução acontecendo na agricultura da região do Cariri, mais localizadamente na chapada do Araripe, onde grandes produtores rurais de Mato Grosso já adquiriram 20 mil hectares de boas terras, cujo solo vem sendo muito bem tratado para produzir, inicialmente, mandioca e soja e, numa segunda etapa, algodão.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, não esconde seu otimismo, ao revelar que os mato-grossenses e, também, produtores cearenses deverão, nos próximos três anos, desenvolver diferentes culturas em 100 mil hectares caririenses.
De acordo com o que disse ontem à coluna o presidente da Faec, a produtividade da mandioca, na Chapada do Araripe, que não passa hoje de 8 toneladas por hectare, saltará para 30 toneladas por hectare, graças ao uso da melhor tecnologia para o tratamento do solo, o que já vem sendo feito, e para o próprio cultivo da soja e da mandioca.
“Esse salto de produtividade se dará por vários motivos, o primeiro dos quais é o cuidado com o solo, que está recebendo tratamento com calcáreo, uma vez que a mandioca – um tubérculo muito produzido e consumido no Nordeste – exige boa aplicação de cálcio e magnésio”, como explicou Amílcar Silveira. Ele esteve no Cariri na semana passada, acompanhando os projetos dos mato-grossenses, cuja presença tem incentivado não só a vinda de outros produtores do Centro Oeste do país, mas também de cearenses, que começam a enxergar na Chapada do Araripe a nova e importante fronteira agrícola do Ceará.
“Lá no Cariri, principalmente na Serra do Araripe, observa-se já a ativa presença de corretores de imóveis, oferecendo terras nos vários municípios da região, que, até aqui sem apoio do governo estadual, começam a ser invadidos por grandes produtores rurais de outros estados que veem lá boa chance de produzir soja, mandioca e algodão.
“A cultura algodoeira na Chapada do Araripe será consequência dos investimentos que estão sendo feitos agora para a produção de soja e mandioca. O cuidado com o solo, que está sendo revitalizado, deve ser visto como essencial para a cotonicultura, o que nos leva a estimar que, dentro de três anos, começarão a ser implantados os primeiros projetos do nosso programa ‘Algodão do Ceará’”, como prognosticou o presidente da Faec, referindo-se ao empreendimento que tem a participação da Fiec, do Sebrae e do Governo do Estado.
Amílcar Silveira faz uma revelação:
“Se nós conseguirmos, nos próximos três anos, alcançar a meta de produzir agricultura em 100 mil hectares na Chapada do Araripe, estaremos diante de um feito que merecerá celebração, e isto é perfeitamente viável diante da velocidade com que as coisas estão se passando lá, e tudo bancado por investimentos da iniciativa privada”.
Pergunta: de onde virá a água para irrigar os 100 mil hectares de área a ser ocupada pelas culturas de soja, mandioca e algodão na Chapada do Araripe? Resposta: a região do Cariri, incluindo toda a sua chapada, tem pluviometria média anual entre 800 e 1.200 milímetros. Assim, aquelas culturas serão desenvolvidas em regime de sequeiro, ou seja, com água da chuva.
“São terras excelentes, aguadas por chuvas que todo ano caem sobre a região. Não tenho dúvida do êxito da nova agricultura que se desenvolve hoje no Araripe e que se ampliará para as demais áreas do Cariri”, disse Amílcar Silveira.
O projeto Algodão do Ceará é uma prioridade do quarteto que o idealizou – Faec, Fiec, Sebrae e Governo do Estado. Ele tem como foco, além da Serra do Araripe, a Chapada do Apodi, onde, num esforço que merece elogio, o empresário Raimundo Delfino e sua Fazenda Nova Agro implementam um projeto de cotonicultura de alta tecnologia que ocupa hoje cerca de 1.500 hectares, que serão 2.500 se, e quando, a Enel garantir o fornecimento de energia elétrica em tensão permanente e não intermitente, como é hoje, o que causa a queima do mecanismo de seus pivôs centrais, resultando em alto prejuízo para a empresa.
Na Chapada do Apodi, há outro problema: a precariedade das estradas pelas quais é transportada a produção da agropecuária da região. Mas o Governo do Estado já renovou a promessa – feita há dois anos – de recuperá-las ao longo deste ano.
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