Missão do agro cearense está no Peru, que exporta US$ 10 bi em frutas

Em 25 anos, os fruticultores peruanos transformaram seu país num dos maiores produtores e exportadores mundiais de uva e mirtilo. Os cearenses querem copiar esse modelo.

Legenda: Mirtilo, fruta de alto valor agregado, que a serra da Ibiapaba produz, é o segundo produto mais exportado pela fruticultura do Peru.
Foto: Divulgação

Uma missão empresarial cearense, liderada pelo consultor Carlos Matos, está desde segunda-feira em Lima, no Peru, cumprindo uma programação toda ela dedicada a contatos com empresas e empresários da fruticultura peruana.

O Peru produz e exporta anualmente em frutas o equivalente a US$ 10 bilhões; as exportações de frutas do Brasil não passam de US$ 1 bilhão. 

O time cearense, do qual fazem parte o secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Sílvio Carlos Ribeiro, e o superintende do Senar-Ceará, Sérgio Oliveira, abriu sua programação reunindo-se com a Properu, a agência que promove e incentiva as exportações peruanas. 

O esforço exportador daquele país andino começou há 25 anos com uma mudança importante no texto de sua Constituição, que reconheceu a propriedade privada na zoina rural, beneficiando milhares de pequenos agricultores. 

Ao longo desses cinco lustros, as vendas das frutas peruanas para o mercado internacional foram sendo multiplicadas.

A fruta mais exportada pelo Peru é a uva, com vendas que hoje chegam a US$ 1,5 bilhão; o mirtilo vem em seguida, com US$ 1,4 bilhão. As exportações de uva deverão crescer neste ano e em 2024, porque o governo do Peru acaba de abrir o mercado japonês para o seu produto.

Em seguida, a missão cearense reuniu-se com a Procitrus, uma associação que reúne empresas produtoras e exportadores de laranja, limão e tangerina, cuja produção ocupa 80 mil hectares, dos quais 11 mil são cultivados por associados da entidade.  
 
Ontem, houve um encontro com uma executiva brasileira que é diretora de compras de uma das grandes redes de supermercados do Peru, com 900 lojas, que abriu negociações para a possibilidade de importação de produtos cearenses – agrícolas e industriais. 

Também houve reunião com diretores da Provid, a entidade peruana que congrega 25 produtores de uva que operam uma área de 22 mil hectares.

Em mensagem a esta coluna, Carlos Matos informou que os fruticultores peruanos não aumentaram a área plantada, mas cresceram em produtividade graças a inovações tecnológicas, permitindo o desenvolvimento de novas variedades de uva. 

E o futuro é promissor para os fruticultores do Peru: está perto de ser inaugurado um novo porto marítimo, construído pela parceria da chinesa Cosco Shipping com a Volcan, uma mineradora peruana. Com esse porto, de grande profundidade, os navios, que hoje levam até 46 dias para navegar do Peru à China, levarão apenas 23 dias, pois serão eliminadas as escalas de transbordo na Califórnia e no México. Assim, as viagens serão diretas.

A missão empresarial cearense é integrada por Carlos Matos – CEO da Trainer Dg, organizadora da viagem; Silvio Carlos  Ribeiro – secretário executivo do agronegócio do governo do Ceará; Sérgio Oliveira, superintendente do Senar-Ceará, representando a Federação da Agricultura (Faec); deputado Felipe Mota – da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa; Alcides Bonella, maior produtor de abacate do Brasil; Elmo Monte, prefeito de Varjota; Luiz Felipe Santiago, gerente Executivo do Projeto de Irrigação Jaguaribe-Apodi; e Oswaldo Yamanishi, especialista em produção de mirtilo e abacate.

Os cearenses estão sendo acompanhados pela Adida Comercial da Embaixada do Brasil no Peru, Ângela Peres.

A programação da missa empresarial do Ceará prossegue nesta quarta-feira.

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