Maia Júnior: "Há cearenses que torcem contra o progresso do Ceará"

Ex-secretário e, também, ex vice-governador do estado, aposta nos projetos de produção do Hidrogênio Verde no Pecém

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 06:13)
Legenda: Os minerais raros encontrados em Jaguaribe e Aracoiaba devem ser explorados por empresas competentes, diz Maia Júnior
Foto: Arquivo pessoal / DCL Minerais
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Ex-vice-governador e ex-secretário de Infraestrutura e do Desenvolvimento Econômico do governo do estado, o engenheiro Maia Júnior é hoje um consultor empresarial que acompanha, com lentes de lupa, o desempenho da economia local, regional e nacional com olhos e ouvidos atentos à cena global, que é hoje tão dinâmica quanto a política.  

Na sua opinião, o mundo está diante de três vertentes: 1) a transição energética, com destaque para o hidrogênio verde, a amônia e as energias renováveis; 2) a transformação digital, com a rapidíssima ascensão dos Data Centers, que serão intensivos consumidores dessas novas energias; e 3) os minerais existentes nas terras raras, que serão a base de consumo dos itens 1 e 2.  

Maia Júnior, um engenheiro com todas as suas antenas ligadas nos atos e nos fatos econômicos, transmite a esta coluna uma informação importante: o Ceará, na geografia dos municípios de Jaguaribe e Aracoiaba, dispõe de reservas dessas terras raras, nas quais há bons estoques de lítio, mineral utilizado na fabricação de baterias para veículos automotores, notebooks e smartphones. Ou seja, “o Ceará está bem na foto, mas poderá ficar mais bem posicionado se souber aproveitar logo a oportunidade para explorá-los”, como ele disse à coluna com o olhar e o sorriso de quem torce para que essa exploração seja feita “por empresas competentes”. 

De acordo com Maia Júnior, o Ceará está perdendo tempo ao postergar, por mais tempo ainda, o início da exploração do urânio fosfatado da mina de Itataia, na zona rural do município de Santa Quitéria.  

“Estou falando de um presente da natureza ao Ceará e, principalmente ao Brasil, que hoje importa 90% dos fertilizantes de que precisa sua moderna agricultura. O fosfato de Itataia, matéria prima para a produção de fertilizante, dará ao país autossuficiência nesse setor, reduzindo nossos gastos com a importação desse mineral”, afirmou Maia Júnior, referindo-se ao empreendimento que, quando estiver implantado, produzirá 2.300 toneladas de urânio por ano e 1,050 milhão de toneladas de fosfato. O projeto, que aguarda o licenciamento do Ibama, enfrenta, por questões ideológicas, protestos contrários de entidades ambientalistas e de partidos políticos de esquerda. 

Declarando-se um apaixonado pelo Ceará, pela sua economia e, essencialmente, “pelos cearenses, um povo inteligente, trabalhador e, também, modelo de empreendedor”, ele mantém permanente e estreito contato com as principais lideranças empresariais do estado, tanto na indústria, quando na agropecuária e no comércio, ouvindo deles opiniões e comentários acerca do que se desenrola aqui em todas as áreas da atividade econômica.  

E sobre o cenário da política cearense? - indaga a coluna. Maia coça a cabeça, silencia por alguns segundos, mira os olhos na direção do horizonte e arrisca: 

“Acho, pelo que ouço, que serão muito animados e emocionantes os próximos meses. Não sou mais um protagonista da cena política, mas apenas um coadjuvante bem-informado, e nesta condição ouso dizer que a expectativa é excitante pela intensa movimentação dos atores interessados na eleição de 2026, para a qual, aliás, convergem todos os olhares não apenas aqui, mas no país como um todo”. 

Focado prioritariamente na economia cearense, Maia Júnior dobra sua aposta nas energias renováveis e nos projetos de implantação do Hdrogênio Verde (H2V) no Complexo do Pecém, que ele, pessoalmente, ajudou a implantar ao longo dos últimos 30 anos. Ele diz que são desinformados ou mal-intencionados os que, com argumentos variados, se posicionam contra o H2V, repetindo mesmo discurso usado quando foram lançados os primeiros projetos de geração de energia eólica.  

“O Hidrogênio Verde é irreversível e chegará ao Ceará mais cedo do que se imagina”, sentencia o ex-secretário Maia Júnior, fazendo questão de citar a australiana Fortescue e a brasileira Casa dos Ventos, ambas com projetos prontos para a implantação de unidades industriais em Pecém, como bons exemplos da viabilização desses empreendimentos.