Nos últimos dias e até domingo, 27, outra grande data da democracia brasileira, o universo de quem trabalha e produz nas cidades cearenses de Fortaleza e Caucaia, nas quais haverá o segundo turno da eleição municipal deste ano, viveu e seguirá vivendo tensas e intensas emoções muito próprias da estação, que se repete de dois em dois anos. As eleições no Brasil deveriam acontecer de quatro em quatro aos – reduziria em mais da metade o gasto público com elas – e evitaria o que de novo está acontecendo: a baixa produtividade do serviço público, a começar pelos parlamentos, cujas sessões praticamente estão suspensas. Em 2026, ano de eleição do presidente da República, dos governadores, dos senadores e dos deputados federais e estaduais, tudo acontecerá outra vez. Daqui a dois anos, o triste Fundo Partidário – que na prática é uma montanha de dinheiro público para engordar as legendas partidárias e seus donatários – será mais uma vez turbinado pelo erário.
As eleições municipais deste ano, em alguns municípios do Ceará, principalmente em Fortaleza e Caucaia, tomaram surpreendentes rumos. Em Caucaia, já se imaginava o segundo turno, mas não entre os dois candidatos que o disputam agora. Por apenas oito votos, Waldemir Catanho (PT) venceu a concorrente do PSDB, Emília Pessoa, e está na disputa pela Prefeitura do Município com Naumi Amorim (PSD), que foi o vencedor do primeiro turno.
Mas é a eleição do futuro prefeito de Fortaleza que está mexendo – e põe mexida nisso – com os empresários, que acompanham de perto, usando todos os meios disponíveis, os eventos de cada um dos dois candidatos. Segunda-feira, 21, empresários da indústria, do comércio e da agropecuária reuniram-se e trocaram informações, comentários e ideias a respeito de pesquisas e projeções dos resultados.
O que mais chama a atenção desses empresários é o poder extraordinário de mobilização que exibem as duas forças antagônicas. Ambas são incansáveis, além de criativas. Pelas redes sociais essa criatividade se observa intensamente, pois cada lado mostra, quase de hora em hora, um fato novo, que pode ser o vídeo de um comício, de uma carreata, de uma concentração de pessoas em bairros diferentes da cidade ou o curto pronunciamento de um dos pretendentes à Prefeitura de Fortaleza, a quarta cidade do país.
Os empresários estão excitadíssimos, aguardando as novas pesquisas em torno da eleição de Fortaleza, que, pela primeira vez, atrai toda a atenção do mundo da economia e da política não apenas no Ceará, mas em todo o país. Parece que se trava aqui – e a grande mídia do Sudeste já o disse – uma batalha importante que terá grave e grande influência no próximo ano eleitoral de 2026.
Desses empresários cearenses esta coluna ouviu opiniões bem diferentes. Um aquicultor disse: “Ganhe quem ganhar, meus planos de investimento não mudarão, mesmo porque meu negócio está no interior do estado, e lá a situação já foi resolvida” Um fruticultor disse: “Tenho a mesma opinião. Moro em Fortaleza, mas meu título é de um município interiorano, onde o candidato de minha preferência foi o vencedor. Aqui em Fortaleza, sou só um torcedor, não eleitor.”
Um industrial importante, de fala rápida e raciocínio idem, confessou que também reside e vota em Fortaleza e que torce por um dos candidatos, mas frustrou os presentes com o seguinte argumento: “O voto é secreto, como diz a Lei. E eu sou muito obediente às leis de Deus e às dos homens.”
Resumindo: a campanha eleitoral está terminando, “graças a Deus”, como muita gente está dizendo. Ela não deixará saudades, porque, mais uma vez, as propostas dos candidatos para a saúde, a educação e segurança pública foram, lamentavelmente, substituídas por mensagens de ataques pessoais.
O eleitor irá à urna no próximo domingo sem saber como funcionarão, a partir de 1º de janeiro, os postos de saúde da cidade, mas conhecendo todos os defeitos pessoais do futuro prefeito de Fortaleza, seja ele quem for.