A Bolsa de Valores brasileira B3 fechou ontem em nova queda, desta vez um recuo de 2,58%, aos 110.243 pontos. O dólar, por seu turno, fechou cotado a R$ 5,38, uma alta de 1,55%.
A queda da Bolsa teve motivação externa – as bolsas dos EUA e da Europa também encerraram o pregão em baixa – e interna ligada às incertezas da política econômica do futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Para começar, foi oficializada a notícia de que as despesas com o Bolsa Família, hoje chamado de Auxílio Brasil, ficarão mesmo fora do teto de gastos. Será uma despesa que ainda não está prevista no orçamento de 2023.
O mercado financeiro indaga como esse gasto excepcional de R$ 175 milhões/ano será incluído na Lei de Meios do país ao longo dos próximos quatro anos? Essa despesa terá consequências, uma das quais será o aumento da dívida e, também, da inflação.
Há informações desencontradas sobre quem será o futuro ministro da Fazenda. Como Fernando Haddad está na Cop27, no Egito, integrando a comitiva do presidente eleito Lula, especula-se que será ele o substituto de Paulo Guedes na condução da economia do país. Até agora, Lula não deu uma só pista de quem ocupará o ministério da Fazenda.
Ontem, no balneário de Sharm el-Sheikh, o presidente eleito confirmou que criará o Ministério dos Povos Originais, que já está sendo chamado de Ministério dos Indígenas.
O que há mesmo, neste momento, são incertezas. Uma delas diz respeito à política fiscal. Circulam com mais força informações de que Lula pretende criar duas novas alíquotas para o Imposto de Renda. Hoje, a alíquota máxima é de 27,5%.
As novas alíquotas seriam de 30% e de 33%, com o que seriam atingidos duramente a classe média e, principalmente, os mais ricos. A receita proveniente dessa majoração seria a contrapartida pela isenção da tabela do Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil por mês, promessa de campanha de Lula.
Essa proposta é difícil de negociar porque falta tempo para isso, uma vez que o recesso do Congresso se aproxima, razão pela qual já se fala que o debate sobre a proposta ficará para 2023.
O ministro Paulo Guedes advertiu que, se essa isenção for concedida, só 20% dos contribuintes pagarão Imposto de Renda.
No pregão de ontem da B3, as ações da Embraer subiram 10%, e a causa foi a notícia, divulgada aqui há dois dias, segundo a qual o BNDES aprovou a concessão de um financiamento de R$ 2,2 bilhões para as exportações dos aviões fabricados pela empresa, que é a terceira maior fabricante mundial de aeronaves.