Imbróglio no BNB preocupa lideranças empresariais do Ceará

Tradicionalmente, e por muitos anos, a troca de comando do banco restringiu-se à troca de um economista por outro. Mas a política mudou tudo. Leia mais: 1) S. Francisco: a expectativa; 2) H2V: as vantagens do Ceará: 3) O agro segue líder

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 06:55)
Legenda: O Banco do Nordeste precisa de retornar às páginas de economia da imprensa
Foto: Kid Júnior
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Preocupadas, as lideranças do empresariado cearense seguem acompanhando a novela política em que se transformou o que deveria ser uma simples providência da burocracia oficial: a substituição do presidente do Banco do Nordeste (BNB).

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Tradicionalmente, e por muitos anos, esse evento restringiu-se à troca de um economista por outro. Os tempos mudaram e, hoje, a política invadiu o espaço técnico da única agência de fomento da região nordestina, onde vive um terço da população do país.

É pela política – e por meio dos seus agentes – que se fazem, ou se deixam de fazer, os arranjos institucionais próprios da democracia. Infelizmente, não é o melhor da política que, neste momento, tenta buscar uma solução para o imbróglio do BNB, que já foi espaço de trabalho dos melhores cérebros nordestinos – nessa época, o Banco do Nordeste e seu Etene eram uma autêntica universidade.

Ontem, segunda-feira, à noite, esta coluna ouviu dois líderes empresariais, que, pedindo o anonimato, convergiram para o mesmo ponto de vista com algumas perguntas: 

Por que tanto interesse dos políticos pelo comando do BNB? Será pelo controle dos recursos do FNE para 2022, previstos em aproximadamente R$ 30 bilhões? Ou será pela gestão do Crediamigo, outra montanha de dinheiro que pode render bons dividendos em um ano eleitoral? 

O BNB precisa retornar às páginas da economia.

HUB DO H2V: PRADO APONTA VANTAGENS DO CEARÁ

Carlos Prado, vice-presidente da Federação das Indústrias do Ceará e fundador da Itaueira Agropecuária e da Ceará Máquinas Agrícolas (Cemag), gostou de saber que do etanol brasileiro poderá ser, também, produzido o Hidrogênio Verde.
 
Ele, porém, mantém sua aposta no projeto do Hub do H2V que o Governo do Estado, em parceria com a iniciativa privada e a academia, trabalha para implantar na área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém.

Em mensagem a esta coluna, comentando a matéria que aborda o Hidrogênio Verde a partir do etanol, Carlos Prado explica:
“As vantagens que o Ceará oferece (para a produção do Hidrogênio Verde) são destacadamente superiores. 

“O Ceará é o único Estado com uma ZPE (Zona de Processamento para Exportação) em pleno funcionamento. É o que oferece as melhores e mais seguras vantagens fiscais. É o Estado que dispõe de grande área dentro da ZPE, legalizada e pronta para ser ocupada por vários projetos de produção do H2V.

“O Ceará tem um porto de grande calado, operando dentro da ZPE. O Estado produz energia Eólica e Solar, servindo de base para os novos projetos já encaminhados, principalmente ‘offshore’ (dentro do mar).

“Além disso, tem linhas de transmissão de energia existentes e projetadas; tem, no interior da ZPE, uma grande usina produtora de Nitrogênio, necessário para a produção de amônia (NH3).
 
“Já celebrou Memorandos de Entendimento com empresas sólidas e líderes mundiais no setor e com capital próprio para investir.

“E, para terminar, desenvolve um trabalho integrado pelo governo, por empresas e pelas universidades, e ainda dispõe da estratégica parceria societária com o porto de Roterdã, que será a entrada do H2V na Europa.”

S. FRANCISCO: CLIMA DE EXPECTATIVA

Tomará boa, oportuna e correta providência o Ministério do Desenvolvimento Regional, se vier mesmo a retomar o bombeamento das águas do Projeto São Francisco para o lado cearense do seu Canal Norte, que está suspenso desde setembro do ano passado.
 
Todos os 20 m³ bombeados hoje estão sendo transferidos para o Estado da Paraíba e do Rio Grande do Norte, enchendo as barragens que integram o Projeto S. Francisco.
  
O MDR entende como positivo o fato de que o rio Salgado já está correndo cheio de margem a margem, o que facilitará –dando mais velocidade – a viagem das águas do São Francisco desde a barragem do Jati até o açude Castanhão.

No Governo do Ceará, o clima é de positiva expectativa, ou seja, a aposta é no sentido de que o bombeamento será retomado nos próximos dias. 

SUPERÁVIT NA BALANÇA COMERCIAL

Foi de US$ 61 bilhões o superávit da balança comercial brasileira (exportações x importações).

Apesar de toda a campanha que, ao longo do ano, foi feita, aqui e além das fronteiras nacionais, contra, principalmente, o agronegócio do Brasil.

O dólar alto ajudou as exportações e prejudicou as importações, é verdade. 

Mas é, também, verdade que o agro brasileiro puxou para cima esse saldo comercial, impondo-se, novamente, como o mais eficiente do mundo, graças à alta tecnologia empregada, ao talento dos seus empresários e à dedicação de seus colaboradores.

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Há algo ininteligível. Hotéis e pousadas de Fortaleza estão a exigir de cada hóspede o passaporte de vacinação.

Algo que não é exigido nos shoppings centers nem nos supermercados, nem nos templos cristãos, nem nos ônibus e muito menos nos trens do metrô.

Cabem duas perguntas: 1) Por que essa perseguição à rede hoteleira; 2) Esse passaporte tem mesmo alguma importância?

ARCE AUTORIZA CAGECE A AUMENTAR TARIFAS

Colaboração cearense para a inflação de 2022: no dia 30 deste janeiro, começará a valer a nova tarifa da Cagece para seus serviços de água e esgoto, que subirão 6,69% tanto em Fortaleza quanto nas 151 outras sedes e distritos municipais atendidos pela empresa.

A majoração foi aprovada pela Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Ceará – a Arce - e valerá para consumidores pobres, ricos e remediados.

De acordo com informação da Cagece, a nova tarifa embute o aumento dos custos operacionais e a necessidade de continuar garantindo o equilíbrio econômico-financeiro da companhia, a operação dos sistemas, bem como manutenção e expansão e melhoria dos serviços prestados à população.