Mercados mundiais voltam à normalidade. É o que parece hoje
Bolsas europeias abriram em alta nesta sexta-feira. As da Ásis fecharam no positivo. Xi Jiping visitará a Rússia. Economista não acredita no arcabouço do governo. Ações de bancos sobem na B3
Ontem, foi um dia de boas notícias nos mercados financeiros do mundo, inclusive no Brasil, tudo porque tiveram efeito positivo as medidas de socorro ao banco Credit Suisse, a segunda maior instituição financeira da Suíça e um dos mais importantes bancos europeus.
Na véspera, suas ações haviam desabado até quase 30%, assustando as bolsas de valores dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia.
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Na quinta-feira, o Credit Suisse anunciou que aceitará o empréstimo de até US$ 54 bilhões que lhe foi ofertado pelo Banco Central da Suíça, e isto causou a retomada do valor de suas ações.
Também acalmou o mercado a notícia de que o Credit Suisse poderá fundir-se com o UBS, outra gigante instituição financeira do país helvético.
Além disso, nos Estados Unidos, 10 bancos norte-americanos uniram-se para salvar o First Republic, que também entrara em colapso na quarta-feira. Foi uma ação rápida e eficiente, que afastou os temores de mais uma crise grave.
Os mercados estão cientes de que há, neste momento, uma turbulência financeira localizada, agravada pelo aperto monetário, ou seja, pela alta dos juros.
Ontem, o Banco Central Europeu aumentou em mais 0,50% as taxas de juros da economia continental. Na próxima semana, o Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, deverá, também, subir os juros em 0,25%, de acordo com as previsões do mercado, para o qual também existe a hipótese de os juros permanecerem nos níveis atuais.
As bolsas de valores da Europa abriram em alta nesta sexta-feira. As da Ásia fecharam o dia de hoje também no terreno positivo.
A Bolsa de Valores brasileira B3 fechou ontem em lalta de 0,74%, aos 103.435 pontos, enquanto o dólar caiu 0,70%, fechando o dia cotado a R$ 5,29. A B3 seguiu o movimento das bolsas norte-americanas e europeias, que fecharam em alta, depois de uma quarta-feira de prejuízos e muita preocupação.
Por causa das boas notícias vindas do estrangeiro, as ações dos grandes bancos brasileiros subiram ontem, o que reduziu a queda da Bolsa B3.
Os papeis preferenciais do Bradesco subiram 2,81%, enquanto os ordinários cresceram 1,52%. As ações do Banco do Brasil, do Itaú e do Santander subiram também mais de 1% no pregão de ontem.
Valorizaram-se, também, as ações dos grandes frigoríficos nacionais. Por quê? Porque sugiram casos de gripe suína africana na China, o que abre a perspectiva de aumento das exportações de carne de frango para o mercado chinês. As ações da JBS, por exemplo, subiram 3,79% e as da Marfrig aumentaram 3,35%.
Enquanto isso, segue a expectativa em torno do novo arcabouço fiscal, espécie de plano de voo econômico do governo do presidente Lula. Mas antes mesmo de ser divulgado, o que acontecerá na próxima semana, antes da viagem de Lula à China, o arcabouço já recebe críticas.
O economista Marcos Mendes, doutor pela USP e pesquisador do Insper, disse ontem que a proposta elaborada pelo ministério da Fazenda será “uma coisa bonitinha”, mas não causará efeitos positivos.
Ele argumentou da seguinte maneira: “Não dá para esperar um arcabouço consistente de um governo que acredita que precisa gastar mais para crescer”.
O novo arcabouço está sob análise da Casa Civil do governo, que conta com a ajuda de técnicos dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio. Estima-se que até a próxima quinta-feira ele seja publicado.
E a Lei das Estatais, que impõe uma longa quarentena aos políticos que indicados para a direção de empresas controladas pelo governo da União e dos estados, foi modificada ontem por decisão monocrática do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal.
Pela decisão de Lewandowski, políticos, integrantes de partidos políticos ou pessoas que que atuaram em eleições podem ser nomeados diretores de empresas estatais, como a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa, o BNDES e os Correios.
A decisão já está valendo, mas ainda será submetida ao plenário do STF em data ainda não marcada. Isto quer dizer que foi aberta a porteira para a entrada de políticos nas diretorias das estatais, e esta é uma má notícia.
Uma notícia que vem do exterior: o presidente da China, Xi Jiping, visitará a Rússia nos próximos dias 20, 21 e 22 deste mês, isto é, na próxima semana. A visita do presidente chinês acontecerá no exato momento em que se deterioram as relações diplomáticas, comerciais e políticas da Rússia com os Estados Unidos e a Europa por causa do prolongamento da guerra na Ucrânia.
Antes de viajar a Moscou, Xi Jiping tem repetido que é preciso estabelecer um cessar fogo na Ucrânia para que russos e ucranianos possam sentar-se à mesa e negociar um acordo de paz.
Mas a decisão do presidente chinês de ir, pessoalmente, à Rússia, é vista no ocidente como um gesto de apoio ao presidente russo Vladimir Putin, por ordem de quem prosseguem os bombardeios às cidades ucranianas.
Eis aí um novo ingrediente para aquecer essa guerra, que já dura mais de um ano.